Em editorial de título Ao comparar Israel a nazistas, Lula agride a História, o jornal O Globo tenta constranger o presidente Lula a mudar sua posição em relação ao genocídio na Faixa de Gaza. Recentemente, o presidente comparou as ações de “Israel” contra o povo palestino com as da Alemanha Nazista durante a Segunda Guerra Mundial.
Segundo O Globo, Lula estaria “agredindo os fatos” e demonstrando que “desconhece a história” porque, enquanto morreram seis milhões de judeus na Segunda Guerra Mundial, “apenas” 30 mil palestinos teriam sido assassinados por “Israel”. É repugnante. Ao apresentar tal argumento, a única coisa que O Globo consegue demonstrar, no final das contas, é que considera o povo palestino como uma sub-raça. Isto é, que suas vidas não valem tanto quanto as dos judeus e, portanto, a comparação seria descabida.
O que faz de “Israel” nazista não são os números – ainda que os números sejam impressionantes. É um conjunto de fatores que só quem realmente faz questão de ignorar a história, como O Globo, poderia deixar de lado.
“Israel” é, em primeiro lugar, um Estado supremacista. Um Estado em que uma determinada “raça”, embora rigorosamente tal raça não exista, tem privilégios sobre as outras. É um Estado em que, de acordo com a própria lei, milhões de pessoas são tratados como cidadãos de quinta categoria.
Os crimes de “Israel” também não se resumem aos últimos quatro meses. “Israel” é uma ocupação, uma invasão, assim como a Alemanha Nazista ocupou países como a Albânia durante a Segunda Guerra Mundial e subjugou sua população. Essa ocupação, ilegal em todos os sentidos, vem promovendo um processo de limpeza étnica que dura mais de sete décadas. Esse processo, liderado por milícias fascistas, contou com uma quantidade inacreditável de assassinatos, torturas, prisões, estupros e crimes comuns.
Como resultado, hoje existem seis milhões de refugiados palestinos pelo mundo, mais que o dobro de pessoas que habitam o território palestino hoje. O processo foi tão brutal que, em apenas um único ano, mais de 800 mil pessoas foram expulsas de suas propriedades.
Por fim, cabe destacar que tudo o que “Israel” está levando adiante em sua guerra contra o povo palestino são crimes de guerra, assim como fazia a Alemanha Nazista. “Israel” usa armas químicas e ataca abertamente a população civil, passando por cima de qualquer cláusula do Direito Internacional.
Esse não é, no entanto, o único argumento do jornal da Família Marinho. O editorial destaca que a declaração do presidente foi celebrada pelo principal grupo da resistência palestina, o Hamas.
Esse ponto é revelador. Para O Globo, Lula deveria voltar atrás em suas posições para agradar figuras como Benjamin Netaniahu e Joe Biden. Isto é, para agradar genocidas. Que um grupo guerrilheiro que está lutando de armas na mão contra uma ocupação criminosa celebre sua declaração, seria motivo de escândalo.
Mas o que O Globo não consegue esconder é que, para seus patrões, Lula não deve se posicionar em favor dos oprimidos, nem mesmo a favor do Brasil. Ainda que 153 países tenham se colocado a favor de um cessar-fogo, o bom mesmo para o Brasil é ficar ao lado daqueles que estão promovendo o mais bárbaro morticínio de nossos tempos.
Para O Globo, Lula deve governar para os Estados Unidos e para “Israel”.