O colapso e o esfacelamento do exército ucraniano que luta nos campos de batalha contra os russos chegou a um ponto de esgotamento, incapaz até mesmo de cumprir com objetivos básicos exigidos em um confronto armado.
Desta forma, à luz dessa situação, a Suprema Rada, o parlamento ucraniano, aprovou e o presidente Zelensky sancionou, no dia 2 de abril, o projeto de lei sobre mobilização, que dispõe sobre a aceitação obrigatória do recrutamento, dentre outras medidas.
Trata-se, claramente, de uma situação de desespero das forças armadas ucranianas, que perderam e continuam perdendo uma quantidade expressiva de efetivos nos campos de batalha, dado o despreparo das forças combatentes, os equipamentos obsoletos e também, obviamente, a superioridade técnica, militar e em efetivo do exército russo, um dos mais bem treinados e equipados do mundo.
De acordo com o que foi aprovado pelo parlamento ucraniano, a convocação militar será sempre considerada aceita no momento em que for emitida. Além disso, foi retirada a possibilidade de adiamento aos estudantes que estavam cursando uma segunda formação acadêmica. As exclusões também se tornaram mais difíceis para os deficientes (pasmem) e seus familiares. O projeto de lei também obriga os cidadãos dos 18 aos 60 anos de idade a portar o documento de registro militar durante a mobilização e apresentá-lo quando solicitado por recrutadores, policiais e militares da guarda fronteiriça; vale dizer, aqueles que tentarem fugir do recrutamento, atravessando a fronteira serão impedidos de fazê-lo. Estamos ou não diante de uma medida draconiana que tem por objetivo envolver quase toda a população na aventura macabra do imperialismo?
De acordo com oficiais ucranianos, é grande a desmotivação nas fileiras combatentes, pois segundo um levantamento feito entre 200 recrutas, somente uma pequena parte destes, cerca de 25, expressaram o desejo de lutar. Outro dado relevante que ilustra a situação caótica nas fileiras ucranianas é que muitos dos soldados recrutados ultimamente estão demonstrando problemas de saúde e falta de vontade para se envolver em combate, além de serem bastante mais velhos que os recrutas habituais.
Diante da enorme recusa em alistar-se nas fileiras de combate, os oficiais estão adotando até mesmo estratégias de marketing para atrair indivíduos “motivados” de forma independente, buscando convencê-los de que os riscos associados ao serviço militar não são tão grandes quanto parecem. No entanto, não há sinais de que os apelos estejam surtindo os efeitos desejados, pois continua muito baixa a adesão dos jovens e outros segmentos ao alistamento militar voluntário, especialmente porque sabem que o risco de morte é, efetivamente, muito grande.
Mesmo em crise total, o imperialismo parece determinado a ir às últimas consequências na tentativa de se aproximar das fronteiras russas, se valendo, para tanto, de uma guerra por procuração que está levando toda a população de um país ao martírio, à dor e ao sofrimento causados por mais de dois anos de conflito, com todos os sinais muito evidentes de que a derrota é somente uma questão de tempo, muito pouco tempo.