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Colômbia

Em crise, Petro readmite militar direitista em seu governo

Governo esquerdista moderado está na rota dos prováveis futuros golpes de Estado na América Latina

Em meio à crise no sudoeste da Colômbia, o presidente Gustavo Petro demite comandante do exército. Pressionado pelo imperialismo e pelas guerrilhas colombianas, o governo central enfrenta uma escalada de violência entre as forças repressivas do Estado e os guerrilheiros.

O Estado-Maior Central (EMC), grupo dissidente das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), cercaram, no dia 20 de maio, a delegacia do município de Morales (no departamento de Cauca), matando dois policiais e outras duas pessoas que estavam detidas no local, segundo o Ministério da Defesa colombiano. Outras duas localidades, segundo o Ministério, teriam registrado atividades do mesmo grupo.

O atual conflito se iniciou após as negociações do governo Petro com os grupos guerrilheiros ainda em atividade na Colômbia, que ocorreu em 2023. No que concerne ao EMC, o acordo de cessação de hostilidades foi realizado apenas com a ala majoritária do grupo, que possui uma organização pouco centralizada. A ala que não foi chamada para a mesa de negociações vem rompendo o cessar fogo bilateral estabelecido pelo governo e o Estado-Maior Central (EMC).

Quem é o EMC

O Estado Maior Central (EMC) é um dos grupos dissidentes das FARC-EP, classificados pelo governo colombiano como Grupos Armados Organizados Residuais (GAOR). São organizações insurgentes armadas formadas inicialmente por antigos combatentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exército do Povo (FARC-EP), cujos membros não aceitaram o acordo de Havana, firmado em 2016 entre o governo colombiano e as FARC-EP. Sendo assim, as forças dissidentes mantiveram a convicção na luta armada e se reorganizaram em novos grupos que mantêm forte presença no conflito armado interno da Colômbia.

Inicialmente, os Grupos Armados Organizados Residuais não eram politicamente reconhecidos pelo governo colombiano nem pelo Partido Político Comunas, formado por ex-guerrilheiros das FARC-EP que se desmobilizaram e se reincorporaram à vida civil. No entanto, o governo de Gustavo Petro vem desde 2023 realizando negociações de cessar-fogo entre os grupos guerrilheiros e o Estado colombiano.

Com o avançar das negociações entre o governo Petro e os grupos guerrilheiros, a ala minoritária do EMC foi excluída das negociações com o governo pela ala majoritária. Essa movimentação resultou no não aceite das negociações, levando a escalada de violência que vemos hoje.

“A ofensiva […] é total”

O presidente Gustavo Petro qualificou as ações do Estado Maior Central como “ataques terroristas” e afirmou que “a ofensiva contra o EMC em Cauca é total”. É justamente na esteira dessa declaração de “ofensiva total” que o antigo comandante do exército colombiano, Luis Mauricio Ospina, foi demitido. Em seu lugar, Gustavo Petro nomeou o general aposentado Luis Emilio Cardozo Santamaría. Em seus mais de 35 anos de experiência no exército, o General Cardozo foi chefe dos Comandos da Divisão de Aviação de Assalto Aéreo e de Engenheiros Militares, além de comandante da Oitava Divisão, que opera no Leste do país.

Ironicamente, Petro traz para a cúpula das forças armadas um militar afastado por ele mesmo após sua eleição em 2022, onde buscava desligar das forças armadas os militares mais direitistas, que poderiam mais facilmente colocar seu governo sob o perigo de um golpe. Tendo em vista que Petro, apesar de ser extremamente moderado em sua posição, é um político de esquerda, a retirada de militares potencialmente golpistas foi uma saída política inteligente, se antecipando a um tipo de golpe tipicamente aplicado contra os governos de esquerda na América latina. Outro agravanteé que a Colômbia é um país tradicionalmente governado por forças de direita, sendo Petro o primeiro presidente declaradamente de esquerda no País, uma situação de extrema fragilidade, em especial num momento em que o imperialismo norte-americano enfrenta reveses na Europa e Oriente Médio.

Nesse momento de crise política, a reefetivação do general Santamaría representa uma guinada à direita na política do presidente Gustavo Petro. Se antes buscava se afastar da ala de militares mais direitistas e pró-imperialistas, agora tenta se apoiar neles. Fruto de uma política desesperada, Santamaría tem a missão de aniquilar a ala mais agressiva do grupo guerrilheiro EMC. No entanto, independentemente da efetividade de Santamaría na guerra de contra insurgência, o que o presidente Petro fez foi ampliar a capacidade do imperialismo norte-americana e da burguesia associada colombiana de se articular em direção a um golpe de Estado.

As crescentes tensões no Leste europeu e no Oriente Médio enfraqueceram a dominação imperialista a nível global. Em resposta a isso, a tendência de movimentação que os EUA demonstram adotar é a de fortalecimento da dominação das Américas e Caribe, considerados como um “quintal” pelos norte-americanos. Ainda em maio, tivemos um aperitivo da reavivada doutrina Monroe, quando o porta-aviões USS George Washington (CVN-73) regressou às águas brasileiras. Em sua terceira missão na América Latina e região do Caribe, o porta-aviões com propulsão nuclear participará, nos próximos meses, da operação Southern Seas 2024 antes de seguir para o Japão, onde deve chegar entre setembro e outubro para operar por mais 25 anos. As 110 mil toneladas de “diplomacia” mandam um recado direto aos países americanos e caribenhos.

O cerco ao presidente Petro e, pior, em parte realizado por suas próprias mãos com a reefetivação do general Santamaría, é uma expressão de uma política mais ampla do imperialismo estadunidense. Tal política visa a derrubada de qualquer governo que se coloque minimamente contra o domínio norte americano na região.

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