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Rui Costa Pimenta

Presidente Nacional do Partido da Causa Operária. Editor do Jornal Causa Operária e do Diário Causa Operária. Escritor, palestrante.

Coluna

Contra a escala 6×1, sim; movimento VAT e seu projeto, não

O movimento VAT tem conseguido notoriedade pela sua divulgação por órgãos do grande capital

Pessoas mal-intencionadas acusam a mim e ao Partido da Causa Operária de ser a favor da escala 6×1. É uma calúnia para ignorantes e pessoas desavisadas.

O PCO tem como programa a redução da jornada de trabalho e a escala móvel de horas de trabalho. Defendemos, há muito tempo, a semana de 35 horas com cinco dias de trabalho, final de semana livre e sem redução de salários.

O movimento VAT tem conseguido notoriedade pela sua divulgação por órgãos do grande capital como a Rede Globo, Folha de S. Paulo, revista Exame, Época Negócios, etc.

Porta-vozes da burguesia, como Márcio França (ex-PSDB), elogiam a proposta. A burguesia não é favorável nem mesmo ao programa do Bolsa Família, que é apenas um alívio para o trabalhador permanentemente desempregado, combate a aposentadoria, proíbe as greves por aumento de salários, mas teria se tornado partidária de uma redução da jornada de trabalho, uma das reivindicações operárias que ela mais combateu em toda a história do capitalismo.

Claro que não é verdade.

O movimento VAT é uma importação, responde a uma organização chamada 4dayweek Global, uma ONG empresarial imperialista que propaga a ideia da semana 4×3.

Por quê? A proposta de 4×3 não é uma verdadeira proposta de redução da jornada, mas uma proposta de flexibilização da jornada, ou seja, é pior que a escala 6×1. Por isso, o projeto apresentado, que sequer faz sentido, uma vez que a sua semana 4×3 levaria a 32 horas quando o projeto propõe 36 horas, não fala dos salários e do final de semana livre.

A vontade do trabalhador de ter o final de semana livre está sendo usada para conduzir a uma jornada flexível.

Qualquer um pode ver que as grandes empresas têm uma demanda irregular e são obrigadas a contratar um número de trabalhadores superior ao que necessitam no dia a dia para fazer frente à oscilação da demanda. Com a semana 4×3 poderiam aumentar a intensidade do trabalho em períodos “normais” e fazer horas-extras nos períodos de demanda aquecida, reduzindo assim, não aumentando, o número de trabalhadores. Também, é previsível que, com a semana 4×3, os salários cairão e as horas extras, determinadas pela necessidade patronal, vão tomar o lugar do salário perdido.

A semana 4×3 daria lugar a uma infinidade de situações nos locais de trabalho, levando a uma completa desestruturação da situação dos trabalhadores.

Querem, pela pressão da imprensa capitalista, que não se abra um amplo debate no interior dos sindicatos e dos trabalhadores sobre a proposta. Quem criticar a proposta será acusado, como acontece conosco, de ser a favor da escala 6×1. Uma mentira que mostra a má intenção dos organizadores e apoiadores do VAT.

Por outro lado, o proprietário da proposta “Rick” Azevedo, que saiu do anonimato para se eleger vereador na última eleição, privatizou o movimento (ele mesmo declara que registrou o movimento em seu nome) e o leva adiante de maneira autoritária. Na convocação dos atos do dia 15 — data do seu aniversário — quis impedir partidos, bandeiras e outras reivindicações, numa repetição dos funestos truques dos movimentos coxinhas que sequestraram as manifestações de 2013 pelo passe livre e abriram caminho para o golpe de estado de 2016.

O debate em torno da escala 6×1, no entanto, é uma oportunidade para a CUT e os sindicatos organizarem um verdadeiro movimento pela redução da jornada, por uma semana de 35 horas, máximo de 7 horas por dia, final de semana livre, sem redução dos salários. Não devemos permitir que aventureiros com segundas intenções causem ainda maiores prejuízos aos trabalhadores.

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