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Análise Política da Semana

Direito ao aborto, liberdade de expressão e eleições na Europa

Em sua tradicional Análise, Rui Costa Pimenta discute como a esquerda pequeno-burguesa e a direita se igualam no identitarismo. Fala ainda da questão do aborto e avanço do fascismo

Na Análise Política da Semana do último sábado (22), Rui Costa Pimenta, presidente nacional o PCO, começou falando das atividades partidárias do próximo período. Destacou o curso que será ministrado na Universidade de Férias, que será a respeito dos 100 anos da morte Lênin (1870-1924).

Esse tema tem uma importância de caráter geral, além, é claro, do próprio Lênin; pois a política seguida pelo bolchevismo, que levou à Revolução de 1917, é uma parte fundamental do que se chama de marxismo.

O marxismo não é uma teoria abstrata ou acadêmica. O marxismo é a teoria da revolução proletária, da luta de classes, da tomada de poder e do estabelecimento da ditadura do proletariado. O estudo da Revolução de 1917 é uma parte fundamental do estudo do marxismo, além do conhecimento das obras de Marx e Engels.

Também não adianta se dizer marxista quem não for partidário e defensor da Revolução Russa. É preciso compreender e incorporar as lições da Revolução, ou se cai em um marxismo abstrato, como acontece com setores pequeno-burgueses da esquerda.

Liberdade de expressão

Nesse trecho, Pimenta discute que a questão palestina desmascarou a suposta liberdade de expressão defendida pela extrema direita nacional. Alguns desmiolados de esquerda apresentaram a tese “ultramoderna” de que a defesa da liberdade de expressão seria um programa não da direita, mas da extrema direita. O grande defensor da liberdade de expressão irrestrita seria o fascismo.

Essa tese, como se viu, foi bastante original, pois todos acreditavam que o fascismo seria oposto a qualquer liberdade. A esquerda pequeno-burguesa, que não consegue resistir ao imperialismo, disse que a Internet, a liberdade de expressão desestabilizam os regimes democráticos no mundo. Pimenta ironizou que deve ser por isso que estamos vendo a “democracia” francesa afundando e a ascensão da extrema direita devido à Internet e à liberdade de expressão. Como não conseguiram impedir os franceses de pensar e falar o que quisessem, o fascismo tomou conta.

Trata-se de uma verdadeira loucura que nasceu com a política woke, notadamente na questão do racismo. Poucos discordam que é ruim ofender alguém de pele negra, deduziu-se daí que é preciso proibir as pessoas de falarem qualquer coisa a respeito. O STF, que é uma verdadeira fábrica de leis, pegou a lei do racismo e passou a aplicá-la para praticamente todo tipo de insulto.

Foi criada uma censura do bem, progressista, em nome de que a sociedade viva em equilíbrio. Como se, por exemplo, a proibição de falar das mulheres melhorasse a condição delas mil por cento.

Ficou claro, com a questão palestina, que a “censura original do bem” é feita pelo sionismo. Não se pode criticar o Estado de “Israel”. Não se pode discutir, segundo eles, o Holocausto na Segunda Guerra Mundial, pois isso seria “negacionismo”. Não se pode dizer que existe um lobby sionista sobre diversos governos que os fazem apoiar todo tipo de carnificina que os sionistas praticam na Faixa de Gaza, pois seria “teoria da conspiração” e, para piorar, contra judeus, o caracterizaria antissemitismo.

Criou-se, com isso, todo um clima, além da proibição de livros que discutiam, ou mesmo negavam o Holocausto, que transformou qualquer crítica em antissemitismo. E este tem um status especial, pois se pode ter tranquilamente preconceito contra qualquer raça, mas contra os judeus, se tornou uma coisa monstruosa.

Constata-se com isso que a extrema direita, e também a esquerda identitária, têm a mesma concepção com relação à liberdade de expressão.

O PCO recebeu inúmeras agressões nas redes sociais por dizer que o lado do Hamas tem que ser ouvido. Quando o Partido disse que isso era censura, tentaram rebater que não se tratava de liberdade de expressão, mas de apologia de crime, de terrorismo; o que justificaria a censura.

