Nesta semana, pesquisas indicaram que a maioria dos brasileiros (66% pela Quaest) entrevistados concordam com as críticas feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva à política de juros do Banco Central. Supostamente, apenas 23% dos entrevistados disseram não concordar com as falas do mandatário brasileiro, o que – absurdamente, para um número tão expressivo – demonstraria satisfação com o fato do País ter a segunda mais alta taxa de juros reais do Mundo.
A pesquisa mostra o apoio a declarações do presidente, tal como aquela feita em 21 de junho, quando ele afirmou que:
“O presidente do Banco Central é um adversário político, ideológico e adversário do modelo de governança que nós fazemos. Ele foi indicado pelo governo anterior e faz questão de dar demonstração de que não está preocupado com a nossa governança, ele está preocupado com o que ele se comprometeu.”
Até mesmo aqueles que votaram em Bolsonaro tendem a concordar com o presidente brasileiro, uma vez que ninguém aguenta trabalhar para ter quase metade de seus vencimentos tomados por impostos e ver quase a metade dos recursos arrecadados irem parar nos “cofres” dos banqueiros, a título do pagamento de juros, serviços e amortização de uma dívida que já foi paga inúmeras vezes e não para de crescer.
As pesquisas indicaram um crescimento do apoio ao governo, mesmo em meio ao enorme cerco que ele sofre por parte de toda a direita golpista, inclusive no interior do governo.
Obviamente que não se deve confiar no que dizem as pesquisas produzidas por institutos ligados à burguesia. Entretanto, é possível utilizá-las, em conjunto com uma análise concreta, para indicar tendências na política nacional.
A burguesia, que domina a imprensa, que contrata, realiza e divulga as pesquisas, tem notório interesse em favorecer a figura de Campos Neto, é ferrenha defensora da sua política de juros altos. Assim, é provável que o número de pessoas que concordam com as declarações de Lula seja muito maior.
Podemos concluir, sem medo de errar, que o povo brasileiro está do lado do presidente quando o assunto é denunciar a política lesa-pátria levada adiante por Campos Neto.
A mesma pesquisa da Quaest afirma que 69% dos entrevistados afirmaram não ter conhecimento de que o presidente do BC havia sido indicado por Bolsonaro, contra 29% que afirmaram ter conhecimento deste fato. Um total de 64% afirmou não ter tomado conhecimento das críticas feitas por Lula, enquanto 34% disseram o contrário.
Tais números indicam que a política que Lula tem é bem aceita por aqueles que têm ciência do problema que a política de juros de Campos Neto representa para o País.
Diante da pressão feita pela burguesia e pela sabotagem do “mercado” contra seu governo (que levou o dólar, por exemplo, a chegar ao teto de R$5,70) Lula recuou em suas críticas. Também começaram a divulgar que ele deve indicar para a presidência do Banco Central um economista de origem tucana e que votou no Conselho de Política Monetária (Copom) pela mesma política de Campos Neto (leia na pág. 4).
O cerco da burguesia e mesmo de setores à direita dentro do governo, principalmente na área financeira, pressionam para que Lula deixe de lado suas opiniões apoiadas pelo povo e assuma as posições por ele odiadas.
Isso quando as pesquisas indicaram que o caminho para derrotar a direita e aumentar ainda mais o apoio ao governo seria intensificar a discussão em torno do problema da taxa de juros e da dívida pública com a população brasileira, aumentar as críticas e mudar não só o presidente do BC (quando isso for lhe for permitido), mas – radicalmente – a política monetária atual, que serve apenas aos interesses dos banqueiros e especuladores.
Para isso, o fundamental seria que Lula se apoiasse na mobilização popular, na força dos trabalhadores e de suas organizações.