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Comte. Farinazzo: ‘Israel está em uma situação de impasse’

DCO conversou com Robinson Farinazzo sobre a situação do conflito entre "Israel" e Palestina no Oriente Médio no que diz respeito ao aspecto militar

A guerra entre “Israel” e a Palestina colocou o domínio do Estado sionista na região em xeque. A medida que o tempo passa e o exército israelense não consegue avançar em sua invasão em Gaza, não conquistando absolutamente nenhum objetivo militar importante, fica mais claro que o mito da invencibilidade israelense está se tornando coisa do passado.

Para compreender melhor o que está em jogo, em termos militares, não só no conflito entre “Israel” e Palestina, mas em todo o Oriente Médio, o Diário Causa Operária (DCO) conversou com o comandante Robinson Farinazzo. Com décadas de carreira militar, Farinazzo é oficial da reserva da Marinha, especialista em tecnologia aeronáutica e consultor em Defesa.

Neste artigo, entretanto, publicamos apenas alguns dos vários tópicos discutidos com o comandante. A entrevista na íntegra será publicada em breve na inauguração da edição especial de fim de semana deste Diário.

Diário Causa Operária: Qual é a situação neste momento da operação de “Israel” em Gaza?

Comte. Robinson Farinazzo: Olha, eu penso que Israel está numa situação de impasse porque o que acontece é o seguinte: todas as vezes que eles avançam sobre um determinado bairro de Gaza, uma determinada região, eles dizem que aquela região já está pacificada. Mas dali a pouco você vê saírem foguetes dali. Ou eles falam: olha, essa região está pacificada, a gente vai para outra. Eles vão para outra, o pessoal volta para essa região, o Pessoal do Hamas volta para essa região.

O que acontece: não há registro de sucesso na bibliografia militar de qualquer força atacante que tenha tido resultados favoráveis na luta contra túneis. Você não vai entrar nos túneis, é muito difícil entrar, você avança muito pouco ali dentro, é cheio de armadilhas. O Hamas deve ter sofrido assim grandes perdas de efetivos, grandes perdas logísticas, mas eu não vejo grandes modificações no cenário por parte de Israel, não. Posso estar muito errado, mas essa é a percepção que eu tenho hoje.

Diário Causa Operária: E você acha que essa questão dos túneis é a maior dificuldade de “Israel” nessa guerra de guerrilhas com o Hamas?

Comte. Robinson Farinazzo: Não, não acho que é só essa. Acho que, primeiro, o Hamas é diferenciado em relação aos demais exércitos árabes. Nos anos 50, 60 e 70, nas guerras que Israel fez, eles estavam acostumados a lutar com exércitos árabes e a qualidade tanto dos oficiais quanto dos praças não era muito boa, essa é que é a verdade. Os praças conheciam um pouco do seu ofício, mas o conhecimento técnico das armas que eram fornecidas não era dos melhores e os oficiais nunca foram muito motivados. Além de serem guerras convencionais, guerras móveis onde aviação e blindados contavam muito, que era o forte de Israel.

Só que hoje, primeiro que o pessoal do Hamas é motivado. Segundo, não são exércitos emassados, são exércitos espalhados, o Hamas tem comandos independentes. Então fica muito difícil você combater esse pessoal. A superioridade tecnológica de blindados e aviação de Israel não conta tanto nessa guerra. Então, as dificuldades para Israel são enormes. É uma guerra que Israel não estava acostumado a travar. A última parecida que ela lutou foi em 2006, quando contra o Hesbolá, no Líbano.

Diário Causa Operária: Qual é, nesse momento, a importância da operação que o Iêmen está fazendo contra “Israel”?

Comte. Robinson Farinazzo: Olha, não é só contra Israel. O Iêmen, primeiro que eles inovaram na forma de fazer bloqueio naval. Segundo, eu acho que a operação do Iêmen tem um efeito mais propagandístico do que real. Muitos navios que eles alegam que atingiram não foram efetivamente atingidos. Mas não é isso que interessa! Para as companhias de navegação e as seguradoras, o Mar Vermelho é um risco, esse é que é o fato. Eles não querem saber se o Iêmen está acertando ou não está acertando. Você não vai pegar um navio com 1000 contêineres e arriscar sua carga ali. Quando chegou essa operação americana, o Guardião da Prosperidade, o pessoal achou que a coisa ia melhorar. Não, não melhorou. Na verdade, agora são duas facções disparando: o Iêmen disparando mísseis e drones e os Estados Unidos e seus aliados disparando contramedidas. Ou seja, duplicou-se o risco para as companhias de navegação e as seguradoras.

Então, eu acho que a gente tem também um impasse ali. Eu não estou vendo a Marinha americana, apesar de ela conseguir repelir boa parte dos ataques, eu diria que a maioria, eles não estão conseguindo inspirar confiança nas seguradoras e nas companhias de navegação para voltar à operação normal.

Diário Causa Operária: Sobre isso, você chegou a comentar em outro programa que eles inovaram completamente esse meio de fazer bloqueios.

Comte. Robinson Farinazzo: Nunca ninguém tinha feito isso. Como é que era o bloqueio naval antigamente? Você colocava minas, ou submarinos, ou navios de superfície e eles faziam a apreensão ou alvejavam navios mercantes. Foi o que aconteceu na Primeira Guerra Mundial, na Segunda Guerra Mundial dos alemães contra os britânicos. Mas até lá nas guerras napoleônicas a Inglaterra fez bloqueios contra Napoleão.

Mas, hoje, o que acontece? O Iêmen está numa posição extremamente estratégica ali no sudoeste da Península Arábica, porque eles controlam o Babelmândebe, que é o estreito que une o Golfo de Adem com o Mar Vermelho, que dá acesso ao Canal de Suez. É extremamente estratégico. É um dos hotpoints mais importantes do mundo. Então, com mísseis até de médio alcance, ou com drones e talvez até com artilharia de campanha – não sei se eles estão usando – mas eles podem bater porque o estreito tem acho que 30 km de largura.

Eles inovaram nisso. Ninguém tinha feito isso até então, com esses meios, não. Nem com esses resultados e esse impacto midiático. A sorte de Israel é que a mídia mainstream, a mídia corporativa, a mídia hegemônica, ela não dá a real importância que esse evento tem, mas ele é gigantesco. Ele é dantesco, na verdade.

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