A questão da apologia

Pimenta fez um comentário do que significa a tal apologia. Para quem quiser consultar um dicionário, essa palavra significa um determinado tipo de discurso, é a palavra, é falar, é a expressão de determinado pensamento. Ao se fazer a defesa de determinada coisa, se faz apologia. Trata-se ainda de um gênero literário. A proibição da “apologia do crime” é a proibição da expressão de um determinado pensamento, é censura igual a qualquer outra.

A diferença entre o identitário de esquerda para o de direita, é que o primeiro grita “homofobia!”; enquanto o segundo grita “é crime!”, ou “é terrorismo!”. É a “censura do bem” de ambos os lados e com o mesmo critério. Aquilo que eles consideram como sendo ruim, tem que ser censurado.

Tanto essa esquerda quanto a extrema direita tentam se apoiar nas leis. No entanto, o fato de uma lei existir não significa que ela seja legítima. E qualquer um que se diz defensor da liberdade deveria dar o direito às pessoas de contestarem, ou já nem seriam mais leis, mas dogmas.

Durante a Análise, Pimenta fez uma pergunta interessante: se o Congresso criar uma lei que equipare o aborto ao homicídio, e alguém defender o aborto, não seria apologia ao crime? Podemos ou não pedir a revisão de uma lei? Podemos ou não pedir que as mulheres tenham esse direito?

A lei que pune a “a apologia ao crime” é, em si, uma legislação criminosa. Não se poderia impedir as pessoas de dizerem e defenderem aquilo que pensam.

O posicionamento da esquerda é extremamente prejudicial, pois permite que a extrema direita se apresente como a defensora da liberdade.

Questão do Aborto

Na Análise, foi feito um aprofundamento do debate sobre a questão do aborto, pois a direita, que utilizou o tema para atacar o governo, dizendo que Lula seria a favor do aborto, introduziu no debate a questão do prazo admissível (22 semanas) para que se possa abortar, mas isso é apenas uma desculpa. Nada impede que, uma vez aceita a proposta, esse prazo fique cada vez menor.

O que a direita quer é equiparar o aborto ao assassinato de crianças. Uma vez introduzida essa proposta, a questão do prazo é acessória. Para nós, interessa colocar a discussão do ponto de vista da esquerda democrático. É preciso acabar com esse crime imaginário. O aborto precisa ser garantido para as mulheres. Essa é a única resposta correta para esse problema.

Pimenta demonstrou que a direita progride no Brasil e no mundo se apoiando em questões ideológicas, como essa, do aborto, que é importante porque apela para as convicções religiosas de determinadas pessoas.

A esquerda, por sua vez, não entra no debate ideológico. Se preocupa tanto com garantir que um homem entre em um banheiro feminino, mas não luta pelo direito integral das mulheres ao aborto, que é muito mais importante, pois trata dos direitos de milhões de pessoas, afeta pelo menos a metade da população brasileira.

Até agora, a esquerda tem sido defensiva, se apega à questão do estupro, e não à defesa propriamente dita do direito ao aborto. Com uma posição recuada, fica claro que a esquerda vai perder o debate.

O avanço do fascismo na Europa

Outro tema importante discutido por Rui Costa Pimenta é o avanço da extrema direita nas eleições europeias, principalmente na França.

O fracasso da “democracia” na Europa se dá pelo fato de que, por incrível que pareça, a extrema direita tem uma política econômica muito mais voltada para a proteção da economia da população, enquanto os “democratas” levam adiante uma política neoliberal que está esfolando e empobrecendo a população.

A esquerda está naufragando porque quer fazer uma frente com as “democracias” que estão afundando, que são amplamente repudiadas, e essa política não tem como dar certo.

Ato do dia 30

Finalmente, o presidente do PCO falou sobre o ato do dia 30 em favor da Palestina. Que esse será um ato muito democrático, no qual, ao contrário do que fazem contra o Partido, todos terão direito de falar e levar suas bandeira.

Pimenta destacou ainda a importância da campanha, que é tão ou mais importante do que o ato. E que é um momento importante para conversar com as pessoas e fazer o debate político.

Não deixe de assistir na íntegra a mais esta edição da Análise Política da Semana:

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