Antes de qualquer coisa, a ginasta norte-americana Simone Biles, alçada pela imprensa capitalista como a maior estrela dos Jogos Olímpicos, tem o direito de comprar o que ela quiser e fazer o que ela quiser. Mas saltou aos olhos uma reportagem da revista de moda Marie Claire que circulou na internet: Em Paris, Simone Biles compra bolsa de grife que tem fila de espera e só é vendida para clientes seletos.
Vê-se, pelo título da reportagem, que não foi qualquer coisa que a ginasta norte-americana comprou. Uma verdadeira ostentação! Mas como dissemos, Biles compra o que quiser, por mais fútil que seja, afinal, seu patrimônio é de 16 milhões de dólares ou 90,2 milhões de reais, segundo reportagem feita pelo Globo (De onde vem a fortuna de Simone Biles? Veja quanto a atleta já ganhou com a ginástica artística, 01/08/2024). Ainda segundo a reportagem, a maior parte dessa fortuna vem de patrocínios, como a Nike e a Visa. Ah, se os atletas olímpicos brasileiros tivessem uma estrutura parecida com essa…
Simone Biles é a queridinha olímpica, não que ela seja uma farsa uma atleta ruim, ela é boa no que faz, mas não estamos aqui para julgar a qualidade da atleta. Fato é que em toda Olimpíada o imperialismo elege seus queridinhos e eles não podem ser chineses, cubanos, russos (que nem puderam participar dos Jogos). O ideal é que sejam norte-americanos e, como estamos na etapa de demagogia identitária, nada melhor do que uma mulher negra.
Assim, podemos ter certeza que não vai aparecer ninguém para “acusar” Simone Biles de milionária. Ninguém para dizer que Simone Biles é uma fútil que ostenta bolsas de grife para “clientes seletos”. Simone Biles é um exemplo a ser seguido, ela é linda, maravilhosa e provavelmente comprou essa bolsa porque mereceu.
Como dissemos, Biles que compre o que ela quiser. Ela tem todo o direito. Mas onde estão os moralistas que ficam sempre à espreita para pegar deslizes de outros famosos? Estão vasculhando as redes sociais de Neymar e de outros jogadores de futebol brasileiros.
Claro que a fortuna de Neymar e da maioria dos jogadores de alto escalão do futebol ganham mais do que Simone Biles. Naturalmente, o futebol é um esporte que movimenta muito mais dinheiro.
Mas milionário por milionário, por que atacam só os jogadores brasileiros? Lendo a manchete sobre a bolsa de Biles veio-me à memória o episódio dos jogadores brasileiros comendo a tal carne de ouro na Copa do Catar.
Toda a imprensa brasileira, seguida pelos esquerdistas pequeno-burgueses orientados por ela, fez toneladas de artigos para criticar os jogadores por terem ido ao restaurante.
Grotesco não foi o episódio do restaurante, grotesco mesmo foram os colunistas que escrevem para órgãos de imprensa, esses sim mais do que milionários, como a Folha de S. Paulo, atacando moralmente os jogadores. Esse é um espetáculo grotesco de cinismo.
Neymar, então, se aparecesse comprando uma bolsa dessa para a sua irmã, estaria sendo acusado de todas as coisas que possamos imaginar.
Sem mais exemplo, o importante aqui é notar a diferença de tratamento. As artilharias sempre prontas a disparar contra os jogadores brasileiros, em particular Neymar, revelam aquilo que é óbvio: há uma perseguição, uma política coordenada e orientada contra o futebol brasileiro.
Não caso dos jogadores brasileiros, não adianta serem negros e pobres, nem o identitarismo ajuda. É quase como se pintassem todos eles de branco.
E qual é o objetivo? Enquanto Simone Biles é a queridinha do imperialismo e uma garota-propaganda dos Estados Unidos, os jogadores brasileiros precisam ser desmoralizados porque o futebol brasileiro precisa ser desmoralizado. Os interesses, tanto num caso como no outro, são econômicos e políticos, ou seja, estão ligados ao domínio dos monopólios imperialistas no esporte.