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Coluna

Confraf/CUT reproduz a política fracassada de apoiar golpistas 

O apoio de setores da esquerda na categoria bancária à direita é uma reprodução, no movimento sindical, do fracasso da frente ampla desses mesmos setores em escala nacional

Entre os dias 13 e 22 de novembro, será realizada a eleição para os cargos do Conselho Deliberativo, Conselho Fiscal e diretorias regionais da ANABB (Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil).

Uma questão que chama a atenção é que a direção executiva da Contraf/CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) aprovou apoio e fez campanha para um grupo de candidatos que participa da eleição, no qual, entre os nomes que compõem o grupo, encontram-se candidatos de direita, como Augusto de Carvalho, e até da direita bolsonarista, como Valmir Camilo e Graça Machado. Todos eles apoiaram o golpe de Estado de 2016, na farsa do impeachment da presidenta eleita democraticamente, Dilma Rousseff, no reacionário Congresso Nacional, e apoiam, até hoje, a Operação Lava Jato, que levou à prisão o atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

Pegando apenas um dos exemplos: Augusto de Carvalho, que atualmente ocupa a presidência da ANABB e concorre nesta eleição ao cargo no Conselho Deliberativo, hoje é filiado ao Solidariedade, partido do golpista Paulinho da Força. Foi deputado federal e votou a favor do golpe de Estado de 2016, no impeachment de Dilma Rousseff, e também a favor da PEC dos gastos públicos, que prejudica os servidores públicos e toda a população. Foi secretário de saúde no governo do Distrito Federal, na gestão de José Roberto Arruda (ex-Arena, ex-PFL, ex-Democratas e hoje União Brasil), defende a Operação Lava Jato, orquestrada por Sérgio Moro, e caracteriza o governo da Venezuela, que vem sendo atacado sistematicamente pelos países imperialistas, principalmente os Estados Unidos, como se fosse uma ditadura.

Augusto de Carvalho é um pelego histórico da categoria bancária, tendo dirigido o Sindicato dos Bancários na década de 1980 e início dos anos 1990, período em que a categoria bancária amargou grandes derrotas, devido à sua subordinação ao regime burguês e à aceitação das normas e limites ditados pelos patrões, especialmente nas instituições do Estado, como os Tribunais do Trabalho (TRT e TST).

Para a diretora da Contraf/CUT, Fernanda Lopes, “apoia esses colegas porque eles compõem um grupo muito atuante no histórico de luta em defesa dos associados e associadas da Anabb” (Site Contraf, 30/10/2024).

O apoio de setores da esquerda da categoria bancária à direita é uma reprodução, no movimento sindical, do fracasso da Frente Ampla desses mesmos setores em escala nacional, como mostram os resultados das recentes eleições municipais, nas quais a esquerda foi derrotada fragorosamente e a direita, especialmente os candidatos bolsonaristas, obteve um crescimento de mais de 10 milhões de votos.

A paralisia que predomina hoje no movimento sindical, como promovem algumas lideranças, não é simples reflexo de um “atraso da classe trabalhadora,” a qual, em momentos de grande confronto, manifestou claras tendências de evolução política. Essa paralisia é fruto do freio imposto ao movimento dos trabalhadores pelas suas direções, a partir da política de colaboração de classes típica da Frente Ampla, que logo se estendeu às organizações sindicais.

A aliança entre o trabalhador e a burguesia, cujos interesses, nas questões fundamentais, formam um ângulo de 180º, só pode, em termos gerais, paralisar a força reivindicatória dos trabalhadores. Essas verdades representam a irrefutável conclusão de toda a experiência histórica. A história está cheia de exemplos de Frentes Amplas (mais conhecidas como Frentes Populares), das mais diversas combinações possíveis, que servem para enganar os trabalhadores.

Nesse quadro, a CUT (neste sentido, a Contraf segue a mesma orientação), criação do sindicalismo combativo e classista, de acordo com a orientação da fração majoritária da Artban (Articulação nos Bancários), em consonância com a política do PCdoB e de partidos burgueses, estabelece uma política de pacto com a direita, materializada mais claramente nos conchavos recentes via Congresso Nacional. Exemplos disso são o apoio do PT e também do PCdoB à candidatura bolsonarista de Hugo Motta (Republicanos) à presidência da Câmara dos Deputados, que é associado à extrema direita e alinhado à política de Arthur Lira (PP), alimentando ilusões entre os trabalhadores de que, por essa via, seria possível atender às reivindicações operárias.

A defesa das organizações de luta dos trabalhadores a candidaturas de elementos da direita é incompatível com o objetivo de impulsionar, ampliar e unificar a luta dos trabalhadores por suas necessidades. Contra essa política de capitulação e colaboração com setores da burguesia, é necessário organizar a mobilização dos trabalhadores em uma perspectiva de independência de classe. As mobilizações concretas dos trabalhadores devem se dar por meio de suas próprias organizações e formas de luta; esse é o único meio de barrar a ofensiva reacionária da direita golpista.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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