Na última terça-feira (19), uma mulher foi indiciada pela Polícia Civil por abortar um feto e jogá-lo na rede de esgoto de Nova Andradina, na região leste de Mato Grosso do Sul. Ele foi encontrado por um funcionário na Central de Tratamento de Esgoto na segunda-feira (18).
O caso mostra a importância de o aborto ser não só legalizado, como amplamente disponível para qualquer mulher. Afinal, o que ocorreu foi que, na necessidade de interromper sua gravidez e na ausência de meios legais e de fazê-lo, ela precisou recorrer a seus próprios métodos, que não só colocam sua vida em risco, como também a coloca na mira da polícia.
E o motivo da mulher tem, inclusive, total relação com sua condição econômica. Em depoimento à Polícia Civil, ao confessar o aborto, ela afirmou que, ao se separar do marido, engravidou de outra pessoa e, ao reatar o casamento, o homem não aceitou a gravidez. Como é, então, que uma mulher do interior sul-mato-grossense cuidará de uma criança sozinha, sem nenhuma ajuda de seu cônjuge e do Estado?
Fundamentalmente, portanto, ela está sendo presa porque é pobre, porque não possui as condições necessárias de arcar com uma gravidez ou de realizar um procedimento seguro – apesar de clandestino – de aborto.





