Diário Causa Operária: Quais as características dessas eleições municipais após a catástrofe que ocorreu no estado e que afetou particularmente Porto Alegre?
Cesar Pontes: O que vai dominar as eleições após a catástrofe de maio será a forte crítica aos gestores públicos tanto a nível municipal, Sebastião Mello (MDB), quanto estadual, no caso Eduardo Leite (PSDB), governador do Rio Grande do Sul. As consequências do desastre ainda estão sendo gradativamente remediadas, e existe muita insatisfação, principalmente das pessoas que foram mais afetadas e são as mais pobres.
DCO: Quem tem responsabilidade sobre as perdas de vidas e materiais? A culpa é das mudanças climáticas?
Cesar Pontes: A responsabilidade é dos gestores públicos que deveriam cuidar dos interesses públicos. Atender as necessidades da cidade em benefício das pessoas. Mas há um descaso e os partidos que tradicionalmente têm exercido o poder estão implicados diretamente nesse desastre. Por isso levantamos as palavras de ordem de “Fora Leite” e “Fora Mello”. Eles tomaram calculadamente a decisão de não cuidar da prevenção de desastres, embora tenham sido alertados dos riscos e soubessem das consequências. O que trouxe prejuízo para a cidade e a população. O mínimo era manter funcionando o sistema que foi criado antes deles e não fizeram isso. Colocaram em prática um modelo neoliberal que vem causando inúmeros estragos em relação aos direitos dos trabalhadores como com a privatizações de empresas a preço de banana, o que prejudica o desenvolvimento do estado e roubam da população o patrimônio que deveria ser preservado e colocado em funcionamento para benefício de todos, estão comprometidos com o capital e as pessoas ficam em segundo plano.
DCO: Qual a situação atual?
Cesar Pontes: Algumas coisas foram feitas desde os primeiros dias após o desastre, a cidade ainda está se recuperando, de modo que a situação está mais ou menos remediada, no que diz respeito, por exemplo, ao Centro Histórico de Porto Alegre, apesar de o Trensurb não estar em pleno funcionamento. Mas ainda afeta alguns pontos da capital e outras cidades que compõem a chamada Grande Porto Alegre, como Canoas, São Leopoldo, Sapucaia e outras.
DCO: Diante de tudo isso, qual a importância dos Conselhos Populares que é parte do programa do PCO?
Cesar Pontes: Os Conselhos seriam de grande serventia num momento como esse. Pois daria à população organizada a capacidade de decidir e atuar diante da demanda da comunidade, estaria preparada para enfrentar o problema, diminuindo o sofrimento das pessoas.
DCO: Quais outras propostas você destacaria?
Cesar Pontes: O essencial das propostas do PCO consiste em fazer o povo governar, dar protagonismo à população, a partir da criação de uma estrutura administrativa que dê controle decisório à população, para que ela participe mais efetivamente da vida política, com os serviços públicos nas mãos do Estado, e o controle feita pelos trabalhadores e o povo organizado.
No caso de Porto Alegre, o orçamento é muito restrito, já bastante comprometido com obras e, em grande parte, desfalcado em função da dívida interna municipal. Por isso, a proposta do Partido, é o não pagamento dessa dívida. O mesmo deveria ser feito pelo Governo do estado. O que o governo atual fez foi o oposto, pagou a dívida, garantindo o lucros dos bancos, não cuidou da prevenção e manutenção da cidade, e o resultado dessa política neoliberal foi desastroso para o Rio Grande do Sul e nosso povo.
Destacaria também a necessidade de um aumento do salário mínimo e do salário do funcionalismo, estatização do transporte coletivo, concurso público em especial para a área de saúde, pondo fim aos contratos temporários e a terceirização. Além da extinção da guarda municipal. Achamos que não se resolve o problema da segurança é dar oportunidade às pessoas para que trabalhem e tenham um salário digno, que lhes propicie viver decentemente, mesmo que de forma simples.
Há também a necessidade da regularização dos prédios públicos devolutos e o confisco dos imóveis vazios de milionários que estão fechados para especulação imobiliária.
Causa Operária: Por favor, se apresente contando um pouco da sua trajetória e a característica da candidatura do PCO na cidade, nessas eleições.
DCO: Nasci em Porto Alegre, sou formado em História, fui professor durante muitos anos e estou aposentado. Comecei a me interessar mais por política a partir de 2013, na luta contra o golpe de Estado. Tenho como candidato a vice-prefeito Ulisses Lima, que é aquaviário e atua em emergência ambiental.
Uma coisa fundamental da nossa candidatura para a cidade de Porto Alegre é apresentar uma alternativa diante de um modelo totalmente esgotado, um modelo da democracia liberal representativa, que de representativa não tem mais nada, os nossos “representantes” estão cooptados pelo interesse econômico, pelos ricos e acabam sempre traindo seus eleitores. Além do mais, o nosso partido pretende subverter o que vem acontecendo, a nossa proposta é dar protagonismo à população e fazer com que a população tome o controle da cidade, tenha o poder de decidir com relação às demandas públicas que precisam ser realizadas a fim de manter a cidade de uma forma sustentável, sem as desigualdades profundas que apresentam na atualidade.