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Eleições na Geórgia

Derrota leva imperialismo a tentar revolução colorida na Geórgia

Líder da oposição ao governo eleito alega fraude por interferência russa sem, no entanto, apresentar provas, chamando protestos contra vencedores

Neste sábado (26), realizaram-se as eleições gerais na Geórgia, país do Cáucaso. Como já era esperado, o Sonho Georgiano, partido no poder, saiu vitorioso, obtendo 54,08% dos votos e garantindo 89 cadeiras de um total de 150. Conforme a lei georgiana, essa quantidade é mais que suficiente para garantir a escolha do próximo primeiro-ministro e seu gabinete, que exigem uma maioria de 76 parlamentares.

Em função dos embates constantes entre o Sonho Georgiano e o imperialismo nos últimos anos, a oposição pró-imperialista recusou-se a reconhecer o resultado eleitoral. Atual presidente, Salome Zourabichvili alega, sem qualquer prova, que o pleito foi uma “total fraude” e comparou-o às “eleições russas”, afirmando que a Geórgia teria sido alvo de uma “operação especial russa”, sem explicar, no entanto, como os russos teriam conseguido essa proeza com a própria Zourabichvili na chefia do governo, indicando se tratar de mais uma das acusações infundadas que visam desacreditar o governo eleito.

Para engrossar o discurso pró-imperialista, Zourabichvili ainda se autodenominou representante da “única instituição independente que restou neste Estado”. “Independente”, nessas circunstâncias, é um eufemismo para instituições burocratizadas e totalmente alinhadas aos interesses imperialistas, como “banco central independente”, “polícia federal independente”, e outras estruturas que visam assegurar a submissão ao imperialismo.

Em tom derrotista, Zourabichvili, que nasceu na França e só chegou à Geórgia em 2004, afirmou que “não veio a este país para isso”. Com carreira construída na esteira da Revolução das Rosas (2003) — uma revolução colorida liderada pelo lacaio do imperialismo Mikheil Saakashvili, do qual foi ministra das Relações Exteriores —, a presidente mostrou-se fiel ao papel de agente do imperialismo no país.

Demonstrando desespero, Zourabichvili convocou protestos em massa para esta segunda-feira contra o resultado das eleições. No domingo (27), um pequeno grupo de manifestantes já se reuniu em frente ao parlamento, exibindo bandeiras da Ucrânia, da União Europeia e faixas com os dizeres “Geórgia não é a Rússia”. Porém, as tentativas de criar grandes mobilizações populares não surtiram efeito.

A oposição pró-imperialista, composta pelo Movimento Unidade Nacional e pela Coalizão por Mudança, também rejeitou o resultado das urnas, ameaçando boicotar o parlamento. Em tom alarmista, os líderes da oposição afirmam que o Sonho Georgiano “roubou o futuro europeu do país”, em clara defesa da política imperialista.

Nem os Estados Unidos e nem a União Europeia reconheceram os resultados das eleições. Em declaração conjunta, o Alto Representante da UE Josep Borrell e a Comissão Europeia exigiram que o governo georgiano investigue supostas “irregularidades”, alegando que isso seria necessário para “reconstruir a confiança no processo eleitoral”. Do lado dos EUA, o secretário de Estado Antony Blinken, ecoou a rejeição, criticando “violação das normas internacionais” e pedindo uma “investigação completa”. Já o ex-parlamentar e ex-primeiro-ministro conservador do Reino Unido Boris Johnson (atualmente afastado da vida pública por estar profundamente desmoralizado), chamou o governo de Tbilisi (capital da Geórgia) de “fantoche de Putin”, instigando uma nova revolução colorida.

Shalva Papuashvili, líder do parlamento georgiano, rechaçou a interferência estrangeira e denunciou o que chamou de “roteiro pré-fabricado de golpe”, que inclui a deslegitimação do resultado eleitoral e a formação de um “governo técnico”, numa tentativa de tomada do poder que viola a ordem constitucional.

Em Moscou, o porta-voz do Crêmlin Dmitry Peskov, classificou as acusações de interferência russa como “infundadas”, afirmando que tais declarações são lançadas “por qualquer coisa mínima”. Peskov enfatizou que a escolha do povo georgiano deve ser respeitada, sem ingerências externas, como noticiado pela emissora Russian Today (RT).

O não reconhecimento da vitória do Sonho Georgiano e a convocação da oposição para protestos de massa evidenciam uma tentativa de golpe de Estado disfarçada de “revolução colorida”, financiada e incentivada pelo imperialismo.

Esta tentativa golpista integra uma ofensiva mais ampla do imperialismo, que precisa manter Estados sob controle para se preparar para a guerra contra Rússia, China e Irã. Analisando o caso, o presidente nacional do Partido da Causa Operária Rui Costa Pimenta, declarou em seu programa Análise Internacional (que foi ao ar no último dia 28) que “o imperialismo tem um plano de derrubar uma quantidade grande de governos pelo mundo afora. O objetivo desse plano é isolar a Rússia, quebrar a iniciativa econômica chinesa e recuperar o poderio do imperialismo sobre o mundo”.

A Geórgia, uma peça estratégica na região do Cáucaso, não é novata em revoluções coloridas: em 2003, o país viveu a Revolução das Rosas, que serviu de modelo para outras intervenções imperialistas, como a Revolução Laranja na Ucrânia (2004-05). Mais recentemente, o imperialismo tentou, em duas ocasiões, derrubar o governo do Sonho Georgiano por meio da lei anti-ONGs, uma legislação que exige que ONGs com mais de 20% de financiamento estrangeiro sejam registradas como agentes estrangeiros e declarem suas fontes de renda.

Apesar das tentativas de manipulação do imperialismo, o analista Arno Khidirbegishvili, da Agência Georgiana de Informação e Análise Geoinform, avalia que uma nova revolução colorida no país é improvável, afirmando que figuras como Saakashvili e Zourabichvili, defensoras do golpe, representam uma “força esgotada”.

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