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Esportes

‘Doping’: EUA estão roubando nas Olimpíadas?

Agência reguladora de antidopping divulga relatório expondo os Estados Unidos, que alegam precisar drogar seus atletas para combater o tráfico humano

A Agência Mundial Antidoping (WADA) publicou um relatório expondo um escândalo de doping envolvendo a Agência Antidoping dos Estados Unidos (USADA), mostrando, no mínimo, a conivência dos EUA com o uso sistemático de substâncias proibidas por seus atletas. Com a conivência de sua própria agência antidoping, os atletas norte-americanos têm competido dopados em eventos internacionais, incluindo os Jogos Olímpicos, desde 2011. Enquanto isso, a Rússia, banida de competições globais sob acusações de doping, enfrenta sanções severas, destacando a gritante hipocrisia no tratamento diferenciado dado a diferentes nações.

Os EUA, por meio de pressões, impediram que a WADA divulgasse essas infrações desde 2011, com a USADA tendo encoberto as violações de doping por parte de seus atletas e, segundo a WADA, não sendo estes casos isolados, mas sim parte de um esquema organizado e sistemático que coloca em xeque a integridade do esporte global. A WADA afirmou que, em várias ocasiões, foi forçada pelos EUA a não divulgar essas infrações.

Este comportamento é especialmente ultrajante quando se compara ao tratamento dispensado a atletas russos, que foram banidos em massa de competições internacionais sob a alegação de um esquema estatal de doping. A Rússia tem sido um alvo constante de sanções esportivas e políticas, com seus atletas frequentemente proibidos de competir sob sua bandeira nacional. No entanto, enquanto a Rússia enfrenta consequências severas por suas ações, os EUA permanecem impunes, apesar das evidências de doping sistemático entre seus atletas e manipulação de entidades esportivas e reguladoras internacionais.

Essa duplicidade se estende além do mundo dos esportes e permeia a política internacional. A Rússia, que também foi alvo de sanções e exclusões sob o pretexto de sua participação em conflitos internacionais, vê-se em uma posição peculiar. Quando se trata de “Israel”, cuja ocupação dos territórios palestinos e as ações contra o povo palestino têm sido moderadamente condenadas por organizações internacionais, o tratamento é completamente diferente. “Israel”, que há décadas realiza uma campanha brutal e sistemática de opressão, se vê isento de punições que países como a Rússia sofrem. A guerra e a ocupação não apenas persistem, mas são, em muitos casos, ativamente apoiadas pelas mesmas potências imperialistas que impõem sanções severas a outras nações.

O caso da USADA exemplifica a maneira como o imperialismo manipula as regras internacionais a seu favor. Enquanto as potências capitalistas, lideradas pelos EUA, se posicionam como defensores da justiça e da integridade, elas mesmas violam essas normas com impunidade. A alegação da USADA, por sua vez, foi de que os atletas infratores deveriam ser liberados a competir porque atuariam “como informantes secretos”, sem informar o que iriam informar, de quem ou para quem. Em um dos casos, Travis Tygart, presidente executivo da agência norte-americana, disse que “é uma maneira eficaz de lidar com esses problemas maiores e sistêmicos”, referindo-se ao uso do doping, alegando que seria necessário que isso acontecesse para avançar uma investigação do FBI sobre um esquema de tráfico de pessoas e drogas. Novamente, a agência não deu detalhes sobre o incidente do suposto informante da USADA. Em suma, a alegação dos EUA de que seus atletas dopados atuam como “agentes secretos” para ajudar o FBI a combater o crime internacional é uma desculpa absurda que mascara a verdade: os EUA protegem seus próprios interesses e seus atletas, enquanto exigem que outras nações sigam regras que eles mesmos ignoram.

A hipocrisia do imperialismo fica ainda mais evidente quando se examina a questão sob a ótica das sanções impostas a “Israel”. Enquanto a Rússia é punida por suas ações na Ucrânia, Israel continua a agir com impunidade nos territórios ocupados. A campanha de limpeza étnica que o sionismo promove contra o povo palestino é um genocídio, enquanto a Rússia lançou uma operação de autodefesa. No entanto, ao contrário da Rússia, “Israel” não enfrenta sanções esportivas ou políticas de grande escala. Pelo contrário, é frequentemente apoiado pelos mesmos países que condenam a Rússia. Este é um claro exemplo de dois pesos e duas medidas, onde a mesma ação – ou uma ainda mais grave – é tratada de maneira completamente diferente dependendo do ator envolvido.

Os EUA, com seu histórico de uso de doping e manipulação das regras internacionais, continuam a se posicionar como líderes morais no cenário global. No entanto, a realidade é que eles, assim como “Israel”, desfrutam de uma proteção que lhes permite operar fora das normas internacionais sem enfrentar as consequências que outros países enfrentam. A questão da justiça no esporte é, portanto, inseparável da justiça na política global. Enquanto a WADA expõe a corrupção dentro da USADA, a comunidade internacional deve questionar se as instituições que deveriam garantir a equidade estão realmente cumprindo esse papel. Se as regras não são aplicadas de forma consistente e justa, então elas deixam de ser regras e se tornam ferramentas de controle político.

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