A invasão de “Israel” ao sul do Líbano pode acontecer a qualquer momento. O Hesbolá, desde maio, está demostrando uma supremacia militar enorme no norte de “Israel”, o que levou mais de 200 mil colonos a fugirem do território. O partido libanês ataca o território ocupado pelos sionistas desde o dia 8 de outubro em apoio à luta do povo palestino. “Israel”, encurralado, já montou um plano de ataque, mas as consequências dessa guerra podem ser a abertura de confrontos em diversas regiões do Oriente Médio.
Quando a guerra em Gaza começou, em outubro de 2023, a resistência iraquiana passou a atacar as bases dos EUA no Iraque e na Síria. Eles já prometeram retomar com os ataques a essas bases, mas isso pode ser só a ponta do iceberg. Um analista militar do The Cradle levanta a possibilidade de diversos alvos ligados ao imperialismo dos EUA e a Inglaterra, em vários países da região, mas principalmente nas proximidades do Líbano, serem atacados.
Um deles é a embaixada dos EUA em Beirute, capital do Líbano, que já foi alvo do Hesbolá na década de 1980. Estendendo-se por aproximadamente 174 mil metros quadrados, a cerca de 13 quilômetros da capital, ela só é menor que a “Zona Verde” criada após a invasão do Iraque. Ela custou quase um bilhão de dólares e não se sabe o motivo.
Em maio de 2023, o portal Intelligence Online relatou que o complexo de bilhões de dólares incluirá uma instalação de coleta de dados, preparando o local como a nova sede regional para a inteligência dos EUA. O relatório diz que, devido à sua proximidade com a Síria, “o Líbano é considerado um local seguro e estratégico para o deslocamento de agentes de inteligência já na região, bem como de novos funcionários, selecionados diretamente das agências baseadas em Washington“. Não é possível confirmar essas informações, mas quando a embaixada foi bombardeada em 1983 pelo Hesbolá, havia diversos agentes da CIA.
A embaixada não era apenas usada como um centro da CIA, mas também como uma base regional de inteligência devido à proximidade do Líbano com o mar e duas bases da OTAN britânicas no sul de Chipre, Dhekelia e Akrotiri, de onde reforços ou transferências de helicóptero podem chegar rapidamente ao solo libanês. Um exemplo recente, em 2020, é o contrabando de seu agente Amer al-Fakhouri pela embaixada dos EUA usando um helicóptero Osprey.
O imperialismo inglês no Líbano
Em 3 de maio, o Líbano anunciou que uma delegação da inteligência britânica havia visitado o país em abril para discutir a construção de novas torres de vigilância britânicas. Estas se somariam às mais de 30 torres de vigilância construídas pela Inglaterra durante a guerra na Síria ao longo da fronteira com o Líbano. Segundo vazamentos relatados pelo jornal libanês Al-Akhbar, a delegação britânica pediu ao exército libanês para “aprovar um plano para estabelecer torres de vigilância ao longo da fronteira com a Palestina ocupada, semelhante às existentes nas fronteiras leste e norte com a Síria”.
O primeiro-ministro interino do Líbano, Najib Mikati, afirmou: “estabelecer as torres e tomar medidas ao longo da fronteira são condições de Israel para parar a guerra com o Líbano”. Ou seja, o imperialismo inglês quer intervir diretamente na guerra da Palestina, assim como faz na Síria. O governo libanês não é do Hesbolá, mas sim um governo fraco e dividido, isso faz com que regiões que não o sul, onde o Hesbolá tem maioria absoluta, sejam sujeitas a esse tipo de intervenção.
O Ministério das Relações Exteriores do Líbano recebeu uma nota oficial de protesto da Síria classificando as torres de vigilância britânicas como uma ameaça à segurança nacional síria em vários níveis. A principal ameaça é o equipamento sensível de inteligência e espionagem dos sistemas das torres, que “ilumina profundamente o território sírio e coleta informações sobre o interior da Síria”.
Segundo o relatório do Al-Akhbar, “a saída de informações desse equipamento chega às mãos dos britânicos, e o inimigo israelense se beneficia da saída para atacar o território sírio e realizar ataques em profundidade na Síria”. O memorando sírio também se refere “à presença de alguns oficiais britânicos nas torres”.
Outras forças imperialistas
Em março de 2023, o Hesbolá capturou várias forças militares holandesas operando secretamente em Dahia, a principal base do Hesbolá em Beirute. Os detidos foram descobertos com centenas de milhares de dólares em equipamentos militares em suas posses e nos veículos. Durante as investigações, os holandeses alegaram ter entrado no bairro como parte de um exercício de treinamento para evacuar cidadãos e diplomatas holandeses em caso de guerra. No entanto, não havia nacionais holandeses da embaixada residindo naquela área. Também foi descoberto que os militares não comunicaram sobre sua missão com o Ministério das Relações Exteriores do Líbano, os serviços de segurança libaneses ou a embaixada de seu país.
O Eixo da Resistência, nos últimos nove meses, normalizou ataques militares a “Israel”, ataques com mísseis a navios com destino a “Israel” e ataques a frotas navais dos EUA e do Reino Unido. Os ataques a bases norte-americanas eram normais, mas pararam em fevereiro. No entanto, a possível guerra com o Hesbolá tende a escalar a crise e definir novos alvos. Para o analista do The Cradle, isso então inclui a embaixada dos EUA em Bagdá, a maior da região, e do mundo, hospedando 10 mil funcionários e tropas norte-americanas, ou, mais perto de casa, a segunda maior embaixada dos EUA.
Será ainda mais difícil proteger as missões diplomáticas se elas se revelarem essencialmente como centros de comando militar ou centros de inteligência durante a condução da guerra. Alvejar essas instalações, que já estão em violação da Convenção de Viena, pode facilmente cair no quadro da autodefesa e da reciprocidade.
Fato é que o imperialismo atua em toda a região com agentes de inteligência, bases militares, tropas em terra, frotas navais dentre outras formas de presença. Todas as instalações são possíveis alvos caso haja uma guerra regional. Se os países árabes fossem um só país, como deveriam ser, ele seria o país de longe com maior ocupação militar norte-americana. É essa ocupação que está cada vez mais ameaçada.