Na última terça-feira, dia 6 de agosto, foi ao ar uma nova edição do programa “Programa de Índio”, transmitido pelo canal Lives da COTV, com a participação dos apresentadores Marcelo Batarce e Renato Farac, que discutiram os conflitos em Douradina e como o que ocorre lá deve ser tido como exemplo para o resto do país.
Iniciou-se o programa destacando a intensificação dos conflitos agrários em Douradina nas últimas semanas, Farac relatou que os fazendeiros têm intimidado os guarani-caiouá constantemente, com a Força Nacional muitas vezes inerte ou até colaborando com os latifundiários, destacando a coragem dos índios, que, apesar dos ataques, continuam lutando por suas terras que “os índios não recuaram, eles continuam ali na área pela qual estão lutando”, além de mencionar episódios de violência, incluindo um ataque em que um índio foi baleado no pé e o uso de pistoleiros pelos fazendeiros.
Observou-se que “os fazendeiros se consideravam completamente à vontade, realizando ataques, inclusive com armas letais” enquanto a Força Nacional permanecia passiva com total falta de ação efetiva das autoridades e de figuras políticas como a ministra dos Povos Indígenas Sônia Guajajara, que chegou a visitar o local mas sem tentar nenhuma ação concreta para proteger os direitos garantidos aos índios que estão sendo sumariamente ignorados, além Polícia Militar estar se esforçando ativamente para dificultar a entrada de mantimentos e apoio aos garani-caiouá.
Os índiosaguardam desde 2011 a demarcação de 12 mil hectares de terra, mas enfrentam uma resistência contínua por parte dos fazendeiros e a falta de intervenção eficaz do governo. Durante o programa, Batarce enfatizou: “a luta dos índios não é apenas por terras, mas pela sobrevivência e dignidade”. Ele também criticou a tentativa do STF de negociar as terras sem consultar os próprios índios, afirmando que essa “conciliação” é apenas uma forma de legitimar a expropriação das terras dos índios.
Durante o programa os âncoras discutiram a importância da autodemarcação das terras pelos próprios guarani-caiouá como uma estratégia fundamental na luta pela demarcação de suas terras. Eles argumentaram que a política de negociação havia chegado ao seu limite e que os índios precisavam adotar uma postura mais combativa. “Então é preciso ter uma estratégia de luta, ou seja, é preciso encarar aquilo como uma luta, porque Eu acho que ali nós estamos numa situação de meio que beco sem saída. A política do MPI de negociação chegou no limite.”
Renato complementou a discussão afirmando que a intensificação das retomadas e a autodemarcação poderiam desestabilizar os latifundiários, que estavam bem organizados e tinham recursos e apoio político. Ele mencionou que, se houvesse um grande movimento de retomada e autodemarcação, isso poderia forçar o governo a tomar medidas mais efetivas e abrir negociações reais sobre a demarcação das terras. Farac observou: “A grande questão é que eles atacaram uma série de retomadas ao mesmo tempo. Deu uma imobilizada no movimento. […] E outra coisa é isso, os latifundiários iam ficar perdidos, porque o que tem de área para ser retomada aí não é brincadeira. Isso ia desmobilizar o movimento deles, que não ia ficar centrado como está acontecendo em Douradina”, enfatizando que, se as retomadas se intensificassem, os latifundiários ficariam desorientados, já que haveriam muitas áreas prontas para serem retomadas.
Para assistir à discussão na íntegra, acesse o vídeo: Douradina é o exemplo: intensificar a autodemarcação – Programa de Índio nº 168 – 6/8/24 – YouTube