O editorial do Estado de S.Paulo, publicado neste sábado, 25 de maio, fala da morte de Michel Nisenbaum, brasileiro residente em Israel desde os 12 anos, que, segundo informações circulantes, não seria um civil e teria ligações com o exército israelense. Nisenbaum fora supostamente sequestrado pelo Hamas junto com outras pessoas, resultando em sua morte e na de outros três brasileiros. O texto ataca o presidente Lula da Silva por não condenar o Hamas em sua declaração, apenas lamentado as mortes e, segundo o Estadão, mostrando indiferença, finalizando o artigo com total virulência, como podemos ver no último parágrafo:
“Que o Hamas é um inimigo da humanidade e o maior inimigo dos palestinos é incontroverso para qualquer um com um mínimo de clareza moral. Mas, ante as repetidas manifestações de torpeza moral do presidente e seu partido, não custa lembrar o porquê. O Hamas é uma milícia assumidamente genocida, que oprime seu povo sob o mais brutal totalitarismo, atenta contra todas as possibilidades de negociação de um Estado palestino com a participação dos países árabes e sacrifica os palestinos como escudos humanos. Quem quer que apoie este tipo de “resistência” tem as mãos sujas de sangue, incluindo o de quatro brasileiros.”
Estamos diante de uma clara declaração de hostilidade dirigida à esquerda. O texto implica que a defesa de Israel deve ser absoluta e inquestionável, sem sequer reconhecer o número de vítimas palestinas. É como se essas vidas não tivessem valor, como se os palestinos não fossem seres humanos. O editorial, postado por um dos principais veículos de imprensa brasileiros ligados à elite, não se limita a criticar o Hamas. Se fosse sobre a China ou a Rússia, o teor seria o mesmo. Trata-se de um alinhamento inquestionável com as políticas imperialistas, independentemente das consequências. Enquanto isso, o governo do PT encontra-se em uma posição delicada. É inegável que a esquerda brasileira parece ter abdicado da luta política contra a opressão da classe dominante.
No referido editorial, a defesa fervorosa de Israel e a demonização do Hamas são evidentes. Enquanto isso, a suposta defesa do Hamas pelo PT, conforme apontado pelo Estado de São Paulo, não se reflete em ações concretas, não existe esse apoio. Se o partido tivesse uma postura minimamente definida sobre o assunto, certamente isso provocaria uma crise em relação à declaração do Itamaraty contra o Hamas. No entanto, o silêncio impera. A esquerda autoproclamada, que se diz defensora da Palestina, parece incapaz de defender o Hamas, alegando questões relacionadas à opressão das mulheres. Contudo, essa justificativa não se sustenta diante da realidade política, a verdade é que a esquerda está totalmente acuada. Vivemos em um Brasil tumultuado, com o PT exercendo uma oposição marcante ao governo.
O cenário político brasileiro reflete, de certa forma, o ambiente encontrado nos Estados Unidos, onde as vozes contrárias são frequentemente silenciadas. Nesse contexto, o único partido no País que ousa defender o Hamas contra acusações infundadas é o PCO. Tal atitude não é uma exaltação ao partido, não precisa ser revolucionário, marxista, nem nada. Qualquer grupo minimamente humano tem que fazer uma defesa do princípio de solidariedade a um povo que enfrenta adversidades tão conhecidas na Palestina.