Editorial

É preciso uma ruptura total com o imperialismo

A sequência de capitulações por parte da esquerda remonta ao apoio à candidatura de Joe Biden, em 2020

O mundo inteiro assiste hoje a mais um lamentável episódio protagonizado pela esquerda brasileira. Diante da operação golpista colocada em marcha pelo imperialismo norte-americano na Venezuela, um setor apoiou abertamente as provocações da extrema direita fascista contra o governo de Nicolás Maduro, enquanto outro simplesmente se calou diante da grave ameaça. O governo brasileiro, buscando uma posição intermediária, nem apoiou o golpe, nem ficou calado: passou a pressionar o governo venezuelano para que mostrasse as atas das eleições, contribuindo para o isolamento do chavismo na América Latina.

À exceção do Partido da Causa Operária (PCO), que vem denunciado sistematicamente o golpe na Venezuela, inclusive com atividades públicas, o conjunto da esquerda brasileira se revelou incapaz de combater o golpismo da burguesia imperialista. O que é, naturalmente, importante, uma vez que o mesmo imperialismo acabará por organizar, mais cedo ou mais tarde, um golpe de Estado no Brasil.

A capitulação vergonhosa no caso venezuelano não vem por acaso. É apenas o ponto culminante de um processo que remonta há, pelo menos, quatro anos.

O início desse processo se deu com as eleições norte-americanas de 2020. Naquele momento, quando Donald Trump acusou o sistema eleitoral de fraude, a esquerda pequeno-burguesa inteira se colocou contra. O importante, neste caso, não é se houve fraude ou não, mas sim o posicionamento político. Afinal, quando se trata de uma pessoa como Joe Biden, quando se trata de uma organização criminosa como Partido Democrata, o mínimo que a esquerda deveria fazer é desconfiar de que sejam capazes de qualquer coisa. Ao pregar a confiança absoluta no sistema eleitoral norte-americano, a esquerda acabou por apresentar os responsáveis pela invasão do Iraque e pela invasão do Afeganistão como pessoas idôneas.

A partir desse caso, a burguesia conseguiu transformar a política do imperialismo em uma espécie de senso comum da política em geral.

Não tardou para que viesse a guerra da Ucrânia. E a posição da esquerda foi a mesma que no caso venezuelano: parte apoiando o regime nazista de Kiev, parte calada diante das provocações da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) contra a Rússia. Dois anos depois, viria a Operação Dilúvio de al-Aqsa, diante da qual o Partido dos Trabalhadores (PT) rompeu com sua própria tradição e rasgou o direito internacional, condenando a ação dos oprimidos e classificando a operação como “terrorismo”.

Mais recentemente, a briga entre democratas e Donald Trump ofereceu à esquerda uma nova oportunidade de se colocar a reboque do regime político mais podre do planeta. Diante do atentado contra o ex-presidente republicano, a esquerda pequeno-burguesa correu para acusar Trump de ter forjado a tentativa de assassinato. Uma vez mais, pouco importa o fato em si, mas o acontecimento: a esquerda forneceu um atestado de idoneidade para o Serviço Secreto, a CIA e todo o “Estado profundo” norte-americano.

Essa adaptação profunda à política do imperialismo ocorre em um momento em que os donos do mundo planejam guerras cada vez mais brutais contra os povos. Vem no mesmo momento em que o imperialismo assassinou, a sangue-frio, uma das maiores lideranças dos povos oprimidos, o palestino Ismail Hanié. Esse apoio à política imperialista só poderá terminar em desastre. Não para a esquerda, mas para todo mundo.

A esquerda toda precisa romper com o imperialismo, ou pavimentará o caminho para um banho de sangue sem precedentes.

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