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Eleições nos EUA

Democratas tentam decidir quem irá substituir Biden

Democratas manobram para impedir que Convenção de agosto se torne uma batalha fraticida, mas republicanos aproveitaram para impulsionar campanha pelo afastamento de Biden

Um dia após o anúncio de que o atual presidente dos Estados Unidos, o democrata Joe Biden, não iria concorrer à reeleição, a imprensa mundial destacou o “terremoto” causado pela decisão. A palavra foi usada pela emissora libanesa Al Jazeera, do Catar, que, no podcast The Take: Joe Biden’s departure – a political earthquake (22/7/2024), debateu “a longa jornada política de Biden e as implicações de sua saída repentina para as perspectivas dos democratas em novembro”. “O presidente Joe Biden saiu da corrida presidencial dos Estados Unidos em 2024, cedendo à pressão crescente após um debate ruim e o crescente desconforto democrata com seu desempenho” destacou Al Jazeera.

Em seu perfil oficial no X (antigo Twitter), Biden anunciou que indicaria a vice-presidente Kamala Harris para substituí-lo na disputa presidencial, marcada para novembro. “Minha primeira decisão como candidato do partido em 2020 foi escolher Kamala Harris como minha vice-presidente”, publicou o atual presidente, acrescentando que “essa foi a melhor decisão que tomei. Hoje quero oferecer meu total apoio e endosso para que Kamala seja a candidata do nosso partido este ano. Democratas – é hora de nos unirmos e derrotarmos Trump. Vamos fazer isso”.

Um dos principais órgãos do imperialismo norte-americano, o New York Times destacou algo bem mais simpático aos democratas: o aporte de recursos após o anúncio de que Harris seria a candidata democrata, mesmo não tendo sido cabeça de chapa durante as primárias do partido. Na matéria Harris Raised $81 Million in First 24 Hours as Candidate (Shane Goldmacher, 22/7/2024), o jornal enaltece a campanha financeira de Harris e os US$81 milhões arrecadados nas primeiras 24 horas após a vice ser indicada por Biden. “Os fundos ajudarão a reconstruir o caixa de guerra dos democratas”, escreveu o órgão, reforçando a situação periclitante que se encontrava o caixa da campanha, que segundo New York Times, “estava em risco de ser esgotado nas semanas de incerteza após o desempenho ruim do Presidente Biden no debate, já que grandes doadores interromperam a arrecadação de fundos”, destacou o órgão, que disse ainda: 

“A Vice-Presidente Kamala Harris arrecadou 81 milhões de dólares nas primeiras 24 horas após anunciar sua candidatura à presidência, disse sua campanha, um recorde histórico à medida que os democratas acolheram sua candidatura com uma das maiores enxurradas de dinheiro de todos os tempos.

Sua campanha informou que 888.000 doadores contribuíram no primeiro dia, 60 por cento dos quais estavam fazendo sua primeira contribuição para a disputa de 2024. A campanha também conseguiu que 43.000 desses doadores se comprometessem a fazer doações recorrentes.

O aumento das doações online atingiu um pico de 11,5 milhões de dólares em uma única hora na noite de domingo.”

Outros artigos da imprensa mais ligada ao imperialismo enalteceram os apoios dedicados à vice-presidente. É o caso de um dos principais órgãos do imperialismo mundial, o britânico Financial Times, que, na matéria Nancy Pelosi backs Kamala Harris as Democratic grandees fall into line (James Politi e Lauren Fedor), noticia o apoio dado a Harris pela ex-presidente da Casa dos Representantes (similar à Câmara dos Deputados do Brasil), Nancy Pelosi, “líder democrata de longa data”, lembra o semanário do Reino Unido, que diz:

“Pelosi, uma líder democrata de longa data que foi vista como instrumental na campanha nos bastidores para pressionar Biden a se afastar, disse que endossou a candidatura de Harris ‘com imenso orgulho e um otimismo ilimitado para o futuro do nosso país’. Ela acrescentou que seu apoio a Harris era ‘oficial, pessoal e político’.”

O órgão britânico, no entanto, lembra que importantes personalidades democratas ainda não expressaram apoio à atual vice-presidente, destacadamente, o ex-presidente Barack Obama e os atuais parlamentares de maior destaque no Senado e na Casa dos Representantes, Chuck Schumer e Hakeem Jeffries, respectivamente. A mesma matéria cita-os:

“Barack Obama, o ex-presidente, continua sendo um dos poucos líderes do partido que ainda não endossaram Harris. O líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, e Hakeem Jeffries, o principal democrata na Casa, também não chegaram a endossá-la na segunda-feira, dizendo que ela teve ‘um ótimo começo’ e que estavam ‘ansiosos’ para se encontrar com a vice-presidente ‘em pessoa… em breve’.”

