Seis pacientes foram infectados com HIV após receberem transplantes de órgãos no Rio de Janeiro. Os exames que deveriam garantir a segurança dos órgãos, realizados pelo laboratório PCS Lab Saleme, deram falsos negativos, permitindo que órgãos contaminados fossem transplantados. O caso foi descoberto em setembro de 2024, e as autoridades já prenderam dois dos responsáveis pelo laboratório, enquanto investigam outros envolvidos e revisam centenas de exames realizados pela empresa.
O escândalo revela falhas graves no sistema de saúde pública do estado, além de levantar suspeitas sobre a demora na divulgação do problema, que veio à tona logo após a reeleição de Eduardo Paes (PSD). Há indícios de que as autoridades poderiam ter conhecido o problema antes do pleito, mas optaram por silenciar para não prejudicar interesses políticos.
Este caso é mais um reflexo da política neoliberal que tem destruído os serviços públicos no Brasil. O laboratório PCS Lab Saleme, contratado para realizar exames de sorologia em órgãos doados, tem vínculos políticos e foi envolvido em um processo de licitação que já levantava suspeitas. A terceirização de serviços críticos, como a realização de exames para transplantes, tem mostrado resultados desastrosos, colocando vidas em risco.
Essa prática de terceirização e privatização desenfreada é marca da política neoliberal. Não é diferente do que aconteceu no Rio Grande do Sul, onde o governo de Eduardo Leite (PSDB) promoveu privatizações de empresas públicas como a CORSAN e a CEEE, deixando a população à mercê de tragédias como as enchentes recentes, em que a falta de investimentos em infraestrutura e prevenção resultou em mais mortes e sofrimento.
O Brasil, que já foi referência mundial em transplantes, agora enfrenta um cenário de colapso. Este caso de contaminação por HIV é um sintoma de um problema muito maior: a destruição do SUS e a entrega dos serviços essenciais a interesses privados. A única saída para evitar mais tragédias é a reestatização de serviços fundamentais e a recuperação do papel do Estado na proteção da população. Caso contrário, tragédias como esta continuarão a se repetir.