Na mais recente edição do programa Entrevista com Attuch, transmitido pela TV 247, o presidente do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, ofereceu uma análise abrangente e contundente sobre o atual cenário político brasileiro, com destaque para as eleições municipais e o avanço do bolsonarismo. Sua participação, marcada por um tom crítico e direto, confrontou as narrativas predominantes na mídia tradicional e trouxe à tona questões centrais para a esquerda.
Desde o início da entrevista, Rui Costa Pimenta desafiou a visão amplamente difundida pelos grandes meios de comunicação, que alegaram o fim da polarização no país após o resultado das eleições municipais. Segundo a mídia capitalista, o fortalecimento do chamado “centrão” seria um sinal de que os extremos representados por Bolsonaro e o PT perderam força, o que indicaria um novo equilíbrio político no país.
Rui desmentiu essa interpretação, classificando-a como uma “manipulação dos fatos” por parte da imprensa. Para ele, não há qualquer indício real de que a polarização tenha terminado. Pelo contrário, o crescimento do bolsonarismo nas urnas reforça a continuidade dessa disputa. “Se a polarização tivesse acabado, Bolsonaro teria saído derrotado dessas eleições, o que não aconteceu. Ele foi o grande vencedor. Isso prova que a narrativa da mídia é, no mínimo, forçada”, afirmou.
Outro ponto de destaque na análise de Rui foi sua crítica ao centrão, descrito como um “Pântano Político”. Para ele, esse grupo, que inclui partidos fisiológicos e oportunistas, é um resultado do apodrecimento do sistema político brasileiro. Rui destacou que o centrão não representa uma terceira via, mas sim uma força que se apoia em máquinas eleitorais locais para se manter no poder. “O centrão sempre se beneficia do controle eleitoral regional, principalmente nas eleições municipais, onde a máquina política e o controle de currais eleitorais têm um peso enorme”, observou.
Rui também fez duras críticas ao desempenho do PT nas eleições, considerando-o “catastrófico”. Segundo ele, o partido errou ao apostar em Guilherme Boulos em São Paulo e, de modo geral, ao não lançar candidatos próprios em capitais importantes. Para o presidente do PCO, a aliança com Boulos foi uma violação dos princípios do partido, que acabou prejudicando o PT ao associar-se com uma candidatura que ele considera problemática. “Muitos eleitores não conseguiram engolir a candidatura de Boulos, e os votos nulos mostram claramente essa insatisfação”, argumentou.
Além disso, Rui destacou a crise do PSDB, partido que, historicamente, representava o outro polo da polarização contra o PT. Com seu resultado pífio nas últimas eleições, especialmente em São Paulo, o PSDB mostrou que “praticamente evaporou do cenário político”. Para ele, os dirigentes do partido devem estar considerando fusões ou alianças para tentar sobreviver.
Outro tema recorrente na análise de Rui foi a perda de força da esquerda em geral, especialmente do PT, que, na sua visão, se afastou de suas bases populares ao tentar construir alianças com o centrão. Ele apontou que a esquerda, ao não se mobilizar adequadamente, está cedendo cada vez mais espaço ao bolsonarismo, que segue crescendo, especialmente entre setores populares.
Rui também criticou a comemoração de algumas vitórias eleitorais pela esquerda, como a de Eduardo Paes no Rio de Janeiro, que, segundo ele, não representa de fato uma vitória progressista. “O PT está comemorando a eleição de um direitista como se fosse uma conquista da esquerda, o que é uma ilusão. Isso desarma politicamente as pessoas e cria uma falsa sensação de avanço”, afirmou.
Para ele, o crescimento do bolsonarismo é inegável, e o fato de muitos analistas tentarem minimizar essa realidade só contribui para a desmobilização da esquerda. Rui alertou que, caso não haja uma mudança radical na estratégia do PT e da esquerda em geral, o bolsonarismo pode “tomar conta do regime político totalmente”, colocando em risco não apenas as eleições de 2026, mas todo o futuro político do país.
Além da análise do cenário nacional, Rui Costa Pimenta também discutiu o cenário internacional, trazendo à tona a questão palestina e o conflito em Gaza. Ele destacou o impacto da operação de resistência palestina, que completou um ano, como um marco na luta contra o imperialismo, enfatizando que a resistência palestina desmascarou as acusações feitas por Israel de que os palestinos teriam matado civis durante o ataque. “Documentos israelenses provaram que foi o próprio exército de Israel que atirou indiscriminadamente, matando reféns e palestinos”, destacou.
Rui classificou a operação como um “ponto de virada”, afirmando que, desde então, a crise do imperialismo se aprofundou, e Israel se mostra cada vez mais como uma “sociedade em decomposição”. Para ele, o colapso de Israel seria um golpe mortal no imperialismo, especialmente no Oriente Médio, e isso explica a postura agressiva dos Estados Unidos e seus aliados em relação ao conflito.
Ao final da entrevista, Rui Costa Pimenta fez uma convocação clara para a mobilização contra os líderes do imperialismo que estarão reunidos no G20, que acontecerá no Rio de Janeiro em novembro. Segundo ele, essa é uma oportunidade para a população brasileira se posicionar contra os crimes cometidos por esses governos, especialmente no Oriente Médio.
“Esses criminosos responsáveis pela morte de milhares de palestinos estarão no Rio de Janeiro, e nós temos que mostrar que o povo brasileiro rejeita profundamente o que está acontecendo em Gaza”, afirmou. Ele também anunciou que o PCO está organizando uma grande mobilização contra o G20, com caravanas saindo de várias partes do país para o protesto no Rio.
A entrevista foi um chamado à ação, deixando claro que a esquerda precisa se reorganizar urgentemente se quiser enfrentar o avanço do bolsonarismo e os desafios que virão nas próximas eleições.





