O apresentador José Luiz Datena (PSDB), que obteve míseros 1,84% dos votos válidos no primeiro turno, declarou apoio a Guilherme Boulos (PSOL). A decisão foi anunciada em um vídeo enviado à Folha de S.Paulo em 12 de outubro, no qual Datena justificou sua escolha como uma resposta à “infiltração do crime organizado” na cidade e no estado, afirmando que Boulos seria a solução para combater essa realidade.
Embora inicialmente tenha decidido não apoiar nenhum candidato, por considerar seus votos “irrelevantes”, Datena mudou de ideia, declarando abertamente que votaria em Boulos. O apresentador sublinhou que “não queremos que São Paulo, o estado ou o país fiquem reféns do narcotráfico”, apresentando o psolista como se fosse o candidato oficial da Polícia Militar.
A decisão de Datena vai na contramão de seu partido, o PSDB, que já havia anunciado apoio a Ricardo Nunes (MDB). Em nota oficial assinada por Marconi Perillo, presidente nacional do partido, e Aécio Neves, presidente do Instituto Teotônio Vilela, o PSDB justificou o apoio a Nunes como uma “coerência ideológica”, rejeitando o que chamaram de “radicalização” representada por Boulos e o PSOL.
A recente declaração de apoio de Datena a Boulos não é surpreendente para aqueles que acompanham de perto a trajetória política do psolista. Essa aliança apenas confirma o que este Diário tem denunciado há tempos: Boulos é um “cavalo de Tróia” dentro da esquerda, alinhado com a burguesia e os interesses conservadores, mascarado de defensor dos trabalhadores.
A relação entre Boulos e Datena, como evidenciado em um vídeo vazado em 2023, já foi demonstrada como parte de uma conspiração contra Lula e o Partido dos Trabalhadores (PT). Na gravação, Datena aconselha Boulos a desafiar Lula, sugerindo que ele se beneficiaria de uma eventual crise econômica que derrubasse o ex-presidente.
Boulos, que ascendeu à política graças à imprensa capitalista, foi a liderança do movimento golpista “Não Vai Ter Copa” em 2014 e, desde então, vem sendo utilizado como uma das engrenagens do golpe de 2016. Mais recentemente, em sabatinas e entrevistas, Boulos tem sinalizado uma guinada ainda mais à direita. Na sabatina do Estadão, por exemplo, ele afirmou que seu governo na Prefeitura de São Paulo seria o que teria o “menor número de ocupações da história da cidade”.