A questão ambiental, ou a proteção do meio ambiente, tem ganhado força, especialmente nos países de capitalismo atrasado. Isso não é coincidência, mas resultado da política dos grandes países capitalistas, já desenvolvidos, que não querem concorrência no mercado.
Como não podem falar isso abertamente, fingem-se de “bons moços”. É como se dissessem: não é que o Brasil não pode se desenvolver, mas o problema é que isso, o desenvolvimento, afeta o meio ambiente e isso não pode acontecer.
Essa política tem em solo nacional árduos defensores, como pode ser visto no texto de Rosana Santos, publicado no Uol, no qual a redatora defende que “o Brasil confirma seu papel de liderança ambiental e, ao mesmo tempo, lida com o paradoxo de defender o aumento da exploração e produção de petróleo e gás natural”.
Segundo ela, “é incompreensível que empresas e organizações ignorem o sinal dado na última COP e sigam defendendo a expansão do uso das fontes fósseis de energia. Pior, atuem para incorporar o discurso da transição energética nessa direção”.
COP é a abreviação para Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), e sua edição de número 29 começa na próxima segunda (11) em Baku, no Azerbaijão, sendo que em 2025 o Brasil sediará a de número 30.
Pelo que é alardeado pela imprensa capitalista e até mesmo por setores de esquerda, o Brasil deveria cumprir um papel fundamental na produção de energia “limpa”, ou não derivada de combustível fóssil, o que, por sinal, o país tem de sobra.
“Mas a possibilidade de o país iniciar novos ciclos de investimentos na produção de petróleo e gás vai na contramão disso, na medida em que prolonga a expansão de uma infraestrutura de longa vida útil associada a uma alta taxa de emissão de poluentes”, afirma a redatora do texto do UOL, o que nos tiraria da possibilidade de sermos líderes climáticos. Mas cabe a pergunta: porque o Brasil deveria ser líder climático? E o que isso realmente quer dizer?
Se as Organizações Não Governamentais (OGNs) tomaram de assalto o movimento negro e de mulheres, no caso do meio ambiente, as ONGs estiveram aí desde sempre, e sempre financiadas com capital internacional, e, claro, com a política imperialista para outros países.
Essa é a única explicação plausível para a existência de tamanha oposição ao desenvolvimento do país, o que, até algumas décadas atrás, era uma reivindicação popular, ou seja, do movimento de luta dos trabalhadores, da esquerda.
Não existe, na verdade, nada que prove que o desenvolvimento do Brasil vai fazer o mundo acabar ou esquentar 40 graus em um século. Tudo isso não passa de uma campanha esposada pelo imperialismo, sua imprensa e seus “estudiosos”. É fácil notar que toda a pressão ambiental recai sobre os países atrasados, e sobre as grandes potências, nada.
A redatora busca apresentar, ainda, um programa de transição energético, ou seja, que “as organizações voltadas à produção de petróleo e gás deveriam utilizar sua alta capacidade de investimento e mobilização industrial para se destacarem nesse novo cenário, posicionando-se como provedoras de soluções de baixo carbono”.
Não está proibido ao Brasil investir em novas tecnologias de produção de energia. Isso, de fato, é muito positivo. Mas também não é proibido, ainda, ao país explorar as suas riquezas naturais, o seu patrimônio, como todo país faz.
Por outro lado, chama atenção nos textos ambientais a força política que o petróleo move. Não é por outro motivo que a Venezuela foi atacada pelo imperialismo e até mesmo pelo governo brasileiro. O país explora e comercializa o seu próprio petróleo. Só não se destaca mais em razão do embargo capitaneado pelos EUA..
A questão Palestina, em último caso, é a determinação norte-americana de ter naquela região, recheada de poços de petróleo, um cão de guarda, um jagunço — no caso, Israel — para controlar essa e outras questões.
Todo o debate ambiental em torno da extração ou não do petróleo, sua exploração, deve ter em consideração essas questões. Fora disso, a discussão não passa de uma demagogia ambiental que disfarça os interesses internacionais no solo brasileiro.
A autora conclui, em tom de ameaça, que a transição energética “não pode ficar limitada a promessas, relatórios de sustentabilidade ou operações marginais nas atividades das companhias: galgar o posto de liderança climática não condiz com a possibilidade de extrairmos até a última gota das nossas reservas de petróleo”.
O Brasil não precisa de liderança climática, nem galgar postos nessa seara. É bem provável que essa proposta para o país, de ser líder climático, tenha sido desenvolvida pela Exxon Mobil Corp. a gigante do petróleo norte-americana. Esse debate é uma farsa.
O país precisa de emprego para seu povo, aumento salarial e desenvolvimento, e isso a exploração do petróleo pode trazer, contanto que ela fique nas mãos do povo brasileiro, e essa é outra questão que os textos pretensamente ambientais não tratam: o controle da exploração do petróleo do Brasil é do povo brasileiro, o que implica, por exemplo, na reestatização total da Petrobrás.