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HISTÓRIA DA PALESTINA

Como os sionistas destruíram uma cidade para fundar ‘Telavive’

Prédios históricos foram demolidos para abrir espaço para novas construções, e bairros palestinos inteiros foram destruídos por infraestrutura moderna destinada aos israelenses

A história de Telavive, atual centro urbano e econômico mais importante da ditadura sionista, é um símbolo contundente da ocupação e da destruição sistemática de cidades palestinas para viabilizar o projeto colonial. Construída à custa da milenar cidade de Jafa, Telavive não apenas apagou a história, como também exemplifica as estratégias criminosas utilizadas pelo sionismo para consolidar o domínio do território ocupado da Palestina.

A destruição de Jafa e o surgimento de Telavive

No início do século XX, Jafa era um próspero centro cultural e econômico palestino, com uma população diversa composta por muçulmanos, cristãos e uma pequena minoria judaica. Essa coexistência foi interrompida pela chegada de colonos sionistas durante a Segunda Aliá (1904–1914). Em 1906, um grupo de sionistas estabeleceram a sociedade Ahuzat Bayit, que, sob o pretexto de criar um “centro urbano hebraico”, adquiriu terras de forma irregular em Kerem Djebali, um subúrbio de Jafa.

Essas terras foram registradas em nome de Jacobus Kann, um cidadão holandês, para contornar as proibições otomanas sobre a compra de terras por estrangeiros judeus. Em 1909, a fundação oficial de Telavive foi realizada por meio de um sorteio simbólico de lotes, utilizando conchas coletadas na praia. Uma visão romântica amplamente difundida pela propaganda sionista para a fundação de Telavive, mas que esconde o crime que estava por vir.

A expulsão da população árabe

Com a expansão da cidade, os sionistas passaram a adotar práticas explícitas de segregação e expulsão. Em 1917, durante a Primeira Guerra Mundial, as autoridades otomanas ordenaram a evacuação de Jafa e Telavive, principalmente de seus residentes judeus. No entanto, ao fim da guerra, a Palestina foi tornada uma colônia britânica, o que permitiu aos sionistas retornarem e intensificarem a ocupação das terras ao redor de Jafa, levando a um aumento significativo de sua população na cidade de Telavive.

Na década de 1920, a cidade já havia se estabelecido como um enclave sionista separado de Jafa. Conflitos violentos, como os tumultos de 1921 e a Grande Revolta Árabe de 1936–1939, evidenciaram o atrito crescente entre árabes e judeus. A violência sionista culminou na Nakba (Catástrofe, em português) de 1948, quando forças paramilitares como o Irgun e o Haganá realizaram ataques sistemáticos contra Jafa. Em maio daquele ano, a cidade caiu, e sua população árabe foi expulsa em massa.

Reconfiguração de Jafa

Após a expulsão dos palestinos, Jafa foi rapidamente incorporada a Telavive. No final de 1948, as autoridades israelenses anexaram os subúrbios judeus de Jafa, além de vilarejos árabes como Abu Kabir e Salama, transformando essas áreas em bairros judeus. Em 1950, a fusão das cidades foi formalizada, e o nome Tel Aviv-Yafo foi adotado.

A unificação foi mais um golpe para a identidade árabe de Jafa, que se tornou um enclave marginalizado dentro de uma metrópole dominada por sionistas. Prédios históricos foram demolidos para abrir espaço para novas construções, e bairros palestinos inteiros foram destruídos por infraestrutura moderna destinada à população israelense.

A propaganda sionista apresenta Telavive como um exemplo de modernidade e desenvolvimento. A cidade foi planejada segundo o movimento das cidades-jardim, popular na Europa no início do século XX. Suas ruas amplas e edifícios modernos, muitos projetados por arquitetos da escola germânica Bauhaus emigrados da Alemanha nazista, são celebrados como patrimônio da humanidade pela UNESCO. Contudo, por trás dessa fachada está a história de um projeto colonial que apagou deliberadamente a cultura e a presença palestinas.

Antes de sua destruição, Jafa era famosa por sua produção agrícola, especialmente laranjas, que eram exportadas para todo o mundo. A cidade também era um centro de vida intelectual, com jornais, escolas e instituições culturais.

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