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Editorial

Desastre eleitoral comprovou impopularidade do identitarismo

Esquerda deve lutar por um programa revolucionário que enfrente os capitalistas e promova mudanças profundas no Brasil

As eleições de 2024 trouxeram à tona uma realidade óbvia, mas que muitos não querem admitir: a esquerda sofreu uma derrota significativa, devido à sua adesão à política identitária e à falta de uma política programática coerente. A frente ampla, usada como estratégia pelo PT e outros partidos da esquerda, resultou em um fracasso eleitoral avassalador.

Primeiramente, o desastre eleitoral da esquerda se reflete na falta de independência política, o que ficou claro nas cidades em que o Partido dos Trabalhadores (PT) abriu mão de lançar candidatos próprios em nome de alianças com partidos de centro e até da direita. Um exemplo claro é o Rio de Janeiro, onde o PT optou por apoiar Eduardo Paes, um político historicamente associado à burguesia carioca. O voto útil, amplamente promovido como uma forma de evitar a vitória da extrema direita, acabou fortalecendo os próprios setores direitistas.

A política identitária, por sua vez, foi outro fator importante para o fracasso eleitoral da esquerda. Uma parcela significativa do eleitorado rejeita esse tipo de política, que tem dominado a esquerda e parte significativa do governo Lula. Esse descontentamento ficou evidente na votação expressiva de candidatos mais conservadores e alinhados com a direita. Ao priorizar questões identitárias e não focar em um programa voltado para resolver questões econômicas e sociais urgentes, como a fome e o desemprego, a esquerda se distanciou das massas.

A capitulação do governo Lula diante do sionismo e do imperialismo também foi um fator decisivo na perda de apoio popular. A questão de Gaza, por exemplo, foi um desastre de relações públicas para a esquerda. Enquanto a maioria da população brasileira demonstrou solidariedade ao povo palestino, o governo brasileiro, sob pressão de ONGs e entidades pró-sionistas, manteve uma postura tímida e às vezes até de conivência em relação aos ataques de “Israel”

Enquanto a esquerda continuar abraçando essas políticas, sem uma verdadeira independência política e um programa que enfrente de forma contundente os problemas estruturais do país, o resultado será sempre o mesmo: a derrota eleitoral e o caminho aberto para o avanço da extrema direita.

A esquerda deve abandonar a política identitária, que é promovida pelas ONGs e pelo imperialismo para desviar o foco das verdadeiras questões sociais, e lutar por um programa revolucionário que enfrente os capitalistas e promova mudanças profundas no Brasil. Do contrário, verá um avanço ainda maior do bolsonarismo no País.

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