No sábado (13), o PCO saiu às ruas de São Paulo na primeira grande mobilização em defesa da Palestina no Brasil em 2024. No dia seguinte, aconteceu no Cento Cultural Benjamin Perét o debate sobre “o que é o sionismo e seu regime de terror contra os palestinos”. O debate fez parte do Domingo Cultural que também contou com a estreia do documentário sobre o massacre de Sabra e Chatila e também a apresentação da banda Revolução Permanente.
O debate abriu o dia tendo na mesa os dirigentes do PCO, Henrique Simonard e Natália Pimenta. Também estavam presentes o representante do campo progressista árabe, Reda Souedi, e o xeique Hossein da comunidade xiita de São Paulo. O tópico principal foi o sionismo, apesar do debate ter abordado diversos temas. Quem abriu a fala foi Simonard, ele abordou o caráter de extrema-direita do movimento, que começou com a figura de Vladimir Jabotinsky, ainda no início do século XX.
Henrique destacou: “o sionismo é uma ideologia de extrema-direita e se desenvolve para ser uma ideologia colonial. Jabotinsky esboça mais claramente o aspecto teórico do porquê os judeus têm que expulsar os árabes da Palestina. Em seu texto ‘o muro de ferro’ ele explica, inclusive, que se você não consegue ser a maioria pela migração, tem que ser pelo aniquilamento. Jabotinsky fala: ‘nenhum povo colonizador’ – como eles se viam – ‘foi bem aceito pelos nativos quando chegaram. Se você chegar implementando o terror, os nativos reagirão com empenho e de forma brutal. Se você chegar de forma pacífica, mesmo assim terá uma reação dos nativos’. O seu argumento é: não é um problema moral, mas científico. Se haverá uma reação de qualquer forma, é preciso chegar e montar ‘um muro de ferro’, com baionetas e soldados, que imponham a dominação sionista.”
Natalia Pimenta seguiu abordando as ações dos sionistas na Palestina: “Os sionistas intimidavam as pessoas, cercavam as aldeias compostas pelos camponeses do Oriente Médio, desarmados e desprotegidos, ateavam fogo nas casas, nos bens das pessoas e nas pessoas, destruíam as plantações de oliveira – e isso é uma coisa que fazem até hoje. Qualquer pesquisa te mostra isso. Expulsavam as pessoas, demoliam as casas e, finalmente, colocavam minas nos escombros para impedir que o pessoal voltasse. O objetivo era de expulsar em definitivo essa população, matando o que fosse possível e expulsando o restante.”
Reda Souedi, por sua vez, comentou: “O Estado de Israel é um Estado colonial e não pode ser visto de outra forma. Não pode ser visto da forma como desenha a imprensa imperialista e colonialista. Agora, o mundo começou a pesquisar o que aconteceu ao longo de 120 anos de enganação política, o porquê que aconteceu tudo isso e que foram capazes de fazer lavagens cerebrais, inclusive em seus continentes.”
O xeique Hussein abordou outro tema, o combate ao Estado Islâmico, que apesar da propaganda imperialista, tem total relação com o sionismo. Ele afirmou: “o EI (Estado Islâmico) foi criado pelos Estados Unidos no Oriente Médio para parar a resistência na Síria, no Irã, no Líbano e onde precisar. O general Qasem Soleimani entrou com a resistência da região libanesa e do Iraque, onde combateram esse grupo terrorista: o Estado Islâmico. Esse é o grupo que o general Soleimani fala: ‘eles pegaram uma criança, cortaram pedacinho por pedacinho, fizeram um churrasco com o corpo dessa criança e obrigaram seus pais a comerem’. Esse é um dos atos desse grupo criado por norte-americanos.”
No final, todos os presentes puderam comentar e fazer perguntas, o que enriqueceu o debate. Após uma pausa para o almoço, o Domingo Cultural continuou com mais uma importante atividade. A estreia do primeiro documentário da Causa Operária TV sobre a Questão Palestina. O Massacre de Sabra e Chatila foi assistido pela primeira vez no Centro Cultural Benjamin Péret, um momento histórico para a imprensa operária. O tema pesado emocionou o público que em grande parte, dada a propaganda sionista, teve contato pela primeira vez com as imagens desse que foi um dos episódios mais sangrentos do sionismo.
O Domingo Cultural não podia terminar sem uma apresentação musical, chegou o momento da apresentação da Banda Revolução permanente. O ápice da apresentação foi a versão atualizada da música italiana de defesa da Palestina, Rossa Palestina, escrita em 1973 quando o Fatá liderava a luta de libertação nacional palestina. A música foi regravada para o momento atual em que o Hamas é o partido que dirige a luta revolucionária dos palestinos.
O Domingo Cultural acontece ao menos uma vez por mês na cidade de São Paulo, tendo um tema diferente a cada edição. Nas demais cidades os debates também estão acontecendo, cada um com diferentes atividades culturais. É possível assistir ao debate completo na Causa Operária TV.