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Rio de Janeiro

Cúpula do G20 termina sem menção ao genocídio palestino

Ignorando o genocídio em marcha, o G20 demonstrou, mais uma vez, o peso do imperialismo, o que invalida o bloco como força capaz de qualquer política minimamente progressista

A 19ª Cúpula do G20, realizada no Rio de Janeiro entre os dias 18 e 19 de novembro, trouxe líderes das maiores economias do mundo para discutir temas globais como segurança alimentar, mudanças climáticas e conflitos internacionais. Sob a presidência do Brasil, a cúpula foi marcada por omissões estratégicas como a ausência de uma posição firme sobre o genocídio palestino.

A declaração final do encontro reafirmou pontos genéricos, como o compromisso com a paz e o desenvolvimento sustentável, sem abordar diretamente as causas das crises que assolam o mundo. Em relação à Ucrânia, os países-membros evitaram atribuir responsabilidade à Rússia, mencionando apenas o sofrimento humano e os impactos econômicos e sociais do conflito. No que diz respeito à Palestina, o texto se limitou a mencionar a “catástrofe humanitária” em Gaza, defendendo a assistência humanitária e a solução de dois Estados, mas sem condenar os massacres sistemáticos perpetrados pela ditadura sionista de “Israel”.

A postura do G20 em relação à Palestina ilustra o alinhamento do bloco às grandes potências imperialistas, que têm dado aval explícito à brutal ofensiva israelense contra o povo palestino. Apesar das tentativas do Brasil de incluir termos mais incisivos no documento final, como o reconhecimento do genocídio e a exigência de um cessar-fogo imediato, a resistência de países como Estados Unidos e Reino Unido bloqueou qualquer avanço significativo. A linguagem diluída reflete o peso desproporcional dos interesses imperialistas na tomada de decisões do bloco.

Aliança genérica

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva utilizou a cúpula como palco para apresentar a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, um esforço conjunto envolvendo 81 países, 26 organizações internacionais, nove instituições financeiras e 31 ONGs. A iniciativa busca enfrentar a fome, que afeta mais de 733 milhões de pessoas no mundo, em um contexto de produção de alimentos que supera 6 bilhões de toneladas anuais. Lula afirmou que a aliança é o maior legado de sua presidência no G20, destacando a necessidade de vincular o combate à fome à construção de sociedades mais justas e pacíficas.

Ainda assim, a liderança brasileira encontrou barreiras claras para influenciar decisões centrais no G20. A declaração final sobre segurança alimentar, por exemplo, repetiu compromissos genéricos e evitou apontar os responsáveis pelo agravamento da crise, como as sanções econômicas impostas unilateralmente pelos Estados Unidos e aliados, que afetam diretamente o comércio de alimentos e fertilizantes.

A posição brasileira em relação à Palestina foi uma das poucas que destoaram do conformismo geral. Em seu discurso, Lula condenou a violência em Gaza e defendeu a criação de um Estado palestino, em linha com a tradição diplomática brasileira. Contudo, na prática, as ações do G20 mostraram a falta de compromisso real com soluções para o genocídio em curso, evidenciando a hipocrisia das potências imperialistas que se dizem defensoras dos direitos humanos enquanto financiam e apoiam a ditadura sionista.

“Transição energética” e crise imperialista

A “transição energética”, introduzida pelo imperialismo como tema central da cúpula, reflete as preocupações da ditadura mundial em atacar diretamente as economias de Rússia e China ao promover mudanças na matriz energética mundial. Os países desenvolvidos pressionaram por um acordo que dividisse os custos dessa “transição” entre todas as nações, buscando transferir o peso financeiro de suas próprias crises para os países atrasados. A resistência levou à rejeição da proposta, que pouco abordava os interesses e limitações das nações menos industrializadas.

O presidente argentino, Javier Milei, demonstrou sua fidelidade canina aos patrões norte-americanos e europeus, ameaçando agradar sua base social reacionária na Argentina e rejeitar pontos da declaração final que tratavam da demagogia ambiental e do identitarismo, mas assinou o documento do encontro. Milei, ao mesmo tempo em que rejeitava essas políticas em palavras, garantia em atos sua submissão aos interesses das grandes potências, confirmando seu papel como um mero agente dos exploradores globais.

A cúpula expôs o cenário fragmentado das relações internacionais e os limites do Brasil em buscar um protagonismo maior no G20. Embora tenha liderado esforços diplomáticos e buscado mediar tensões, o País esbarrou na força das grandes potências, que continuam a ditar o tom das negociações. A presença do imperialismo invalida o bloco como força capaz de qualquer política minimamente progressista, sendo antes uma máscara pela qual as potências imperialistas buscam parecer democráticas, sem o ser de fato.

O encerramento da 19ª Cúpula do G20 reforça a inoperância do bloco em lidar com as crises mais urgentes da atualidade, fruto do choque frontal entre os interesses da ditadura mundial e os dos países atrasados. A ausência de uma condenação ao genocídio palestino demonstra o peso descomunal das grandes potências no grupo de nações, que continuam a priorizar os interesses dos monopólios internacionais em detrimento de soluções reais para os problemas mais urgentes da humanidade.

Mesmo iniciativas celebradas em alguns meios como a Aliança Global contra a Fome são insuficientes diante da magnitude das crises enfrentadas pelo mundo. O G20 permanece uma ferramenta do imperialismo.

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