O PSOL publicou uma nota oficial sobre os cortes orçamentários apresentados pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad: SIM ao corte de privilégios e taxação de super ricos! NÃO aos cortes de gastos sociais!
No texto, colocações genéricas sobre cortes de direitos sociais, sem atacar de frente o problema central que é o papel dos banqueiros no plano econômico.
“Dessa forma, reafirmamos novamente nosso compromisso com os interesses dos mais vulneráveis e com um modelo econômico que tenha como foco a distribuição de renda, o combate à crise climática e a defesa de todos os modos de vida, incluindo os povos e comunidades tradicionais”. A colocação é tão genérica que até mesmo um bolsonarista poderia fazer. É lindo distribuir renda, defender os povos tradicionais, combater a tal crise climática. Tudo isso é muito bonito, mas não quer dizer nada.
Ao criticar a política de cortes, o PSOL se coloca como um partido burguês cuja principal preocupação não é com as condições de vida dos trabalhadores, mas com a boa administração do Estado capitalista:
“A sede do mercado é insaciável. Cortar gastos sociais têm um duplo efeito: por um lado, pode mergulhar o país na recessão, com a diminuição do consumo das famílias, aumento da pobreza e da desigualdade, assim como acontece na Argentina de Milei e; por outro, pode minar o apoio popular ao governo Lula, pavimentando o caminho para o retorno da extrema direita ao poder. As duas intenções estão evidentes na pressão e nos seus defensores.”
Mais uma vez, qualquer político de direita poderia fazer afirmações como essas. Não que a vida dos trabalhadores não seja afetada pela recessão, mas o problema central aqui não é chamar a atenção para isso. O problema é mostrar o que querem os banqueiros, chamados eufemisticamente de “mercado”, ao cortar os gastos.
Não há uma denúncia contundente contra a política parasita dos bancos e dos grandes capitalistas internacionais.
O problema não é chorar que haverá recessão e que haverá aumento da pobreza, como se fosse uma simples opção administrativa do governo. O que está em curso é uma luta encarniçada dos banqueiros contra a população. Eles estão pressionando o governo para espoliar o povo.
A desigualdade e a pobreza não são palavras abstratas como na nota do PSOL. Trata-se de roubo. Os bancos estão roubando a população.
Os cortes orçamentários são uma exigência dos banqueiros para que a dívida criminosa continue a ser paga. Segundo dados da Auditoria Cidadã da Dívida, em 2023, 43,23% do orçamento federal pago foi destinado a juros e amortizações da dívida, isso significa R$ 1,89 trilhões. Portanto, perto da metade de todo o orçamento vai para os bolsos dos banqueiros. Isso, por si só, já seria um escárnio contra o povo, mas é bom frisar que a maior parte dessa dívida já foi paga, trata-se de juros.
Só para se ter uma ideia, enquanto a dívida come mais de 43% do orçamento, o investimento em saúde ocupa apenas 3,69% e, em educação, 2,97%.
Em resumo funciona assim: o povo brasileiro trabalha, paga imposto, produz para enriquecer cada vez mais os banqueiros bilionários. Estamos diante de um roubo, de um crime contra o povo e o PSOL trata a coisa como um síndico que está administrando o orçamento de um prédio.
Que não se deve cortar da saúde, da educação e de qualquer benefício do povo até a direita faz demagogia. A postura de uma esquerda, até mesmo moderada, deveria ser de declarar guerra aos bancos, ladrões do povo.
“É hipocrisia pura o mercado e os setores conservadores do congresso quererem cortar benefícios dos mais pobres após terem rejeitado a taxação das grandes fortunas proposta pelo PSOL e aprovado ao longo dos últimos anos desonerações tributárias bilionárias a grupos privilegiados. Somente esse ano, os mesmos setores que clamam por cortes em gastos sociais deixaram de pagar mais de R$ 546 bilhões de impostos. O Agronegócio, sozinho, responde por 18,7% do montante da renúncia fiscal.”
Em nenhum momento, a nota do PSOL cita a palavra banqueiro. Para o partido, é só um problema de “hipocrisia” porque o “mercado” foi contra a taxação das grandes fortunas. Não é luta de classes. Para o PSOL, tudo não passa de um jogo parlamentar. O ataque ao “Agronegócio” sem atacar os bancos também é apenas uma crítica de tipo eleitoral, de ocasião. Perto dos banqueiros, os latifundiários são verdadeiros santos.
O problema não é saber qual o melhor jeito de administrar o Estado capitalistas. A esquerda precisa convocar o povo a ir para cima dos banqueiros e pressionar o governo Lula a fazer o mesmo.