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Coluna

Cumpriu com grande honra seu dever pela Palestina

"O sangue dos mártires continuará sendo o combustível para a luta pela liberdade da Palestina e contra a ocupação colonial israelense"

“E não penseis, de modo algum, que aqueles que foram mortos no caminho de Deus estão mortos. Não, eles estão vivos, e providos junto de seu Senhor” Alcorão, 3:169.

O regime terrorista de “Israel” deu mais um passo na missão impossível de liquidar o Movimento de Resistência Islâmica palestino, atravessando todas as linhas vermelhas para forçar uma guerra abrangente e salvar o criminoso de guerra, Benjamin Netanyahu. O último lance foi o pecado que cometeu ao assassinar o líder do Birô Político do Hamas, Ismail Haniyeh, e atacar a soberania iraniana.

Este crime hediondo de “Israel” constitui uma grave violação do direito internacional e da Carta das Nações Unidas, bem como da soberania e da segurança nacional do Irã, e não poderia ter ocorrido sem a obtenção da permissão e do apoio da inteligência dos EUA, confirmando mais uma vez o padrão de décadas de terrorismo israelense, que tem como alvo os palestinos e apoiadores da causa palestina.

O traiçoeiro assassinato de Ismail Haniyeh não arrefecerá a luta do povo palestino por sua libertação. Sua luta, seu exemplo e seu martírio não serão em vão, o que eleva a responsabilidade do Conselho de Segurança da ONU, para que cumpra suas obrigações e adote uma ação imediata contra esse padrão de crimes praticados pelo regime sionista contra lideranças e países da região.

A vida de Ismail Haniyeh foi marcada por prisão e exílio, injúria e ao martírio. Ismail Abdel Salam Ahmed Haniyeh ou simplesmente Ismail Haniyeh, nasceu em 29 de janeiro de 1962 no campo de refugiados de Shati, próximo da cidade de Gaza. Seus pais foram expulsos da cidade de Ashkelon, onde moravam, durante a Nakba (catástrofe, em árabe) que se seguiu à autoproclamação do “Estado de Israel”, em 1948, tornando-se refugiados no seu próprio país. 

Recebeu o ensino fundamental e médio em escolas da ONU. Em 1983, começou seus estudos na Universidade Islâmica de Gaza, onde se graduou em Literatura Árabe, em 1987, quando foi nomeado professor da instituição, assumindo a posição de Reitor da Universidade em 1993, após seu retorno do exílio no sul do Líbano.

Foi um atuante ativista do Bloco Estudantil Islâmico na Universidade, o ramo jovem da Irmandade Muçulmana, que daria origem ao Movimento de Resistência Islâmica – Hamas, que agrupou em 1987 vários intelectuais e políticos palestinos, liderados pelo Sheikh e líder político islâmico Ahmed Yassin, com o objetivo fundamental de dirigir a Intifada contra a ocupação militar israelense na Faixa de Gaza, que se estendeu de 8 de dezembro de 1987 até 13 de setembro de 1993.

Haniyeh ficou preso por alguns meses entre 1987 e 1988, por sua participação na Intifada. Em 1989, foi condenado a três anos de prisão por pertencer ao Hamas. Liberto em 1992, foi deportado para Marj al-Zuhur, no sul do Líbano, juntamente com outros 400 dirigentes e militantes da Cisjordânia e Gaza. Ele e outros membros do Hamas seriam mais tarde detidos pela Autoridade Palestina, que considerava a ideologia e atividades do grupo uma ameaça aos Acordos de Paz de Oslo.

Em 1997, após a libertação das prisões israelenses do Sheikh Ahmed Yassin, na época líder do Hamas, se tornou seu secretário. Em 2001, após o início da segunda Intifada (de Al-Aqsa), ele consolidou sua posição como terceiro homem na hierarquia do Movimento, depois do Sheikh Yassin e do médico Abdel Aziz al-Rantissi Yibna, ambos martirizados em ataques covardes da ocupação sionista. 

Após os assassinatos do Sheikh Yassin em 22 de março de 2004 e de Rantisi, em 17 de abril do mesmo ano, o Hamas passou a ser dirigido por Khaled Meshal, que havia sobrevivido a uma tentativa de assassinato por envenenamento, quando agentes do serviço secreto e terrorista Mossad conseguiram injetar uma substância tóxica no seu corpo em Amã, Jordânia, em 1997. Com a ascensão de Meshal à liderança política do Hamas, Haniyeh assumiu a máxima responsabilidade política e militar do Movimento.

Após a surpreendente vitória do Hamas nas eleições palestinas de 25 de janeiro 2006, Ismail Haniyeh assumiu o cargo de Primeiro-Ministro palestino e a chefia do Governo, sendo exonerado pelo presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, em 2007, após os confrontos políticos entre o Hamas e Fatah, uma medida rejeitada pelo Movimento. Naquelas eleições, o Hamas elegeu 76 das 132 cadeiras no Conselho Legislativo Palestino, enquanto o seu maior rival, o Fatah, de Yasser Arafat, conseguiu 43 cadeiras. 

Ele renunciou ao cargo em 2014, como parte do esforço que sempre empreendeu pela reconciliação nacional palestina, para em 06 de maio de 2017 ser escolhido como Líder político do Hamas, sucedendo Khaled Meshal através de votação por videoconferência dos membros Conselho da Shura, o principal órgão de decisão do Hamas composto por 48 membros, que escolhe o Comitê Central do Movimento, em Gaza, na Cisjordânia e fora dos territórios palestinos.

Ele sofreu diversas tentativas de assassinato por parte dos terroristas israelenses. Desde 7 de outubro, mais de 60 familiares de Ismail Haniyeh foram martirizados em Gaza, sendo três filhos, quatro netos e uma irmã. Repetia sempre que “Nossos mártires são uma fonte de orgulho para nós e para toda a nação [islâmica], e nunca os esqueceremos, especialmente as mulheres e meninas da Palestina”.

Em 31 de julho ele deu o que tinha de mais precioso – a vida, tornando-se mártir pela causa palestina. Nesse contexto, o mártir é, antes de tudo, um Mujahideen ou fida’yyin, um guerrilheiro da resistência palestina, um combatente muçulmano disposto ao sacrifício da própria vida por uma causa baseada na justiça e na luta contra a opressão.

O sangue dos mártires continuará sendo o combustível para a luta pela liberdade da Palestina e contra a ocupação colonial israelense. E a luta pela qual Ismail Haniyeh foi martirizado, prosseguirá até que toda a terra histórica da Palestina, com a abençoada Jerusalém no seu núcleo, seja libertada. Allah Yerhamo!

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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