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Camilo Duarte

Militante do PCO e colunista do Diário Causa Operária. É formado em Física pela UFPB.

Coluna

Destruição no acampamento de Canudos

Na noite desse sábado, dia 8 de junho, jagunços armados e encapuzados invadiram o acampamento de Canudos do MST

Na noite desse sábado, dia 8 de junho, jagunços armados e encapuzados invadiram o acampamento de Canudos do MST. Os capangas expulsaram as famílias de seus barracos e atearam fogo, destruindo o pouco que os acampados tinham.

A incursão em Canudos

O ataque desde dia 8 iniciou-se às 20h30, prolongando-se por aproximadamente uma hora. A investida foi composta de quatro homens armados e encapuzados. As famílias assentadas foram surpreendidas, os homens tiveram sua mãos imobilizadas com abraçadeiras plásticas, as mulheres e crianças foram colocados no pátio externo para assistir aos barracos com todos os seus bens arderem nas chamas.

Na abordagem, homens se identificavam como policiais, entre gritos, os agressores afirmavam que “estavam fazendo o bem”. Eles utilizaram um líquido inflamável para atear fogo em todo o interior dos barracos.

A primeira vítima foi a assentada Gerlane Alves, 24 anos, seu companheiro Wilian Alexandre, 26 anos, e seus dois filhos, com cinco e dois anos. Os assaltantes não permitiram retirar nenhum pertence dos barracos, nem mesmo das crianças.

“Deixaram a gente assistir tudo nosso pegar fogo. Sensação horrível. Perdi tudo, né. E ainda ver minha filha desesperada chorando e eles dizendo que iam nos matar. Dá uma revolta muito grande. Minha força foi Deus. Mal eu tinha conseguido e eles destruíram tudo”, testemunha Gerlane.

Após cerca de uma hora nessa tortura, os milicianos se retiraram ameaçando os assentados para irem embora e nunca mais voltassem ali. Mesmo após sofrerem tamanha violência, as famílias acampadas conseguiram controlar o fogo.

Onda de terror

As famílias denunciam que há dois anos vêm sofrendo ameaças de funcionário da fazenda. O mesmo já havia divulgado que colocaria fogo no acampamento e expulsaria os acampados, uma ameça que se concretizou.

Conforme o relato das famílias, no último dia 30 do mês maio, foi realizado por representantes do INCRA-PB e da coordenação estadual do MST o cadastramento para identificação das famílias pertencentes à ocupação naquele território. Na mesma semana, o proprietário da fazenda visitou o local acompanhado do que seria um possível comprador do imóvel.

A apuração do crime está sob tutela da Comissão Estadual de Prevenção à Violência no Campo, defensoria pública e pela delegacia de Polícia Civil da cidade de Queimadas. Amontoam-se as denúncias, e as famílias continuam expostos aos caprichos dos latifundiários e seus jagunços.

Acampamento Canudos

Esse acampamento é proveniente de uma ocupação realizada pelo MST há 10 anos, o mesmo abriga 56 famílias. Os trabalhadores rurais reivindicam a desapropriação da fazenda Canudos, uma propriedade com uma área aproximada de três mil hectares, em estado de abandonada, improdutiva, descumprindo sua função social.

Alterando a realidade da especulação latifundiária, o acampamento de Canudos produz palmas, milho, feijão, jerimum, melancia, batata-doce, além de criação de pecuária, caprino, suínos e aviaria. Fazendo com que a terra realize um papel social com interesse coletivo.

Autodefesa no campo

Esse é apenas mais um caso que coloca a necessidade urgente de autodefesa dos trabalhadores do campo. A luta pela terra adquire a cada dia um tom mais encarniçado, há muito necessitamos discutir o armamento do trabalhador do campo para sua autodefesa.

Os casos de violência contra assentados, ribeirinhos, quilombolas e índios aumentam a cada dia, com a conivência dos agentes estatais. É preciso organizar esses trabalhadores e proporcionar um meio real e efetivo de autodefesa, não podemos apenas aguardar pacificamente o próximo homicídio promovido pelos latifundiários pela terra.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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