Por fim, a matéria destaca que apesar da falta de apoio destes, “possíveis candidatos” a substituírem Biden já anunciaram apoio à vice-presidente, ainda no dia 22:

“Três governadores importantes anteriormente considerados possíveis candidatos a substituir Biden — Gretchen Whitmer de Michigan, JB Pritzker de Illinois e Andy Beshear de Kentucky — todos apoiaram Harris na segunda-feira. Bill e Hillary Clinton, o governador da Califórnia Gavin Newsom e outros líderes do partido já haviam anunciado seu apoio anteriormente.”

A indicação de Biden para que Harris o substitua nas eleições de novembro, entretanto, ainda não implica efetivamente que a vice seja a candidata oficial. O Partido Democrata conta com 3.937 delegados comprometidos na Convenção Nacional Democrata, dos quais 1.976 são necessários para garantir a nomeação. Biden tinha o apoio de 99% dos delegados, porém, com sua desistência, esses apoiadores são livres para apoiar qualquer outro candidato que desejarem, embora seja muito provável que votem em quem o partido se unir.

Do ponto de vista da formalidade partidária, Harris precisaria obter o apoio da maioria dos delegados na primeira rodada de votação. Do contrário, precisará de mais da metade dos votos em uma segunda rodada e também de 739 “superdelegados”, grandes personalidades do partido, como membros do Congresso e governadores estaduais.

“Nossos delegados estão preparados para levar a sério sua responsabilidade de entregar rapidamente um candidato ao povo americano”, disse Harrison do Comitê Nacional Democrata. O partido continua discutindo se e quando realizar uma “chamada nominal virtual” sobre o apoio dos delegados antes da convenção.

Espera-se, no entanto, que se mantenha a tendência de o partido se unir em torno de Harris. Os democratas buscam evitar a batalha interna na convenção marcada para agosto, a três meses da eleição. Harris, por sua vez, já começou a sondar possíveis companheiros de chapa, incluindo o governador da Pensilvânia, Josh Shapiro, e o governador de Kentucky, Andy Beshear. Como um alerta contra a possibilidade das possíveis divisões decorrentes de sua decisão, Biden pediu unidade ao apoiar Harris: Democratas — é hora de nos unirmos e derrotar Trump. Vamos fazer isso”.

Entre os republicanos, ganhou destaque a ironia destilada por Trump contra Biden. Em sua rede social, Truth Social, o ex-presidente debochou do antigo rival, dizendo que “Joe Biden não se lembra de ter desistido”, acrescentando:

“É um novo dia e Joe Biden não se lembra de ter desistido da corrida ontem! Ele está exigindo o seu calendário de campanha e organizando negociações com os presidentes Xi, da China, e Putin, da Rússia, sobre o possível início da 3ª Guerra Mundial.”

A campanha republicana, no entanto, concentrou fogo em nova frente de ataque contra o governo, defendendo que a declaração de sua incapacidade de continuar na disputa eleitoral era também uma declaração da incapacidade de continuar na Casa Branca (sede do governo norte-americano).

“Joe Biden decidiu que não consegue ser candidato; ao fazer isso, sua admissão também significa que ele não pode servir como presidente”, disse o senador republicano pelo estado norte-americano do Missouri Eric Schmitt à Fox News Digital. “Portanto”, acrescentou, “é do interesse imediato da segurança dos Estados Unidos que Joe Biden renuncie ao cargo ou enfrente a remoção conforme a 25ª Emenda”, concluiu.

A campanha é apoiada pelo correligionário de Schmitt, James Michael Johnson, presidente da Casa dos Representantes dos Estados Unidos. Segundo o parlamentar republicano, o fato de Biden ser considerado inapto para “concorrer à reeleição”, torna-o “inapto para controlar nossos códigos nucleares”.

 “Se Joe Biden não está apto a concorrer à presidência, ele não está apto a servir como presidente. Ele deve renunciar ao cargo imediatamente. Se o partido democrata considerou Joe Biden inapto para concorrer à reeleição, ele certamente é inapto para controlar nossos códigos nucleares”, disse o líder da maioria na Casa, Tom Emmer (Republicano), minutos após a divulgação da notícia bombástica. “Biden deve se afastar do cargo imediatamente”.

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