O empenho em tentar destruir o The Grayzone é mais uma prova de que o imperialismo faz tudo para manter o monopólio da informação, deixando agir livremente apenas aquela imprensa que defende seus interesses.
O sítio do The Grayzone publicou uma matéria sob o título “Arquivos vazados expõem conspiração de alto nível do Reino Unido para destruir o The Grayzone” (em inglês). De cara, o artigo afirma que “em uma tentativa de ‘manter a Ucrânia lutando’, uma célula secreta de estrategistas militares britânicos e espiões conspirou para destruir ‘invasores da mídia’ que ameaçavam sua narrativa”.
O imperialismo britânico, o principal aliado dos Estados Unidos, está entre os principais fomentadores da Ucrânia nesta guerra por procuração da OTAN contra a Rússia. Seu serviço secreto está por trás de todo tipo de atentados e The Grayzone tem publicado uma série de artigos que desmascaram as atividades ilícitas dos britânicos, com isso, era de se esperar que tenha entrando na alça de mira do Reino Unido.
Segundo a matéria, documentos vazados revelaram a existência de uma conspiração da inteligência militar britânica para prolongar o conflito “a todo custo” na Ucrânia: o Projeto Alquimia. Uma célula secreta foi convocada pelo Ministério da Defesa Britânico e supervisionada por um tenente-coronel de alta patente chamado Charlie Stickland.
O The Grayzone revelou na primeira parte de uma série investigativa, ainda em andamento, que o Projeto Alquimia apresentou uma série de esquemas altamente agressivos, como ataques cibernéticos a “operações discretas”, e de terrorismo direto inspirados na conhecida Operação Gládio – organizada pela OTAN –, o exército “stay-behind” (ficar atrás) pan-europeu da CIA e do MI6 do período da Guerra Fria. Seu objetivo declarado era o de “manter a Ucrânia lutando” pelo maior tempo possível, não importando o custo.
Iniciada em 1949, a Operação Gládio tinha como objetivo principal criar redes clandestinas de resistência em países da Europa Ocidental, sob o pretexto de que poderiam sofrer uma invasão soviética.
Essas redes eram compostas por exércitos secretos, muitas vezes formados por anticomunistas e membros da extrema direita. Ao longo do tempo, essas operações degeneraram em atos de terrorismo, incluindo atentados em países europeus, dedicados a desacreditar partidos e organizações políticas que não apoiavam os Estados Unidos.
A operação foi revelada publicamente em 1990 pelo primeiro-ministro italiano Giulio Andreotti.
O Projeto Alquimia propôs uma blitz de propaganda agressiva, com o nome pomposo de “operações de informação”, com o intuito de manipulara opinião pública europeia, que seguramente se rebelaria com uma guerra prolongada e de custos econômicos muito elevados que penalizam exatamente os contribuintes. Por isso se preparou uma série de ataques ilegais a veículos de comunicação que se colocassem contra as ações da OTAN. Dentre os principais alvos da conspiração estava justamente o The Grayzone.
Vazamento
Por meio de arquivos vazados do Projeto Alquimia, descobriu-se que uma figura obscura de Londres, para atuar ao lado de Paul Mason, foi indicada para dirigir a guerra de informação. Amil Khan, um agente veterano de guerra psicológica, envolvido em operações para fomentar mudanças de regime na Síria e na Etiópia.
O envolvimento de Khan no Projeto Alquimia deixa claro que a cruzada contra o The Grayzone foi aprovado nos mais altos níveis do Estado e segurança nacional do Reino Unido.
Existem diversas maneiras que os serviços secretos podem utilizar contra o veículo de imprensa, como alegar que existem problemas legais, de que estariam violando a lei de imprensa no Reino Unido, Estados Unidos e União Europeia. Até mesmo fazendo uma campanha suja de que haveria financiamento estrangeiro, aporte secreto da Rússia, etc., o que obrigaria o fechamento do canal.
O imperialismo e a censura
Em tempos de guerra – ou de sua preparação, como esse em que estamos vivendo -, o imperialismo precisa calar quaisquer vozes que desmascarem suas ações. Como o que tem acontecido no conflito entre Rússia e Ucrânia, e também no genocídio praticado por “Israel” contra os palestinos.
Com o fluxo de vídeos e reportagens nas redes sociais, os crimes praticados pelos sionistas estão cada vez mais evidentes, o que põe por terra aquela peça de propaganda que durante décadas pintou o Estado sionista como uma frágil democracia cercada de bárbaros árabes por todos os lados.
No caso da Síria, onde o imperialismo financia grupos terroristas, o trabalho de limpar a biografia de figuras como a do mercenário al-Jolani fica prejudicada com as denúncias constantes da imprensa independente.
Não é à toa que pelo mundo existe uma onda de censura, como o banimento de jornais russos pela Europa, o impedimento de jovens de acessarem celulares e redes sociais, como é o caso da Austrália. No Brasil, em São Paulo, alunos serão impedidos de levar celulares para a escola sob o pretexto de que atrapalham as aulas.
O Supremo Tribunal Federal (STF) abriu uma guerra contra as “fake news” e contra o Marco Civil da Internet. Aparentemente, seria tudo para o nosso. No entanto, é um programa global do imperialismo que as instituições de inúmeros países apenas obedecem.
Mais do que nunca é necessário desmascarar e lutar contra o autoritarismo imperialista. Não podemos cair na conversa fiada de que a liberdade de expressão deve “obedecer limites”, pois os tais limites são sempre ditados pela burguesia e conforme os seus interesses.
Para lutar contra o imperialismo é fundamental a liberdade de expressão irrestrita, pois só assim se pode formar as consciências críticas e verdadeiramente revolucionárias.