A empresa petrolífera nacional da África do Sul, PetroSA, e o Gazprombank da Rússia estão realizando um estudo de viabilidade para relançar as operações de refinaria de gás para líquido (GTL) em Mossel Bay. A porta-voz da PetroSA informou que todos os fatores que afetam o reinício das operações na refinaria estão sendo considerados como parte de uma avaliação abrangente. Em dezembro, a PetroSA selecionou o Gazprombank África como seu parceiro de investimento preferencial para o projeto – uma decisão aprovada pelo governo sul-africano, apesar de potenciais questões envolvendo sanções impostas pelo imperialismo.
O Gazprombank, o terceiro maior banco da Rússia e uma instituição crucial no comércio energético, tem sido alvo de sanções por parte dos EUA e de outras nações devido ao conflito em curso na Ucrânia. A África do Sul e a Rússia são membros dos BRICS, que também inclui Brasil, Índia, China, Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Enfrentando a pressão dos EUA e de seus aliados na sequência do conflito Rússia-Ucrânia, a África do Sul optou por uma posição neutra. Este não-alinhamento representa um risco potencial de sanções secundárias se o país africano celebrar acordos com quaisquer entidades russas sancionadas.
Antes do acordo com o Gazprombank, os responsáveis da PetroSA consultaram consultores jurídicos para minimizar o risco de sanções secundárias. No entanto, o diretor de operações em exercício da PetroSA, Sesakho Magadla, afirmou que “estas sanções não são aplicáveis à África do Sul”. O projeto está estimado em aproximadamente US$ 200 milhões.
A planta de Mossel Bay, que é capaz de processar até 45.000 barris por dia, interrompeu a produção em 2020 devido ao esgotamento das reservas domésticas de gás em alto-mar e está em manutenção desde então. Após o encerramento das duas maiores refinarias da África do Sul, Sapref e Enref, a PetroSA espera garantir o investimento necessário para reiniciar as operações nas instalações de Mossel Bay.
Eleições estão próximas
No dia 29 de maio, o partido Congresso Nacional Africano (CNA)enfrentará as eleições gerais mais difíceis desde que Nelson Mandela chegou ao poder em 1994. Os institutos de pesquisa preveem uma queda na participação do partido nacionalmente. Quanto maior for a sua quota, mais capaz será o CNA de formar uma coalizão com pequenos partidos nos quais seja dominante. Um desempenho pior forçaria o país a compartilhar o poder.
A imprensa imperialista já destaca a influência das parcerias com a Rússia no cenário político sul-africano. Ela tem enfatizado a ligação do CNA com o empresário russo Viktor Vekselberg, envolvido principalmente na mineração de manganês na região de Kalahari, na África do Sul. A principal acusação, publicada pelo The Economist, é de que o limite de financiamento de campanha está sendo excedido e manobras estão sendo realizadas para burlar essa restrição.
O estreitamento dos laços entre a África do Sul e a Rússia coloca novas oportunidades de desenvolvimento para ambos os países, um desenvolvimento distante do controle e supervisão do imperialismo. Além de ilustrar de maneira clara o insucesso de isolar a Rússia por meio das sanções econômicas, as parcerias com a África do Sul consolidam a presença no continente africano.
Um exemplo de como opera a influência russa no continente africano é bem ilustrado pela negociação do comércio internacional de cereais em 2023. Enquanto a União Europeia defendia um acordo sobre cereais para “evitar o agravamento da crise alimentar” nos países pobres, mas acumulava os cereais para uso próprio, a Rússia exportou 11,5 milhões de toneladas de cereais para a África em 2022 e quase 10 milhões de toneladas no primeiro semestre de 2023. Durante a reunião Rússia-África, o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou que Burquina Fasso, Zimbábue, Mali, Somália, República Centro-Africana e Eritreia receberiam entre 25.000 e 50.000 toneladas de cereais, cobrindo inclusive os custos de transporte. A diplomacia russa dos cereais tornou-se uma carta valiosa para influenciar a opinião no continente africano, especialmente após a mesquinhez demonstrada pelos europeus no último acordo de cereais.