O poço no qual caiu a política externa do governo Lula não parece ter fundo. Após praticamente romper as relações com os seus irmãos Nicarágua e Venezuela, o presidente da República decidiu se colocar na posição humilhante de cabo eleitoral da psicopata democrata Kamala Harris. Em entrevista a uma emissora francesa, Lula declarou: “eu não posso dar palpite sobre as eleições de outros países porque seria uma ingerência indevida. Então, o único sobre o qual eu posso falar é sobre os Estados Unidos”.
A única conclusão que alguém poderia tirar da fala do presidente é a de que os Estados Unidos são um país, mas a Venezuela não é. Afinal, o que Lula mais vem fazendo no último período é dar pitaco na vida desse país, se negando a reconhecer as eleições que deram a vitória para Nicolás Maduro, seguindo exatamente a cartilha do Partido Democrata.
Então, ele diz o seguinte: “eu acho que a Kamala Harris ganhando as eleições é muito mais seguro para a gente fortalecer a democracia nos Estados Unidos”. A questão é: por que Kamala Harris fortaleceria a “democracia” nos Estados Unidos se ela está fazendo o que está fazendo na Faixa de Gaza? Por que alguém seria “democrático” no mundo inteiro, menos na Faixa de Gaza? É ridículo.
Se fosse outro candidato, ainda poderia se dizer: “ah, ele era senador, não falou nada contra, mas também não a favor”. No caso de Harris, no entanto, não existe dúvida, pois ela é diretamente responsável pelo genocídio em curso na Palestina. E se a pessoa está praticando um genocídio, não faz sentido algum afirmar que defende a “democracia”. Um genocida, por definição, não tem nada de democrático; ele é o oposto da democracia, ele é a antítese da democracia.
Lula, sabe-se lá por que, quer que se acredite que uma pessoa pode ser, ao mesmo tempo, genocida e defensora da democracia. E não só nos Estados Unidos, mas em todo o mundo. Quer que se acredite que genocidas são a garantia da democracia no mundo. Algo tão sem sentido só pode ter uma única explicação: Lula, em vez de estar preocupado com a “democracia”, está, na verdade, capitulando vergonhosamente diante da pressão do imperialismo.
Capitular diante do imperialismo não trará nada de bom nem para o Brasil, nem mesmo para o governo Lula. Apenas fará com que a ditadura mundial se fortaleça para levar adiante uma ofensiva contra os oprimidos de toda a América Latina.