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Ricardo Machado

É dirigente do Sindicato dos Bancários de Brasília e ex-dirigente da CUT-DF. Integra a Coordenação dos Comitês de Luta do DF e faz parte da Direção Nacional do Partido da Causa Operária (PCO)

Coluna

É preciso prestar atenção nas armadilhas dos banqueiros

Por que a direção do banco proporia um reajuste de 1% acima da proposta da Fenaban se o banco, em campanhas passadas, se recusou em reajustar os salários dos seus funcionários

Adireção do Banpará, depois de seis rodadas de negociações, sem que houvesse avanços em relação às pautas de reivindicações dos trabalhadores nessa campanha salarial e, em resposta às negativas do banco, as direções sindicais convocarem assembleia da categoria no sentido de aprovar o estado de greve, a direção do banco resolveu chamar uma nova rodada de negociação, a sétima, realizada no último dia 8 de agosto.

Após cinco horas de negociações, o banco apresentou uma proposta, que a categoria geral dos bancários deveria prestar bastante atenção, já que a proposta do Banpará revela mais um ataque que os banqueiros da Fenaban estão preparando para os bancários nesta campanha salarial de 2024.

A proposta apresentada pelo Banpará, nessa sétima rodada de negociação com os representantes dos trabalhadores, foi de reajustar os salários dos seus funcionários em 1% a mais do que a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) “conceder” para a categoria bancária no Acordo Coletivo de Trabalho.

É claro que a proposta dos banqueiros do Banpará deve deixar os trabalhadores bancários com um pé atrás, no que diz respeito à sua campanha salarial.

Por que a direção do banco proporia um reajuste de 1% acima da proposta da Fenaban, sendo que o banco, em campanha salariais passadas, se recusou em reajustar os salários dos seus funcionários e propondo conceder apenas o índice de inflação; banco esse que descontou na folha de pagamento um dia de trabalho, como forma de retaliação daqueles trabalhadores que participaram da paralisação geral que lutavam pela garantia dos seus direitos; o mesmo banco que é controlado pelo setor mais reacionário do País, o coronelismo, representado pelo governador Helder Barbalho (MDB), filho de Jader Barbalho?

A demagógica proposta do Banpará está baseada nos desfecho das campanhas salariais passadas que, devido às capitulações das direções sindicais, os banqueiros da Fenaban vem impondo um verdadeiro arrocho salarial nos acordos coletivos da categoria.

Na campanha salarial passada, cuja pauta de reivindicações é praticamente a mesma deste ano (INPC + 5% de ganho real) os banqueiros ofereceram um acordo que não repunha a inflação e “concedeu” um “ganho real” de apenas 0,5%, proposta essa aceita caninamente pelas direções sindicais. Pelo andar da carruagem, nesta campanha salarial, tudo indica que a capitulação da direção do movimento será o mesmo, como, por exemplo, o que já aconteceu no acordo defendido pelo sindicato e aprovado para os trabalhadores do Sicoob Norte de 4,5% de reajuste, composta pela inflação do período, mais 0,57% de “ganho real”.

É evidente que a direção do Banpará está se comprometendo a reajustar, nesta campanha salarial de 2024, em 1% a mais do que for concedido pela Fenaban já sabendo da proposta ultra rebaixada que será oferecida pelos banqueiros da Fenaban e prevendo o desfecho da atual campanha salarial dos bancários.

É preciso prestar bastante atenção nos passos dos banqueiros que, logicamente, virão com tudo para atacar ainda mais as legítimas reivindicações dos trabalhadores bancários e combater os setores mais vacilantes das direções sindicais no sentido de construir uma verdadeira campanha salarial pelo atendimento de todas as suas reivindicações.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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