A demissão sumária do ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida pelo presidente Lula, revela uma capitulação perigosa do governo às pressões dos setores identitários. Almeida é um identitário notório e como bom elemento deste setor, um oportunista, porém o homem importa menos do que o caso. O ministro foi exonerado sem que houvesse qualquer investigação ou acusação formal contra ele, apenas a palavra de outros identitários, uma situação extremamente grave por demonstrar o quanto o governo se encontra fragilizado diante das chantagens e pressões que enfrenta da direita.
A decisão de Lula ecoa as capitulações do passado, como aquelas vistas durante a crise do Mensalão, em que o governo cedeu à pressão da direita, demitindo ministros e abandonando correligionários ao fogo sem a devida resistência. Em vez de se apoiar em sua base social – a classe trabalhadora – e travar uma luta política firme contra as tentativas de desestabilização, o governo Lula opta, mais uma vez, pelo caminho mais fácil: ceder às demandas daqueles que deveriam ser combatidos.
O movimento adotado por Lula revela uma tendência perigosa: a crescente pressão desses setores sobre o governo, que já mostrou inúmeras vezes sua disposição em ceder. A crise política que se desenha com essa demissão aponta para uma fragilidade estrutural do governo Lula.
Ao fazê-lo, Lula envia um sinal claro de que na atual situação em que o governo se encontra, qualquer pressão, mesmo que frágil e sem substância, pode resultar em uma nova capitulação. Se o governo não começar a enfrentar essas chantagens de maneira firme, apoiando-se em sua base social e organizando os trabalhadores para resistirem aos ataques que se avolumam, ele caminhará para uma desestabilização cada vez maior.
A demissão do ex-ministro é um reflexo de um governo que opera na defensiva, acuado pelas forças que deveriam ser combatidas. Essa postura defensiva, ao invés de proteger o governo, apenas reforça as pressões contra ele, incentivando os setores identitários a seguirem adiante em suas demandas e fragilizando ainda mais a base política de Lula.
O governo precisa romper com essa tendência suicida de capitulação e se voltar para aqueles que realmente o sustentam. Só a mobilização dos trabalhadores e a firmeza contra as chantagens identitárias poderão garantir a estabilidade necessária para enfrentar as crises que virão. Caso contrário, veremos um governo cada vez mais fragilizado, repetindo os erros do passado, sem forças para resistir às ofensivas que se anunciam.