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Assembleia da ONU

Diplomacia brasileira tem que parar de ser pró-imperialista

Guinada à direita do governo resultará em um desastre

O editorial Diplomacia precisa se concentrar na crise do clima, publicado na edição de 25 de setembro do jornal Folha de S.Paulo, é uma boa demonstração tanto do cinismo da imprensa burguesa quanto do fracasso total da política externa do governo Lula.

O texto se dedica a criticar o presidente Lula por julgar que o mundo continuava a obedecer aos vetores da primeira década do século 21, que permitiram uma fugidia exposição internacional relativamente favorável de países com as características do Brasil”. Até aí, poderíamos dizer que a Folha tem razão. Nos primeiros anos do século XXI, quando Lula chegou à presidência pela primeira vez, a situação internacional era outra. Ainda que fosse dever de um governo de esquerda se posicionar em relação a temas importantes, como condenar a intervenção imperialista o Haiti, condenar a invasão do Iraque e do Afeganistão e condenar os sucessivos massacres provocados por “Israel” nos territórios palestinos, fato é que o mundo estava menos polarizado.

Isto é, naquele momento, a luta entre o imperialismo e os países oprimidos, ainda que estivesse produzindo monstruosidades, não havia adquirido um caráter de enfrentamento aberto e consciente de dois grandes blocos políticos. Sendo assim, a pressão do imperialismo para que os países adotassem uma postura beligerante contra seus inimigos era menor e, ao mesmo tempo, a inação dos governos causava um estrago muito menor.

Hoje, temos praticamente uma grande guerra em curso. O que faz com que o imperialismo esteja pressionando todos os países sob sua influência a colaborarem com um programa profundamente contrarrevolucionário. A “cara” do governo latino-americano apoiado pelo imperialismo hoje é o de Javier Milei, que está arrancando a pele dos argentinos de uma maneira que até antes era inimaginável. É o de Nayib Bukele, que se orgulha de ter prendido 2% da população de El Salvador.

Na medida em que aumenta a polarização política, os governos em todo o mundo terão de se decidir. Ou serão cúmplices de uma política duríssima de repressão e de arrocho econômico, ou serão aliados de países como Rússia, China e Irã, que buscam pôr um fim na ditadura mundial comandada pelos Estados Unidos.

Segundo o artigo da Folha, Lula teria umaimodéstia que lhe é peculiar” e estaria decidido a “perambular pelo planeta, ao lado de seu assessor para assuntos ideológicos Celso Amorim, com a firme convicção de que era um iluminado destinado a desfazer os mais graves impasses geopolíticos”. A Folha não deixa margem para dúvidas: para ela, a política de Lula não serve para a atual etapa.

O cinismo está em dizer que Lula atua de maneira “ideológica”. Essa calúnia, bastante comum contra governos de esquerda, significa, basicamente, dizer que um determinado governo ou um determinado presidente não age com base no “bom senso”. E o que seria esse “bom senso”? Ora, aquilo que diz a grande imprensa! Isto é, o que diz o imperialismo. Defender um golpe de Estado na Venezuela, por exemplo, seria o “normal”, pois é o que a Folha de S.Paulo prega. Qualquer coisa diferente disso seria “ideologia”.

O jornal deixa isso claro no seguinte trecho:

“Afinal, o líder petista não conseguiu nem sequer afiançar eleições limpas na Venezuela, vizinho do norte, depois de toda a bajulação à ditadura de Nicolás Maduro. Vive às turras também com o vizinho do sul, a Argentina, e nesse caso muito em razão da irascibilidade de Javier Milei. Quem tem um desempenho sofrível como esse nas linhas fronteiriças não deveria se atrever a resolver conflitos no Oriente Médio e no leste da Europa. Melhor cuidar da casa, que não vai bem.”

O curioso é que Lula não está agindo de maneira “ideológica” em nenhum desses casos. Pelo contrário, ele está capitulando diante da pressão do imperialismo. Ao contrário de governos como o da hondurenha Xiomara Castro, Lula até agora não reconheceu a vitória de Nicolás Maduro. Ao contrário até de governos muito conservadores, como o do turco Recep Erdogan, Lula tem criticado o levante armado do Hamas, no que praticamente significa dizer que “Israel” estaria certo em invadir os territórios palestinos.

A verdade é que Lula está cada vez menos “ideológico”. Isto é, está cada vez mais abrindo mão a defesa dos interesses ods países oprimidos, está cada vez menos alinhado aos BRICS, e cada vez mais alinhado à política oficial do imperialismo.

O fato de que a Folha tem aumentado as críticas contra o governo mostra, em primeiro lugar, a falência desse tipo de política. Mostra que capitular diante da pressão do imperialismo não apenas não garante que os interesses dos oprimidos sejam satisfeitos, mas que nem mesmo garante a sustentação do governo. Lula, por mais bem comportado que se mostre, continuará sendo visto como um obstáculo para uma política ferozmente pró-imperialista, como é a do governo Milei.

Outra conclusão importante é a de que a Folha, ao criticar duramente o papel da diplomacia de Lula, está atacando um dos aspectos pelos quais Lula era elogiado em todo o mundo. Isto é, seu prestígio internacional. Mostra, portanto, que a burguesia imperialista, longe de considerar que Lula possa ser uma ponte para que seus planos sejam concretizados, considera que é alguém que deve ser derrubado. E, a depender do nível de fraqueza que o governo demonstrar ter, isso pode não tardar.

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