América do Sul

Contra intervenção imperialista, apoiar a Venezuela no Essequibo

Após referendo de Maduro, amplamente aprovado pela população, imperialismo norte-americano prepara intervenção

Recentemente, surgiram tensões entre o governo venezuelano do presidente Nicolás Maduro e o presidente guianês Irfaan Ali, relacionadas a uma disputa territorial. A imprensa burguesa bombardeia diuturnamente que a Venezuela quer “roubar” o território da Guiana. Mas será que a mesma imprensa burguesa, que legitima o roubo de terras palestinas pelos sionistas que vem desde o início do século passado, tem alguma legitimidade para falar em “roubo de terras”?

Historicamente, o território de Essequibo, atualmente sob ocupação da Guiana, pertenceu à Venezuela desde o período que a Venezuela era colônia espanhola (Capitania Geral da Venezuela). Em 1821, quando a então Grã-Colômbia (um Estado que, além de incluir a Colômbia, como o nome sugere, incluía também a Venezuela, o Equador e o Panamá (separado da Colômbia pelo imperialismo estadunidense em 1903) foi liberta do jugo colonial espanhol por Simón Bolívar, a Guiana Essequiba fazia parte do território da Grã-Colômbia, correspondente à Venezuela. Quando a Venezuela se separou da Grã-Colômbia em 1830, Essequibo era uma das províncias venezuelanas.

No entanto, a Grã-Bretanha, grande potência mundial do século XIX, obteve oficialmente dos neerlandeses em 1814 a cessão de territórios que hoje são o leste da Guiana. A partir de meados do século XIX, os britânicos, ávidos por encontrar recursos naturais, foram expandindo ilegalmente sua colônia (a Guiana Inglesa) para o oeste, ocupando terras venezuelanas. Com isso, a Venezuela cortou relações com os britânicos em 1886 e buscou uma arbitragem de sua fronteira.

Essa arbitragem foi feita numa comissão de 1899, com dois britânicos, dois estadunidenses (representando a Venezuela) e um russo (“neutro”). Por unanimidade, eles declararam o Essequibo território britânico, o que anos mais tarde fez Rui Barbosa dizer que a Venezuela foi vítima de uma injustiça. Rui Barbosa tinha razão, e o próprio Brasil também teve um território (que deveria pertencer ao atual estado de Roraima) roubado pelos britânicos em 1904, na questão do Pirara. Mais tarde, na década de 1960, a Venezuela denunciou que a comissão tinha sido uma fraude.

Assim, podemos concluir que a Venezuela tem direito legítimo ao Essequibo. O atual presidente Nicolás Maduro recentemente fez várias ações denunciando o imperialismo e defendendo uma revisão na fronteira de seu país com a Guiana. Em resposta, os britânicos estão mandando porta-aviões para a Guiana e os EUA ameaçam implementar mais uma base militar na Amazônia, desta vez na Guiana, para impedir que a Venezuela recupere seu território. Mas o imperialismo anglo-estadunidense não está interessado na Guiana por acaso. Ele deseja que suas empresas petrolíferas continuem explorando petróleo ilegalmente em águas territoriais venezuelanas.

Recentemente, a ExxonMobil impôs à Guiana um “acordo”, no qual a petrolífera estadunidense ficaria com 75% da receita do petróleo extraído na Guiana. Apenas os 25% restantes seriam compartilhados com a Guiana, num clássico “tratado” assinado entre um país imperialista e um país da periferia do capitalismo. Nesses acordos, o país imperialista sempre sai em vantagem. E muitas vezes, os países da periferia do capitalismo são obrigados a assinar esses acordos com as nações que comandam o imperialismo, sob pena de sofrerem sanções econômicas, desestabilização política, ou até mesmo bombardeios. Isso mostra que o maior inimigo da Guiana não é a Venezuela, mas o imperialismo.

A Venezuela fez uma consulta popular sobre se Essequibo é ou não parte da Venezuela. Mais de 95% da população venezuelana concordou que Essequibo é da Venezuela. Inclusive políticos de oposição a Nicolás Maduro votaram favoravelmente a Essequibo ser parte da Venezuela, o que mostra que diferente da propaganda imperialista veiculada pela imprensa, a proposta por Essequibo ser parte da Venezuela não é “a ditadura de Nicolás Maduro querendo roubar terras de um país soberano”, mas é a defesa da soberania venezuelana contra os ataques do imperialismo e das multinacionais do petróleo.

Após a realização do referendo, os EUA anunciaram que realizarão operações militares aéreas na Guiana na região de Essequibo, que está em disputa com a Venezuela. A operação foi anunciada pela Embaixada dos EUA na Guiana e faz parte de uma aliança que existe desde o ano de 2022.

A decisão do governo venezuelano de realizar o referendo, com a aprovação da população, busca reverter o Laudo de Paris de 1899 e questionar o Acordo de Genebra de 1966. Essa disputa territorial, rica em recursos como petróleo e minerais, tornou-se um ponto de conflito não apenas entre Venezuela e Guiana, mas agora envolve diretamente os Estados Unidos.

A ação dos EUA ao conduzir exercícios militares na Guiana em meio a essa disputa intensifica as tensões na região. Essa movimentação militar, somada às recentes ações da Venezuela, eleva o patamar da crise, criando uma situação que pode facilmente desencadear em um conflito direto entre a Venezuela e os EUA.

A esquerda brasileira deve apoiar incondicionalmente a Venezuela e o presidente Nicolás Maduro na questão do Essequibo. Quando um país explorado pelo imperialismo se levanta contra o imperialismo, devemos sempre apoiar o país explorado, pois sua vitória enfraquece o imperialismo, levando-o a mais derrotas futuras, como vimos com a derrota norte-americana no Afeganistão imposta pelo Talibã, que abriu caminho para a ascensão de governos anti-imperialistas em Mali, Burkina-Faso e Niger, além da luta do Hamas e de outras organizações de luta do povo palestino contra a ocupação sionista, bem como o fracasso militar retumbante da OTAN contra a Rússia na Ucrânia.

 

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