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Guerra em Gaza

Desespero: exército sionista pressiona Netaniahu por cessar-fogo

A nova onda de conversas sobre o cessar-fogo está sendo levada adiante pela cúpula das forças armadas sionistas, agora só resta a extrema direita como pilar da guerra

Após nove meses de guerra na Faixa de Gaza, a situação está ficando insustentável para o exército sionista. A resistência palestina conseguiu resistir ao exército israelense e, ao mesmo tempo, as outras frentes da resistência, Hesbolá, FMP do Iraque e Iêmen, pressionam muito o Estado de “Israel”. Assim, pela primeira vez, as forças armadas de “Israel” estão pressionando pelo acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza. Isso se expressa nas reuniões de discussão no Catar.

O portal de imprensa al-Akhbar divulgou informações muito importantes sobre a reunião. “Enquanto as delegações israelense, norte-americana e egípcia se reuniam em Doa ontem, sob a hospitalidade do governo do Catar, no que foi descrito como a ‘cúpula quadripartida’, os israelenses estavam reagindo às evoluções das negociações e expressando suas posições diretamente sobre elas. Ficou claro que a instituição militar, desde o ministro da Defesa Joabe Galante até os chefes dos diferentes serviços de segurança, incluindo o Chefe do Estado-Maior do Exército Israelense, Herzi Halevi, está pressionando pela assinatura de um acordo com o movimento Hamas que garanta a libertação dos prisioneiros israelenses, mesmo que o custo seja alto”.

Esse fator é importantíssimo. Toda a cúpula militar está passando na frente do governo Netaniahu, que tem como posição não parar a guerra, e pressionando pelo cessar-fogo. O exército já dava sinais de exaustão, um deles foi quando o porta-voz das forças armadas afirmou que o Hamas não seria derrotado, praticamente declarando a derrota de “Israel”. Outro foi quando aprovaram o alistamento dos judeus ultraortodoxos (haredi), que são radicalmente contra a guerra. Isso abriu uma crise gigantesca e, mesmo assim, levaram essa política adiante, o que mostra que a situação militar é grave. Se o exército está prestes a se desintegrar, o cessar-fogo agora é a opção menos humilhante.

O al-Akhbar ainda afirma que: ontem, Galante disse, em uma cerimônia de formatura da ‘Escola de Segurança Nacional’, que ‘teremos uma janela limitada de oportunidades para cumprir nosso dever moral de trazer os sequestrados de volta’, acrescentando que ‘as condições que surgirem como resultado do acordo fortalecerão nossos interesses nacionais e de segurança, enquanto o exército israelense e as forças de segurança sabem como superar os riscos que podem surgir’. Galante acrescentou: ‘Além de derrotar o Hamas, é adequado, correto e necessário fazer um acordo para trazer os sequestrados de volta’, enquanto Halevi afirmou que ‘um acordo para trazer os prisioneiros de volta é importante em termos éticos e carrega os valores fundamentais necessários para uma sociedade exemplar que deseja viver”.

Na última semana, Galante já havia afirmado que o acordo está mais perto do que nunca, o que demonstra que os militares estão muito voltados para essa política O enfoque nos prisioneiros é porque essa seria a sua desculpa para não parecer que foram derrotados. Em sua propaganda, eles fariam o acordo para salvar o seu povo, e não porque foram totalmente derrotados pela resistência.

O Hamas, com sagacidade política, captou essa oportunidade e mudou os termos do acordo para parecer que estavam cedendo. A mudança é simples: ao invés de exigirem o cessar-fogo permanente, pediram o cessar-fogo de 42 dias com a garantia que, durante esse tempo, se discuta o cessar-fogo permanente. Para “Israel”, seria quase impossível retirar todas as tropas de Gaza e realizar a invasão por completo depois de 42 dias, então, essa proposta é quase que garantida de levar ao cessar-fogo permanente. Tanto é que Netaniahu negou esse acordo.

A extrema direita da extrema direita

Mas se a cúpula das forças armadas está com a posição do cessar-fogo, por que a guerra na acaba imediatamente? Porque a ala mais de extrema direita, de um governo que já é de extrema direita, está radicalmente contra o fim da guerra e sua força política é enorme. O mesmo artigo cita: “[os ministros desse bloco] expressam abertamente sua oposição ao acordo se isso exigir concessões de Israel, especialmente a cessação da guerra, e insinuam a possibilidade de dissolver o governo se Netaniahu prosseguir com o acordo, este último evita declarar uma posição clara, mantendo um tipo de cautela e ambiguidade”.

Essa extrema direita não é apenas um grupo de parlamentares no governo. Primeiro, eles fazem parte da coalizão de Netaniahu e, portanto, se saírem do governo, ele perde a maioria no Parlamento. Segundo, eles tiveram meio milhão de votos em 2022, metade do partido de Netaniahu. Mas, diante da polarização e da guerra, sua popularidade cresceu ainda mais. Terceiro, essa extrema direita é muito organizada e armada. Sua base é a Cisjordânia ocupada, onde milícias de colonos fascistas existem em todo território. Nos últimos noves meses, milhares de fuzis foram distribuídos para esse setor. É muito perigoso se indispor com eles. Por isso, esse grupo tem força o suficiente para impedir o fim da guerra.

Diante dessa pressão das duas mais importantes forças políticas, a cúpula dos militares de um lado e a extrema direita do outro, Netaniahu tenta ganhar tempo sem saber o que fazer. A emissora libanesa Al Mayadeen publicou informações sobre os debates de cessar-fogo nessa quinta-feira (11). A fonte afirmou que “Israel” está demorando para dar respostas claras às exigências do Hamas sobre o cessar-fogo.

Segunda a emissora, não parece haver qualquer progresso real nas negociações que estão ocorrendo no Catar, e “Israel” está tentando ganhar mais tempo no processo. Também afirmou que Netaniahu está tentando prolongar as negociações e evitar dar respostas claras até seu retorno dos Estados Unidos, onde ele deve fazer um discurso perante o Congresso. Por sua parte, o Hamas anunciou, na quinta-feira, que ainda não recebeu nenhuma nova informação dos mediadores sobre as negociações para um cessar-fogo e troca de prisioneiros.

Esta última informação é importantíssima. Diante do desespero total da cúpula das forças armadas e de Netaniahu, a visita do primeiro-ministro de “Israel” aos EUA parece ser sua última carta no baralho. Mas ter esperança que o governo Biden conseguirá resolver algo também é uma grande demonstração de desespero. O Hamas, por sua vez, segue certo de que está no caminho da vitória. O partido está firme; seus inimigos, cada vez mais desorientados.

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