Os mais de 450 mil bancários de todo o País entraram em nova campanha salarial convivendo com uma situação ainda mais dramática do que nos anos anteriores.
Os seguidos planos reacionários dos banqueiros através das famigeradas “reestruturações”, num processo de ataques às já precárias condições de vida da categoria bancária, nada mais é que aumentar o nível da superexploração dos trabalhadores em benefício de meia dúzia de banqueiros através do rebaixamento salarial, desemprego, assédio moral dos funcionários para o atingimento de metas de venda de produtos, descomissionamentos, fechamento de agências e dependências bancárias, terceirização, etc.
A categoria dos bancários, em virtude de suas características numéricas nacional e sua natureza central na economia capitalista na atual etapa, pode deslanchar um importante movimento nacional de luta, unindo-se, inclusive, ao conjunto dos trabalhadores que também tem as suas datas-bases neste segundo semestre (Correios, Petroleiros, Metalúrgicos) e sofrem com a mesma política de ataques dos patrões. Somente uma luta unitária dos bancários nacionalmente por suas reivindicações poderá abrir perspectiva de reversão do atual quadro.
No entanto, em função da política de capitulação das atuais direções do movimento bancário, não está sendo impulsionada uma verdadeira campanha salarial realmente de luta pelas principais reivindicações da categoria bancária. Ao invés de impulsionar uma campanha com as reais necessidades da categoria que, verdadeiramente, levam os trabalhadores a se mobilizar, a campanha fica reduzida à palavra de ordens genéricas como, “igualdade de oportunidade”; “saúde ambiental”; “condições de trabalho dignas” dentre outras. As demais reivindicações, como a reposição das perdas salariais, que passam de mais de 30%, roubados pelos sucessivos governos, foram completamente “esquecidas” pelas atuais direções sindicais. A reivindicação de aumento real de 5% soa como ridícula em comparação aos lucros fabulosos dos banqueiros e, embora conste na pauta de reivindicações, não passam de mera formalidade. Não existe uma campanha efetiva de mobilização da categoria para lutar por nenhuma reivindicação. A campanha se resume em “ações” do tipo tuitaços, abandonado uma verdadeira agitação nos locais de trabalho (não desprezando o trabalho nas redes) com cartazes, adesivos, panfletos, etc.
A reposição das perdas salariais, aumento real de salário de 20% (reivindicação essa que sempre foi tradição nas campanhas salariais dos trabalhadores) constituem em reivindicações centrais para o conjunto dos bancários e dos trabalhadores para derrotar os planos banqueiros impostos nos últimos anos.
É necessário reverter os rumos da atual campanha salarial. É necessário colocar como reivindicações centrais desta campanha, além de um verdadeiro reajuste mensal (não essa inflação manipulada dos órgãos oficiais, mas a verdadeira inflação que atinge a classe trabalhadora como na alimentação por exemplo; segundo dados do Dieese, em capitais como Brasília, a maior alta, nos quatros primeiros meses de 2024 a cesta básica teve um aumento de 14,72%); a incorporação dos 30% das perdas salariais; aumento real de 20%; piso salarial de R$7mil; estabilidade no emprego.
Além das questões específicas e imediatas da categoria, esta campanha salarial deve também servir de instrumento de mobilização e de luta pelas reivindicações do conjunto dos bancários e dos trabalhadores por: um salário mínimo que atenda as necessidades básicas de uma família de trabalhadores no valor de R$ 7 mil; reposição de todas as perdas salariais; escala móvel de trabalho e emprego; não às privatizações; não ao pagamento da dívida pública; cancelamento da “reforma” trabalhista e previdenciária dos governos Temer e Bolsonaro; não a “independência” do Banco Central; Petrobrás 100% estatal.