Para muitos que buscam entender essa situação em relação ao conflito na Palestina, pode acabar caindo na armadilha da propaganda imperialista, que apresenta uma imagem totalmente falaciosa de grupos como o Hamas, rotulando-os como terroristas e sempre os vilões da história. Contudo, a realidade é muito diferente. Os grupos armados, como o Hamas, Hesbolá, entre outros, são apresentados apenas como bandidos fanáticos que atacam indiscriminadamente. São malucos que saem por aí, sem motivo algum, cortando a cabeça, estuprando mulheres e espancando velhinhos.
Em 7 de outubro, o Hamas realizou uma operação militar em Israel. A imprensa noticiou amplamente que os combatentes deste grupo de resistência haviam decapitado 40 bebês. No entanto, a verdade por trás dessa operação é bem diferente do que a manchete sugeria. O objetivo do ataque era atingir bases militares israelenses e seus soldados, não atacar civis indefesos. Mas a manchete sensacionalista lançou uma cortina de fumaça sobre os detalhes reais da operação.
É importante entender quem são esses grupos que são frequentemente rotulados como terroristas. Eles são compostos por combatentes locais, são palestinos, iraquianos, árabes no geral. Fundamentalmente, esses grupos se organizam em defesa de seu povo, uma população que há muito tempo sofre com a opressão e o sofrimento infligidos pelas forças imperialistas.
Abu Obeida, porta-voz das brigadas al-Qassam, revelou publicamente: “85% dos soldados das nossas unidades são órfãos cujos pais foram martirizados pelo Estado ocupante. Hoje, essas crianças cresceram e seus corações ardem com o fogo da vingança!”
Ou seja, isso revela que esses grupos são apenas o resultado direto dos conflitos, que se estendem por décadas de exploração, humilhação e morte para muitas famílias palestinas. Casas foram destruídas, vidas foram ceifadas, e cidades inteiras testemunharam as piores atrocidades da história.
Portanto, não é razoável esperar que, de uma situação tão traumática, surjam indivíduos pacíficos prontos para buscar uma solução diplomática. Em vez disso, surgem valentes combatentes, movidos por um profundo senso de injustiça, raiva e dor pela perda de entes queridos. A resistência dessas pessoas é uma reação direta a décadas de sofrimento.
É desonesto e redutivo classificar esses grupos como terroristas, psicopatas ou fanáticos. As narrativas simplistas não fazem justiça à complexidade dessa situação. Em vez disso, esses combatentes devem ser vistos como heróis, pessoas que emergiram literalmente dos escombros onde seus familiares foram enterrados, decidindo lutar pela liberdade de seu povo.
Artigo publicado, originalmente, em 30 de outubro de 2023.