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HISTÓRIA DA PALESTINA

Como os britânicos começaram a limpeza étnica na Palestina 

Na década de 1920 já havia uma luta contra a limpeza étnica de camponeses palestinos que eram expulsos de suas terras após os sionistas as comprarem de aristocratas

A Palestina começou a ser colonizada pelos britânicos em 1917 quando ela foi conquistada durante a 1ª Guerra Mundial. A partir desse momento, o projeto sionista começou a entrar em prática com o apoio dos grandes banqueiros. Dezenas de milhares de judeus europeus começaram a imigrar para a Palestina e uma das questões cruciais era tomar a terra da população nativa. O Partido Comunista da Palestina, que foi fundado no início da década de 1920, denunciou esse processo de tomada das terras.

Em um texto publicado em 1925, o PCP afirma: “por algum tempo, a organização sionista na Palestina tem desfrutado de uma condição de ‘prosperidade’. Como consequência da política fortemente anti-árabe que os imperialistas ingleses têm seguido nos últimos meses, concessões amplas têm sido concedidas aos sionistas, particularmente em relação à imigração de um grande número de imigrantes judeus e a vários privilégios políticos em detrimento da população nativa. E agora a organização sionista considera que o momento chegou para realizar o sionismo de forma rápida e completa”.

Naquele momento, era o principio da grande imigração sionista. Ainda não estava claro se seria possível criar um Estado de “Israel”. Mas algo era certo, quanto mais sionistas na Palestina melhor seria para o imperialismo inglês. Então, o texto afirma: “a realização do sionismo significa, no entanto, antes de tudo, a transferência de mais áreas de terras das mãos árabes para as mãos judias. A realização do sionismo significa comprar terras — este é o slogan com o qual os missionários sionistas viajam de país em país, arrecadando dinheiro para fundos nacionais para a compra de terras, formando sociedades de compra de terras e buscando interessar vários grupos capitalistas na compra de mais extensões de terra na Palestina”.

O projeto sionista, apoiado pelos banqueiros, começou comprando as terras dos nobres palestinos. O PCP descreve: “a terra arável na Palestina (e é isso que os sionistas buscam em primeiro lugar, pois desejam evitar os grandes custos de irrigar e tornar o solo estéril apto para a agricultura) está em grande parte nas mãos de grandes proprietários de terras árabes ricos, cujas propriedades muitas vezes abrangem milhares de quilômetros quadrados. A terra desses ricos ‘Efendis’ é cultivada por camponeses, que alugam pequenos lotes e, em troca, devem dar aos proprietários uma parte considerável da colheita. Esses camponeses vivem em uma pobreza indescritível”.

Ou seja, uma economia de tipo feudal existia e o imperialismo começou a destruir essa estrutura comprando terras. “Os sionistas estão comprando a terra dos Efendi — mas com posse desocupada. Os pioneiros do renascimento do povo judeu devem ser assentados na terra, portanto, o pobre e miserável felah (campones) deve ceder espaço para eles. A expulsão dos árabes da terra, que segue cada grande compra de terra, é uma das coisas mais trágicas na história da ‘colonização do país’”. A limpeza étnica portanto sempre fez parte do projeto sionista.

Ele descreve o sofrimento: “enquanto no campo dos jovens imigrantes se expressa o mais selvagem entusiasmo nacionalista com danças e canções, a poucos passos dali o camponês despejado está embalando seus humildes pertences para partir com sua esposa e filho para a cidade, onde a fome e a miséria o aguardam”.

Quanto há resistência dos camponeses palestinos: “as==às vezes ocorrem lutas entre os camponeses e os colonos, nas quais há mortos e feridos; a polícia inglesa intervém e realiza prisões entre os resistentes, o camponês é expulso à força — e no dia seguinte a terra está sob a posse segura do colono para a realização dos sublimes ideais do sionismo”.

PCP então denuncia essa aliança entre o imperialismo, a burguesia local sionista e os nobres palestinos que se unificam contra a população de camponeses e trabalhadores nativos. Ele defende a “união dos trabalhadores judeus com os camponeses árabes; a terra para aqueles que a cultivam; nenhum trabalhador deve ajudar a expulsar camponeses árabes; nenhum camponês árabe deve deixar a terra que lhe pertence pelo seu trabalho”. Essa é a política correta até os dias de hoje, mas que poucos em “Israel” defendem.

Depois, outro caso é citado: “sionistas norte-americanos compraram terras nas proximidades de Afulá. A aldeia árabe, composta de famílias camponesas pobres, seria despejada. Os comunistas se opuseram muito energicamente aos atos brutais dos sionistas e, acima de tudo, chamaram os trabalhadores judeus a não participarem dos despejos. Mas ainda havia heróis nacionais que aceitaram o trabalho de conquista. No final de novembro, quando as novas terras adquiridas foram aradas pela primeira vez pelos novos colonos, uma luta eclodiu entre estes e os camponeses árabes, resultando em um morto (do lado árabe) e muitos feridos em ambos os lados. A polícia interveio e os despejos dos árabes foram realizados”.

Diante da resistência que crescia entre os trabalhadores, o “Ahduth Haavodah [partido de Ben Gurion, o fundador de “Israel”] organizou bandos armados com porretes, que atacaram e espancaram trabalhadores comunistas nas ruas. Os comunistas foram impedidos de entrar nas salas de refresco dos trabalhadores. Membros da Ahduth Haavodah percorreram empregadores judeus que empregavam trabalhadores suspeitos de comunismo e pediram-lhes que demitissem imediatamente os ‘traidores’. Finalmente, a ajuda da polícia foi chamada, e a polícia patrulhou as ruas acompanhada por líderes da Ahduth Haavodah e prendeu comunistas com base em evidências fornecidas por estes últimos”.

A descrição continua: “em Telavive (perto de Joppa), 13 camaradas foram presos em um dia e terrivelmente maltratados na prisão: foram espancados e torturados pelos oficiais de polícia e foram forçados a deitar-se em porões úmidos junto com criminosos comuns; não lhes foi permitido sequer um cobertor. Alguns dias depois, ocorreu o julgamento dos presos diante de um juiz sionista, que resultou — embora fosse impossível trazer qualquer acusação contra eles além de agitar contra a brutalidade sionista — em sentenças de uma semana a um ano de prisão, bem como deportação. Ao mesmo tempo, os clubes dos trabalhadores foram fechados”.

O caso é interessante pois mostra como o sionista sempre foi um movimento com tendências fascistas. Ele era a força que, junto à polícia, atacava toda a população de palestinos e também os comunistas, que, naquele momento, eram em maioria de descendência europeia. Ben Gurion, que viria a ser o primeiro-ministro de “Israel”, supostamente um esquerdista, liderava este movimento de tipo fascista. Com o apoio do imperialismo esse roubo de terras seria cada vez maior até chegar no ápice que foi a catástrofe de 1948 quando 800 mil palestinos foram expulsos de suas terras.

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