Em mais uma etapa da crise vivenciada pelo Estado sionista, precipitada depois da operação Dilúvio de al-Aqsa, realizada pela Resistência Palestina (liderada pelo Hamas) no dia 07 de outubro, “Israel” abriu uma zona de conflito na região, dessa vez com o vizinho Egito.
O atrito se dá em função de “Israel” ter anunciado o “controle tático” do chamado “corredor Filadélfia”, uma faixa de terra transfronteiriça de 9 quilômetros que vai de Gaza até a fronteira com o Egito. A medida pode tensionar ainda mais a relação de “Israel” com os egípcios, em ebulição desde pelo menos a segunda metade da década de sessenta do século passado.
Os sionistas sustentam que a zona funciona como o “tubo de oxigênio do Hamas”, usado pelo grupo político-militar islâmico/palestino para “contrabandear munições e armas para Gaza”. Questionado sobre se “Israel” ainda pretendia se apoderar da zona, o premiê israelense, Benjamin Netanyahu declarou: “Deve estar em nossas mãos; deve ser fechado”. O governo sionista considera estratégico e crucial o controle do corredor transfronteiriço para evitar que o Hamas tenha acesso a suprimentos e armamentos.
As relações entre israelenses e egípcios vêm abaladas desde pelo menos dezembro do ano passado, motivada pela sangrenta campanha militar sionista em Gaza, agravada pela recente ofensiva do exército israelense em Rafá, operação que mostrou ao mundo os horrores perpetrados pelos sionistas criminosos contra os palestinos abrigados em tendas, particularmente as cenas macabras contra crianças, com corpos despedaçados e cabeças decepadas.
Todavia, as informações sobre o corredor Filadélfia e as afirmações de “Israel” de que a região transfronteiriça é utilizada pelo Hamas para viabilizar o transporte de suprimentos, armas e equipamentos, são controversas e carecem de consenso até mesmo entre as autoridades militares israelenses, o que é uma indicação de que o governo sionista lança mão de mais um pretexto para ampliar suas operações repressivas contra o povo palestino, ao mesmo tempo que tenta neutralizar a ação da resistência palestina, o que tem se mostrado infrutífera até o momento.
O próprio porta-voz militar israelense, Daniel Hagari, em declaração, não chegou a afirmar que os túneis, supostamente cavados pelo Hamas, cruzavam a fronteira. “Não posso dizer agora que todos esses túneis cruzam para o Egito”. “Vamos inspecionar isso, passar a inteligência” para o Egito. Os poços do túnel em Gaza “estão localizados nas proximidades da fronteira com o Egito, incluindo em edifícios e casas”, acrescentou. “Vamos investigar e cuidar de cada um desses poços” (NYT, 29/5).
Contudo, em desmentido, um alto funcionário do governo egípcio afirmou que “não há verdade” nas alegações de túneis sob a fronteira. “Essas mentiras refletem a magnitude da crise enfrentada pelo governo israelense”, disse o funcionário, acrescentando: “’Israel’ continua suas tentativas de exportar mentiras sobre as condições no terreno para suas forças em Rafá, a fim de obscurecer seu fracasso militar e encontrar uma saída para sua crise política” (NYT, 29/5).