Demorou, mas o presidente Lula finalmente demitiu Jean Paul Prates da presidência da Petrobrás. Ele havia se insurgido contra a política do presidente de reter uma parte dos dividendos pagos aos tubarões capitalistas.
A demissão foi rejeitada pelo “mercado” (os especuladores que roubam bilhões em dividendos da empresa e do povo brasileiro), que fez o valor das ações da empresa na Bolsa de Valores (B3) despencar, procurando pressionar o governo a não mudar a política entreguista que domina há anos a Petrobrás.
Segundo os “analistas” econômicos, defensores dos interesses dos especuladores, “a mudança em si não foi tão surpreendente, mas o momento da saída de Prates pegou os investidores de surpresa e levantou novamente os riscos de governança da estatal“.
No dia seguinte à demissão, a Petrobrás chegou a perder mais de R$49,5 bilhões de valor de mercado, passando de R$548,5 bilhões do fechamento de terça-feira (14), para R$499 bilhões no pior momento da sessão de quarta (15).
A engenheira Magda Chambriard, ex-diretora da Agência Nacional de Petróleo (ANP) no governo Dilma, foi confirmada como indicação de Lula. Ela, no entanto, promoveu, entre outros, o leilão do pré-sal da área de Libra; defendeu a maior participação de petroleiras estrangeiras na exploração do petróleo brasileiro; e se opôs frontalmente à orientação do governo Lula na alteração da política de preços da Petrobrás.
Mesmo com essas “credenciais”, a escolha foi atacada diretamente pelo Partido da Imprensa Golpista (PIG) e toda a direita. O golpista-mor O Globo estampou em manchete que Escolha de Magda Chambriard por Lula é a repetição de um filme ruim, acrescentando logo abaixo – como um autêntico defensor dos interesses internacionais – o “crime” de Lula: “o Presidente da República parece decidido a repetir estratégia de usar a estatal para irrigar a economia“, e buscou relacionar este “horrível propósito” de desenvolver a economia nacional usando uma empresa criada com recursos do povo brasileiro a interesses eleitorais do presidente de se reeleger.
A cada medida do governo, a direita mostra que é firme sua decisão de intensificar o cerco contra o governo e defender ferrenhamente os interesses contrários aos do povo brasileiro. Comprovando que meias-medidas não serão suficientes para abrir uma perspectiva real diante da crise.
Nesse sentido, não basta substituir o presidente da Petrobrás, trocando seis por meia dúzia. Contra a política de favorecimento dos tubarões e a favor do imperialismo, é preciso garantir a exploração de 100% do nosso petróleo, a nacionalização do petróleo e de todas as riquezas minerais, a reestatização da Petrobrás (100% estatal), sob o controle dos trabalhadores, e a volta do monopólio da Petrobrás na exploração do “ouro negro”, para que a imensa riqueza do petróleo seja destinada à melhoria de vida do povo brasileiro.
Estes e outros pontos centrais de uma política que ponha fim à roubalheira dos especuladores só podem ser estabelecidos por meio de uma ampla mobilização de toda a esquerda, das organizações do movimento operário, da CUT, FUP, dos sindicatos e de demais organizações populares para se contrapor à pressão da direita.