Expedito Mendonça

Militante trotskista há 40 anos, fundador e atual diretor do Sindsep-DF. Formado em História pela UniCEUB, membro da comissão de redação do Jornal Causa Operária e colunista do Diário Causa Operária.

Coluna

Desvio de conduta ou conduta criminosa?

Tarcísio e Derrite, depois de espalharem o terror contra a população, pedem aos novos comandantes da PM que sigam normas e protocolos

Na manhã do dia 13 de dezembro, em meio a uma cerimônia de formatura de oficiais da Polícia Militar do Estado de São Paulo – reconhecidamente uma das forças militares mais letais do País – (senão a mais letal e criminosa), o governador bolsonarista do mais importante Estado da federação, Tarcísio de Freitas (Republicanos) – ele mesmo um militar do Exército brasileiro -, e seu não menos criminoso secretário de segurança pública, Guilherme Derrite (PL) pediram que os novos oficiais da PM “liderem as tropas com base na legalidade, garantam o cumprimento dos procedimentos operacionais ensinados e impeçam desvios de conduta de seus subordinados”.

A recomendação aos novos comandantes oficiais da PM paulista vem logo após os aberrantes e sucessivos casos de violência policial das últimas semanas, vistos por todo o país através das filmagens feitas por populares, onde os PM’s, cientes da garantia da impunidade, realizam os mais abjetos atos de barbárie, violência, abuso e sadismo contra a população do Estado, notadamente os pobres e negros que habitam as periferias das cidades paulistas.

Ora, trata-se de uma completa e total ingenuidade acreditar que haja qualquer “desvio de conduta” na ação criminosa e assassina da PM paulista. Os comandados de Tarcísio e Derrite agem de acordo com as instruções que recebem da hierarquia superior da força militar; ou seja, tratar com a mais extrema violência a camada social pobre da sociedade, da população. Nunca a PM paulista agiu fazendo uso da violência contra a população dos bairros de classe média e alta da capital e das cidades do interior.

Vale destacar que os casos de violência se mostram tão escabrosos que nem mesmo setores direitistas que sempre apoiaram a ação violenta da PM contra a população pobre pouparam críticas ao governador e seu secretário de segurança. Obviamente que a “condenação” aos atos de violência da PM nada tem a ver com uma suposta compaixão da direita reacionária às vítimas das agressões policiais, mas única e tão somente por conta dos prejuízos que essa conduta causa à imagem do atual governador paulista, declaradamente já candidato às eleições presidenciais de 2026. Parece piada, mas o homem que chefia a PM mais criminosa do país é visto pela imprensa burguesa-capitalista como um político “moderado”, talhado sob medida (de acordo com os setores direitistas) como o “mais preparado” para ocupar o mais alto posto do País.

O fato é que as PMs em todo o Brasil não podem ser reformuladas ou enquadradas em normas e condutas de acordo com protocolos de respeito e civilidade, pois elas não foram criadas para agir dessa forma e sim para intimidar, amedrontar, reprimir e atacar a população pobre, explorada e indefesa do País. A única forma de não mais existir a violência policial é acabar, por fim à instituição, exigir a sua dissolução, substituindo-a por um sistema de milícias populares, com seus postos de comando eleitos e controlados diretamente pela própria população.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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