Em resposta ao genocídio perpetrado pela entidade sionista, com o apoio irrestrito do imperialismo, principalmente norte-americano, britânico e alemão, e o bloqueio imposto à população civil de Gaza, o governo revolucionário iemenita, liderado pelos “partidários de Deus”, Ansar Alá, tem imposto no estreito de Bab-el-Mandeb um bloqueio a navios comerciais ligados aos “israelenses”. Desde então, diversos navios, tanto comerciais quanto militares, foram atacados na região, levando a atividade econômica no porto de Eilat, um dos três principais portos de “Israel”, a uma diminuição significativa.
Após buscar pressionar o governo revolucionário do Iêmen de maneira “diplomática”, e do anúncio da formação de uma força tarefa naval, que se pode considerar sobriamente um fracasso desde o minuto zero (particularmente levando-se em conta o pedido recente dos norte-americanos aos chineses para pressionarem pelo fim do bloqueio), caças norte-americanos e britânicos, estacionados no Oriente Médio, começaram uma campanha de bombardeios no mais pobre país de região.
O motivo seria que o bloqueio econômico imposto por Ansar Alá é “ilegal” do ponto de vista da lei internacional, como se o bombardeio de territórios iemenitas, aí inclusa a capital Saná, onde moram mais de dois milhões de pessoas, por exercer sua soberania pudesse ser justificado pela lei internacional. Para além do fato da lei internacional valer menos que um tostão furado, essa justificativa não tem cabimento legal. Mesmo deste ponto de vista, quem está a violar a lei internacional é o imperialismo e a entidade sionista.
Primeiramente, se há de se falar de bloqueio econômico “ilegal”, os primeiros na lista dos criminosos seriam justamente os norte-americanos. Podemos citar, por exemplo, o bloqueio imposto à Cuba há mais de sessenta anos ou o bloqueio econômico imposto pela administração democrata de Clinton ao Iraque, que levou à morte de meio milhão de crianças. Verdade seja dita, não faltam exemplos de bloqueios econômicos criminosos impostos pelo imperialismo.
Qual seria, então, o grande problema do bloqueio imposto em Bab-el-Mandeb? A sua eficácia. Os mísseis e drones iemenitas têm forçado navios ligados à entidade sionista a tomarem um caminho muito mais longo, contornando todo o continente africano, e com isso encarecendo de maneira significativa os fretes. Ademais, o tráfego na região de grandes monopólios imperialistas do transporte, como da Maersk, pararam por completo.
Importante dizer que as acusações de “pirataria” feitas pelos países imperialistas é infundada: os iemenitas apenas reagiram até o momento. Mesmo sendo de conhecimento público que muitas das armas que os fascistas “israelenses” utilizam para assassinar palestinos lhes são fornecidas pelo imperialismo, foi somente após os iemenitas terem seu território bombardeado pelos norte-americanos e britânicos que navios carregando a bandeira dos EUA e do Reino Unido se tornaram alvos na região do Mar Vermelho.
Do ponto de vista legal, é crucial notar também que a administração Joe Biden não pode passar por cima do Congresso para forçar os “israelenses” a permitirem a entrada de insumos médicos, alimentos e combustível em Gaza. No entanto, quando o assunto é bombardear aqueles que lutam contra o genocídio dos palestinos, não preciso pensar duas vezes.
Também do ponto de vista legal, não havia resolução alguma do Conselho de Segurança da ONU que permitisse aos norte-americanos e britânicos bombardearem o Iêmen. Não que isto seja levado em conta, vide a invasão do Iraque, ocasião em que o imperialismo praticamente destruiu o país, em 2003.
Faz-se desnecessário entrar nos meandros justificando que o que se passa em Gaza é genocídio, uma vez que este Diário, e sua cobertura ampla do que ali se passa, tem uma contribuição chave na imprensa brasileira em demonstrar tal fato. No entanto, tendo em vista que o Estado sionista está perpetrando um genocídio contra os palestinos, segundo o primeiro artigo da Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio de Paris de 1948, assinada tanto por “Israel” quanto pelo Iêmen, os signatários devem “prevenir e punir” os responsáveis por genocídio. Ou seja, o bloqueio, e a razão pela qual este foi imposto por Ansar Alá, estão em acordo com a lei internacional.
Portanto, o fato de o imperialismo e seus lacaios sionistas evocarem “lei internacional”, em particular contra aqueles que lutam diretamente pelo fim do genocídio dos palestinos em Gaza, é algo dotado de cinismo difícil de quantificar. Apesar disto, desmascarar os maiores inimigos dos povos do mundo é tarefa imprescindível.


