Juca Simonard

Editor da revista Na Zona do Agrião e redator do Dossiê Causa Operária

Coluna

Dura derrota: a gritaria funcionou

Campeonato Carioca: Botafogo 2 x 4 Vasco da Gama

No Rio de Janeiro, fui ao jogo entre Botafogo e Vasco, disputado pelo Campeonato Carioca, no Estádio Nilton Santos. A ida, de trem, foi tranquila. Afinal, existe uma espécie de aliança entre alvinegros e nas partidas disputadas entre os dois não têm o quebra-quebra que geralmente ocorre nos clássicos.

O Botafogo não jogou mal, apesar do que poderia indicar o placar: Botafogo 2 x 4 Vasco.

Na verdade, dominou todo o primeiro tempo e quase o jogo inteiro, tendo um elenco muito superior. No entanto, como destaque, o Vasco foi prejudicado no último clássico, contra o Fluminense. E foi prejudicado em jogos anteriores também.

Naturalmente, isso levou a uma gritaria entre os torcedores vascaínos. E deu certo. Agora foi a vez do Vasco ser favorecido — prejudicando o Botafogo em um jogo importantíssimo.

Primeiro, a anulação esquisita do primeiro gol do Botafogo, de Victor Sá. Segundo, a não expulsão de Paulo Henrique, que quase matou Victor Sá. Terceiro, o pênalti marcado em cima de Paulo Henrique (que nem deveria estar no jogo), numa falta de Hugo realizada fora da área.

Com o pênalti, o Vasco ampliou o placar para 3 x 1… E, depois, com o desabamento momentâneo do time do Botafogo, ampliou para 4 x 1. 

Ao final do jogo, Eduardo, que fez o primeiro gol do Glorioso (um golaço, com um chute chapado fora da área), fez um gol ainda mais bonito: bicicleta, diminuindo o placar para 4 x 2, e dando algum esperança ao torcedor botafoguense, que acreditou num empate diante da agressividade do time nos momentos finais. 

Isso, porém, não aconteceu.

Tirando as coisas acima, Tiago Nunes mostra que é um técnico muito fraco. Os gols do Vasco surgiram quase todos em falhas defensivas do Botafogo. O sistema defensivo do time está todo bagunçado. Os jogadores vascaínos trocaram passes tranquilamente em frente à área botafoguense… Não tinham nenhum pitbull no cangote.

Ele ainda mexeu errado. Tirou Danilo e Savarino, mas manteve Tchê Tchê, que estava dormindo em campo.

Para concluir, os jogadores do Botafogo parecem ter medo de chutar a gol. Enquanto estava 2 a 1 para o cruzmaltino, Victor Sá e o estreante Damián Suárez chegaram duas vezes sozinhos, cara a cara com o goleiro, mas não chutaram ao gol, tentaram passar para trás e erraram… É tão difícil chutar o raio de uma bola?!

O Botafogo tem que ajustar seu sistema defensivo e chutar mais a gol se quiser se classificar na Pré-Libertadores. O elenco não é ruim, mas o técnico precisa resolver muita coisa.

Em entrevista, Nunes amputou que o espírito pipoqueiro continua: 

— Iniciamos muito bem o jogo, controlando bem, propondo, tendo uma vantagem técnica, posicional, fizemos um gol, foi anulado, mantivemos a equipe mentalmente forte, fizemos o gol que valeu, tivemos situações para fazer o segundo, mas a partir do empate a gente sente emocionalmente, sucumbe emocionalmente. No vestiário realmente estávamos sentindo que os jogadores tinham acusado aquele momento. E aí sofre um revés com 50 segundos que acabou desarticulando nossa equipe.

Se for verdade (o que acredito que seja), tem que dar uma sacudida nos pipoqueiros ou mandá-los para o olho da rua. Futebol, além de arte, é esporte competitivo: não há lugar para medíocres se quisermos ser campeões.

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