Diante da catástrofe no Rio Grande do Sul, causada principalmente por décadas de política neoliberal, o governador Eduardo Leite, PSDB, tenta se equilibrar em meio a crise. Ele, que está no cargo desde 2019, é um dos principais responsáveis pelo que aconteceu no estado. Mas, sendo um legítimo representante dos banqueiros, mesmo com o gigantesco desastre, ele não se movimenta para resolver a situação. Na realidade, a política neoliberal continua mesmo com mais de 2,3 milhões de gaúchos afetados pela enchente.
Na sexta-feira (17), Leite apresentou um plano de reconstrução do estado. O problema é que construção e neoliberalismo são extremos opostos. O que torna seu plano uma farsa completa. O nome do projeto é “Todos nós por todos nós” e começou já com a transformação da Secretaria de Parcerias e Concessões (Separ) na Secretaria da Reconstrução Gaúcha. O secretário Pedro Capeluppi assumirá a condução da nova pasta.
Leite declarou: “Ao invés de constituir uma unidade paralela, entendi que deveríamos reconfigurar a estrutura de governo por dentro para atender melhor a esse propósito. Então, vamos transformar a Secretaria de Parcerias e Concessões (Separ) na Secretaria da Reconstrução Gaúcha. A Separ já tem um formato de trabalho em que modela soluções especialmente para a infraestrutura e tem condições de dar suporte aos projetos do Plano Rio Grande”.
Mas o que era a Separ? O órgão do governo voltado para as privatizações criminosas do PSDB. Uma delas foi o cais Mauá, que agora está submerso nas águas do Guaíba. O secretário Capeluppi é funcionário de carreira da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), foi secretário de Desenvolvimento de Infraestrutura e esteve à frente da Secretaria Especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados do Ministério da Economia, em 2022, durante o governo de Jair Bolsonaro. Ou seja, a reconstrução do estado será feita por um funcionário de Paulo Guedes.
Dentre as políticas defendidas pelo secretário estão a privatização das escolas: “o Estado tem mais de 2,3 mil escolas. Claro, a gente não tem condição de fazer PPP para todas. Então, a gente fez um esforço para focar naquelas que pudessem dar um maior retorno para a sociedade, por isso escolhemos as do RS Seguro. Ou seja, são mais de 60 mil alunos que moram em áreas de extremo risco”.
A privatização das rodovias: “os dois blocos de rodovias que não fizemos – Bloco 1 e Bloco 2 – já estão com estudos sendo remodelados. A expectativa é fazer esses leilões no segundo semestre. Já usando o free-flow, que também abre possibilidades para a gente fazer essa utilização para também gerar um benefício maior para as pessoas”.
A privatização do saneamento e da eletricidade: “então a gente vê de maneira muito positiva esse início de trabalho da Aegea [empresa que comprou a Corsan] com os municípios no saneamento. No caso da CEEE, que foi feita em 2021 a privatização, ela tem um ciclo de investimentos, que começou a partir de 2021 e 2022, e ela precisa fazer bastante investimento para recuperar as redes de distribuição”. Isso só para citar algumas questões.
A política de Capeluppi é privatizar qualquer setor de lucro para os capitalistas em todo o Estado. Ele afirmou: “a lei de PPP diz que o contrato tem que ser de no mínimo R$ 10 milhões. Posso dizer que a gente tem municípios grandes, como Caxias do Sul, e tem municípios de médio porte, como Farroupilha e Estância Velha, por exemplo. E projetos principalmente nas áreas de educação básica, saúde e iluminação pública”.
O governo do Rio Grande do Sul, além de colocar um funcionário dos bancos internacionais para controlar a reconstrução do estado, prometeu um auxílio para a população. Segundo o portal do governo: “por meio do programa Volta por Cima, o Executivo estadual repassará R$ 2,5 mil a cada família em situação de vulnerabilidade e que tenha sido afetada pelas enchentes. Além disso, serão concedidos R$ 2 mil a cada uma delas, por meio dos valores arrecadados pelo pix SOS Rio Grande do Sul”. As famílias que perderam tudo receberão apenas 2,5 mil reais!
E o governo tucano ainda tem a capacidade de determinar como política oficial de doações de pix para repassar para as famílias, é um verdadeiro escárnio com a população. O Bolsa Família de R$ 600 em quatro meses equivale ao auxílio miserável de Leite. As famílias estão completamente desamparadas, o investimento para essa população deve ser muito maior. Dar menos que o auxílio emergencial da pandemia é totalmente absurdo.
Por fim, o governo afirma que fara abrigos para a população nos municípios mais afetados, chamou o projeto de Cidades Temporárias. Mas dado que o responsável pela reconstrução é um estagiário de Paulo Guedes é muito possível que as tendas dos refugiados gaúchos sejam permanentes. Afinal, Leite defende a política de “Israel”, por que não faria o mesmo com a população do Rio Grande do Sul? Manter a população em campos de refugiados por décadas.
O fato é que Leite é o principal responsável pela catástrofe no estado do Rio Grande do Sul. Ele deveria ser destituído de seu cargo e alguém deveria assumir o controle da situação nessa crise. O governador é além de tudo um criminoso. Ao que tudo indica, como foi feito após o furação Katrina nos EUA, a tragédia será aproveitada para enriquecer ainda mais os banqueiros as custas do sofrimento do povo gaúcho.