No último final de semana, no dia 23 de março, ocorreram manifestações em várias capitais do País. Os atos foram convocados como uma resposta à enorme manifestação feita pelo ex-presidente Jair Bolsonaro na Avenida Paulista, em São Paulo, e se propuseram a enfrentar a extrema direita nas ruas.
Entretanto, conforme balanço feito por este Diário, os atos da esquerda foram um verdadeiro fiasco, uma farsa que entrega a rua para a direita.
Frente a isso e propondo uma política para a mobilização da esquerda brasileira, o Partido da Causa Operária (PCO) publicou, no domingo (24), uma nota oficial explicando sua posição em relação aos atos que ocorreram e à necessidade de se tomar as ruas para enfrentar a burguesia.
Confira, abaixo, a nota na íntegra:
É preciso enfrentar a direita com a força da mobilização popular
A direita tomou conta das ruas. Antes de mais nada, é preciso reconhecer a verdade dos fatos, mas reconhecê-los não significa pensar que não é possível mudar isso.
O êxito da direita na mobilização de rua não é mérito deles, é fruto dos erros políticos das direções do movimento operário e popular e, infelizmente, do governo do Presidente Lula. O primeiro erro foi pensar que a derrota eleitoral da extrema-direita significava o seu fim. O segundo erro foi pensar que uma vez no governo, Lula não precisaria de mobilização de rua para governar. O terceiro e mais importante erro foi deixar o enfrentamento à direita nas mãos do STF, cujo método é a violação sistemática dos direitos democráticos, das garantias legais e do devido processo legal e, portanto, incapaz de despertar uma verdadeira mobilização pelos direitos democráticos contra a extrema-direita. Objetivamente, a perseguição política que o STF realiza contra Jair Bolsonaro e seus seguidores, contribuiu para torná-los mais unidos e fazer dessa confusa coalizão de diversos setores sociais num bloco mais compacto. O apoio a Bolsonaro não diminuiu desde sua derrota eleitoral, nem sua capacidade de mobilização. As dificuldades do governo Lula e a falta de mobilização e organização popular alimentou a mobilização da direita.
É preciso romper com esta política desastrada enquanto ainda há tempo.
Primeiramente é preciso entender que mesmo sendo presidente, Lula não controla o “sistema”, mesmo estando no governo, o objetivo continua sendo levar abaixo as amarras que impedem a transformação social no Brasil. A tarefa do governo teria de ser levar adiante transformações no regime político e criar novas condições que permitam ao povo decidir, fazer acontecer aquilo que o povo queria quando votou em Lula. As atuais instituições do regime pseudo democrático (Congresso, Judiciário, Governos estaduais e municipais, Banco Central, etc.) são um obstáculo às transformações que o povo brasileiro precisa.
Em segundo lugar, não há possibilidade de fazer um governo transformador sem romper com a “Frente Ampla” (a direita que deu o golpe de 2016) e com os mafiosos políticos como Arthur Lira e o Centrão. Eles são parte fundamental do atraso nacional. Se não há bancada no Congresso Nacional que sustente o governo, que ajude a revolucionar a realidade brasileira, então os movimentos sociais precisam fazer das ruas o Congresso e da militância sairão os votos necessários para mudar a realidade atual. A única saída para a governabilidade é tornar-se o governo das ruas, dos sindicatos, do movimento da terra, dos estudantes e dos sem-teto. É preciso descartar a frente ampla e trocá-la por uma frente de todos os explorados contra o sistema político e a classe dominante.
Por último, não derrotaremos a extrema-direita se não dividirmos sua base social. Para isso, é preciso responder aos anseios dos setores populares que hoje apoiam o bolsonarismo e separá-los da extrema-direita.
A direita fez da liberdade um cavalo-de-batalha contra a esquerda, é preciso tirar deles esta bandeira, para isso é preciso romper com o autoritarismo do STF; o povo tem que rejeitar a direita sem nenhuma ajuda da polícia. Também, é preciso abraçar a luta pela soberania nacional, que também virou um cavalo-de-batalha da direita. É preciso levantar as reivindicações mais sentidas das massas populares como emprego, salário, direitos trabalhistas, moradia, saúde, educação, além dos programas governamentais. Não podemos ficar amarrados pelas limitações do Estado capitalista.
O presidente Lula erra ao dizer que não devemos tomar as ruas neste dia 31 de março em memória do golpe militar de 1964. O golpe militar está vivo no bolsonarismo e é preciso derrotá-lo. As direções do movimento também erram ao não abraçar a luta palestina, que também é um enfrentamento com a extrema-direita sionista genocida.
O Partido da Causa Operária chama todos a tomar as ruas neste dia 31 de março em memória da luta contra a ditadura! Chamamos todos às ruas no dia 6, último sábado do feriado muçulmano do Ramadã, para protestar pela libertação da Palestina, contra o genocídio e em solidariedade à resistência armada do povo palestino!
Direção Nacional do Partido da Causa Operária (PCO)
24 de março de 2024