Em meio aos preparativos para a 19ª Cúpula do G20, que será realizada no Rio de Janeiro, o cenário político brasileiro se agita com a convocação de uma manifestação nacional em defesa da Palestina. O ato, marcado para o dia 18 de novembro, vem ganhando corpo e se tornou uma das maiores mobilizações recentes no Brasil contra as potências imperialistas. Duas figuras centrais, João Pimenta e Henrique Simonard, têm desempenhado papéis fundamentais nesse movimento, cada um concedendo entrevistas a diferentes órgãos, tratando da importância da demonstração pública do repúdio do povo brasileiro em especial aos países imperialistas, os principais responsáveis pelo genocídio do povo palestino.
Em sua participação no canal Nova Resistência, ocorrida no último dia 13, Pimenta foi enfático ao abordar a responsabilidade histórica e atual das potências imperialistas sobre a tragédia que acomete a Palestina. Por meio de uma análise crítica, situou o movimento em um panorama mais amplo, demonstrando que o ato do dia 18 não se restringe a uma crítica ao G20 como um todo. Ele explicou que o Brasil, ao lado de Rússia e China, ocupa uma posição peculiar no cenário internacional, sendo também alvo de pressão e agressões econômicas e políticas das potências ocidentais. Para ele, a manifestação representa uma resistência coletiva contra a opressão imperialista, com o G7, bloco liderado pelos Estados Unidos, assumindo o papel de principal foco de críticas.
De acordo com Pimenta, o objetivo não é apenas atrair a atenção para a questão palestina, mas também provocar uma reflexão sobre a posição que o Brasil deve adotar frente ao imperialismo. Ele defendeu que o País, ao assumir posturas mais alinhadas aos interesses de seu próprio povo e aos interesses de nações oprimidas, pode exercer um papel de resistência dentro do G20. “O Brasil precisa atuar com independência, tomando decisões que não se submetam aos interesses dos Estados Unidos e seus aliados. Nosso governo tem a obrigação moral de defender os oprimidos, e essa postura começa ao lado da Palestina”, declarou João, enfatizando a importância de um apoio firme e público do governo Lula à luta palestina.
Já Henrique Simonard, também um jovem dirigente do PCO, corroborou esse ponto ao canal Mesa de Debates, em conversa ocorrida também no dia 13, onde detalhou as motivações e expectativas do Partido com a mobilização nacional. Simonard explicou que, embora o ato aconteça durante a cúpula do G20, ele se dirige especialmente aos países do G7, como EUA, Reino Unido, Alemanha e França, que possuem um histórico longo de apoio incondicional à opressão israelense contra os palestinos. “Esses países não só financiam o massacre como também apoiam ativamente a política expansionista de Israel, ignorando os direitos e a dignidade dos palestinos”, afirmou Simonard, argumentando que o G7 representa os interesses imperialistas que ditam políticas de repressão e dominação em diversas partes do mundo.
Em sua entrevista, Simonard ressaltou que o protesto será uma oportunidade para reunir as forças de esquerda no Brasil, exercendo pressão sobre o governo Lula para adotar uma postura mais firme em relação ao imperialismo e à situação palestina. Segundo ele, o apoio brasileiro à Palestina é crucial, não só pelo impacto simbólico, mas também porque pode influenciar políticas internacionais e fortalecer a solidariedade com outros países oprimidos. “Precisamos de um governo que esteja disposto a não se dobrar aos interesses dos EUA, um governo que tenha coragem de dizer não à opressão imperialista e apoiar, sem hesitação, a luta do povo palestino”, enfatizou.
Ambos destacaram que a articulação para o ato do dia 18 não se limita ao PCO; diversos partidos e movimentos internacionais, como o Partido Comunista Americano (ACP, na sigla em inglês), além de grupos da Bolívia e Venezuela, estão envolvidos na mobilização. A participação de lideranças do PT e de sindicatos brasileiros também reflete a abrangência da causa e seu potencial de unificar a esquerda em torno de uma denúncia contundente ao imperialismo. Simonard expressou, contudo, sua insatisfação com o fato de que alguns setores da esquerda preferiram organizar um ato no dia 16 exclusivamente contra o G20, evitando a adesão ao protesto do dia 18. “Perdemos uma oportunidade de unir forças. A luta contra o imperialismo precisa ser coletiva, e é um erro estratégico fragmentar o movimento nesse momento crucial”, afirmou ele, mas reiterou o convite a esses grupos, destacando que a unidade fortaleceria o impacto da manifestação.
João Pimenta e Henrique Simonard concordam em um ponto crucial: o ato do dia 18 será uma plataforma para expor o papel dos países do G7 no apoio e financiamento à ocupação e ao massacre na Palestina. Ambos veem a participação de Lula como essencial, lembrando que, como representante de um País que historicamente se coloca ao lado dos oprimidos, o presidente tem a obrigação de assumir uma posição ativa nessa questão. Para Pimenta, essa postura pública do governo seria uma reafirmação de que o Brasil está comprometido em romper com as amarras da subserviência imperialista, enquanto Simonard aponta que essa é a oportunidade de o governo Lula se consolidar como uma liderança na defesa dos oprimidos no cenário internacional.
O tom das entrevistas é claramente de convocação e apelo à unidade, com uma denúncia incisiva ao imperialismo e uma crítica à postura branda adotada por alguns setores da esquerda brasileira. Para ambos os líderes, a luta pela Palestina é mais do que um tema de solidariedade: é um ato de resistência contra a dominação imperialista que se impõe sobre diversas nações. João Pimenta enfatizou a necessidade de manter a pressão sobre o governo e mobilizar a população em um movimento contínuo que vá além do evento do G20, mas que utilize essa visibilidade para amplificar a voz dos que estão sob o peso da opressão.
O dia 18 de novembro será, portanto, um marco na resistência à opressão imperialista, com o Brasil no centro dessa mobilização internacional. A união entre brasileiros e movimentos internacionais demonstra que a luta pela Palestina é parte de uma luta maior contra as políticas de repressão e domínio do G7. Com a participação de lideranças como os jovens dirigentes do PCO, o ato promete ser uma demonstração de força e solidariedade ao povo palestino, enquanto representa uma exigência ao governo brasileiro para que assuma uma postura coerente com os valores de independência e defesa dos oprimidos.
Ao final, Pimenta e Simonard deixaram claro que o movimento deve avançar para além do dia 18, criando um espaço permanente de resistência e articulação contra as agressões imperialistas.