Desde a fundação de “Israel” em 1948, os Estados Unidos têm mantido uma relação financeira com a entidade sionista tal qual um pai com seu filho na fase infantil. Esse relacionamento ganhou contornos de aliança estratégica e intensificou-se especialmente após a Guerra de Yom Kippur, em 1973. Dada a importância do Oriente Médio, o apoio a ocupação cresceu em progressão geométrica, tanto em termos financeiros, quanto diplomáticos e militares.
Em 1973, durante a Guerra de Yom Kippur, os norte-americanos intervieram decisivamente, enviando uma ponte aérea massiva de ajuda militar para seu filho no Oriente. Esse foi um ponto de inflexão no relacionamento, consolidando o apoio incondicional que o imperialismo tem demonstrado desde então. A partir desse momento, a assistência financeira, inicialmente voltada para o setor militar, foi se expandindo.
Entre 1973 e 2023, os EUA destinaram a “Israel” mais de 318 bilhões de dólares em ajuda, principalmente militar, de acordo com dados compilados de fontes como o governo americano e organizações de monitoramento de relações internacionais. Esse montante inclui o valor de armas, treinamento militar e cooperação tecnológica. Anualmente, o valor da ajuda varia entre 3 e 4 bilhões de dólares.
Um gráfico com a evolução dos recursos enviados anualmente ilustra esse crescimento contínuo:
Além dos números financeiros, a posição especial concedida a “Israel” foi consolidado em 1987, quando o país foi designado como um “Aliado Não-OTAN”, conferindo-lhe uma posição única e acesso a armamentos avançados. Após o desmantelamento da União Soviética pós-stalinista, a justificativa do apoio norte-americano a “Israel” evoluiu de patamar oficialmente, dada a conjuntura de que seu objetivo nunca foi apenas estratégico para a política interna dos Estados Unidos.
Inicialmente vendido como um aliado estratégico na contenção do comunismo no Oriente Médio, “Israel” se tornou, com o tempo, um símbolo da aliança imperialista contra o que foi classificado como “terrorismo islâmico”, como era – e ainda é – chamado toda forma de resistência ao imperialismo nos países árabes. Durante o governo de George W. Bush, por exemplo, os EUA promoveram a ficção israelense de que o país lutava sua própria “guerra ao terror”.
Esse apoio crescente a “Israel” não foi isolado, apesar de substancialmente maior que aos demais regimes reacionários financiados pelo imperialismo. O governo dos EUA também manteve relações de financiamento com governos árabes inimigos dos trabalhadores do Oriente Médio, como Arábia Saudita, Egito e Jordânia. Esse apoio aos estados árabes reacionários visa manter a chamada estabilidade na região, isto é, o controle do imperialismo, e garantir a continuidade do fluxo de petróleo aos seus interesses, passando também por conter movimentos políticos que poderiam desestabilizar esses governos.
No entanto, é importante reiterar que o nível de suporte fornecido a “Israel” é significativamente maior. A Arábia Saudita, por exemplo, recebe uma “ajuda de custos” dos EUA, mas essa ajuda não tem o mesmo grau de liberdade diplomática que “Israel” goza. O Egito, após o acordo de Camp David em 1979, também se tornou um dos maiores recipientes de financiamento dos EUA, porém condicionado ao cumprimento de acordos que garantem uma política alinhada com os interesses norte-americanos.
Internamente, congressistas e setores da sociedade civil criticam o uso do dinheiro dos contribuintes para financiar políticas israelenses, especialmente no que se refere à ocupação dos territórios palestinos e aos constantes massacres em Gaza. Desde 2007, quando a força de ocupação israelense impôs um bloqueio a Gaza após o Hamas vencer as eleições, o apoio americano se intensificou. A justificativa dada pelos governos norte-americanos, de George W. Bush a Joe Biden, tem sido de garantir a segurança de “Israel” e conter o terrorismo.
O papel dos EUA como mediador entre os sionistas e os estados árabes também é questionável, dada a realidade em que tal mediação ocorre na ameaça militar e chantagem econômica. O impacto dessa relação é evidente atualmente, com o que ocorre em Gaza, na Cisjordânia e no Líbano, onde o governo de Joe Biden já reforçou o apoio “inquebrantável” ao país artificial de “Israel”.
Os gráficos e números mostram a crescente assistência financeira e militar, mas também deixam claro como o imperialismo age e quais são seus fins. Enquanto apoia “Israel” incondicionalmente, busca manter boas relações com governos árabes reacionários, criando uma rede de alianças e capachos que estejam aptos a garantir seus interesses econômicos, políticos e militares nas regiões que lhes interessem.