Em entrevista ao semanário britânico The Economist, o vice-chefe da Diretoria Principal de Inteligência da Ucrânia, Vadim Skibitsky declarou que é o controle ucraniano da cidade de Chasov Yar, de grande importante estratégica, está ameaçado. A cidade fica dentro do território da República Popular de Donetsk, próximo da fronteira norte da região russa com a Ucrânia, a noroeste de Baquemute, tomada em batalha sangrenta no ano passado pelos combatentes do Batalhão Wagner, companhia militar privada que à época ainda atuavam na região.
“Não hoje nem amanhã, claro, mas tudo irá depender de nossas reservas e suprimentos”, disse o espião ucraniano. Para quem acompanha o conflito, que já se estende por mais de dois anos, é evidente a falta de recursos. Em novembro de 2023, o portal Business Insider apontava que a idade média dos combatentes ucranianos era de 43 anos. Somado aos insistentes pedidos do presidente Vladimir Zelenski para o envio de recursos dos países imperialistas à Ucrânia, é evidente que o país não goza de reservas e suprimentos. Se é disso que depende o controle de Chasov Yar, a declaração de Skibitsky deixa claro que a tomada da cidade pelas Forças Armadas russas é apenas questão de tempo.
“Militarmente, a cidade continua sendo um dos principais pontos de defesa, o que contribuiu para o apoio logístico e técnico ao grupo de batalha ucraniano que atua nessa área”, continua Skibitsky explicando a importância da cidade. Chasov Yar também tem muita relevância política dado que Zelenski procurou apresentá-la como “uma fortaleza impenetrável” e sua conquista deve ser outro grande baque à moral da resistência ucraniana, similar ou maior ao da tomada de Baquemute, em torno do qual se fez grande campanha internacional e onde as Forças Armadas ucranianas perderam algumas de suas tropas mais bem treinadas.
Segundo reportagem do portal russo Sputnik, as autoridades russas têm a mesma apreciação. O analista militar Oleg Glazunov, do Departamento de Análise Política e Processos Sócio-Psicológicos da Universidade Russa de Economia Plekhanov, apontou que a cidade é “uma rota chave e direta para a cidade de Konstantinovka, e depois para as cidades de Kramatorsk e Slavyansk”. Essa última cidade fica a cerca de 30 quilômetros da fronteira entre a República Popular de Donetsk e o oblast – equivalente ucraniano aos estados brasileiros – de Kharkov.
“Quando Donetsk se tornou a capital da República Popular de Donetsk, Kramatorsk se tornou a capital da região de Donetsk [na parte controlada pela Ucrânia]. Ou seja, de fato, a queda de Chasov Yar é como a Batalha de Kursk [na Segunda Guerra Mundial]. A guerra [por procuração com a OTAN] continua, mas o exército ucraniano continuará a recuar, e o Donbas estará perdido, e é por isso que a queda de Chasov Yar é um ponto de virada”, concluiu Glazunov.
Neste sábado (11), o líder da República Popular de Donetsk, Denis Pushilin, disse ao Sputnik que estava otimista com relação ao avanço das forças russas em Chasov Yar, que já havia penetrado a cidade.
“Sabe, nesta fase, o Ministério da Defesa [russo] está fornecendo todas as informações na íntegra, levando em conta a possibilidade de fornecer informações ao público sem prejudicar nossas unidades. Eu lhe digo que estou otimista em relação à maneira como nossos homens estão organizando suas ações, mesmo em Chasov Yar. Mas devemos ter cuidado para não causar nenhum dano. Posso dizer que Chasov Yar será, é claro, liberada”, declarou Pushilin.
Encurralado, o governo ucraniano nazista vê-se forçado a realizar operações de propaganda que beiram ao desespero, como o cruel ataque à cidade de Belgorod neste domingo. Registra-se até o momento que 12 civis foram mortos pelo bombardeio realizado contra os prédios residenciais civis, aos quais se acrescentam 25 feridos.
Esses ataques contra a população civil, que não trazem ganho militar algum e não irão reverter o destino de Chasov Yar e do Donbass, que deve em breve ser liberado, buscam apenas desmoralizar a população russa e colocá-la contra seu governo. Os atos são inúteis e refletem o desespero não apenas do governo ucraniano, mas dos países imperialistas que o apoiam e dão sinal verde para esse tipo de operação criminosa contra a população civil.
No final de abril, o ministro de Relações Exteriores britânico, David Cameron, declarou que os sistemas de mísseis oferecidos pelo Reino Unido à Ucrânia poderiam ser utilizados contra o território russo. A declaração agressiva fez com que o presidente russo convocasse exercícios nucleares por parte das Forças Armadas de seu país como forma de dissuasão.
Apesar do tom ofensivo, ecoado por outras lideranças imperialistas como o presidente francês Emmanuel Macron, a realidade no campo de batalha mostram que não apenas a libertação do Donbas é iminente. A derrota da ofensiva imperialista contra a Rússia é questão de tempo.